Fevereiro IV

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Na sexta-feira, o Carlos nos informou que tinha combinado com o Nasser de que faríamos os treinos do time no sábado à tarde, depois do almoço, já que em muitos deles teríamos provas e simulados na parte da manhã. Todo mundo chiou – poxa, sábado à tarde era de matar! A gente mal tinha fim de semana completo, ele ainda queria estragar o que tinha sobrado?!

Tá legal que a gente se divertia e que futebol não era uma obrigação nem nada, mas o Carlos (e o Nasser) às vezes entravam num regime militar que esgotava qualquer um. Infelizmente, eles é que mandavam, e tivemos que acatar a decisão. Por sorte, teríamos somente um fim de semana antes do feriado de carnaval, o que nos deixou animados.

– E o Sander vai treinar com vocês amanhã – o professor concluiu. O Carlos nem comentou, só desviou o olhar.

A gente vinha almoçando todo mundo junto, inclusive. Os gêmeos tinham incluído o Sander no nosso grupo de supetão mesmo; as meninas adoraram, mas ele ficava meio sem graça, dizendo que não era muito comum pra ele sair com elas em grupinhos assim. Nem almoçar fora do colégio – parece que a onda lá fora era comer na sala de aula mesmo, ou entre os intervalos ou na cantina.

Pelo que andavam falando, o gringo era meio que um nerd, prestava atenção nas aulas e fazia os deveres tudo direitinho. Ele contara que a escola era bem diferente da dele, lá nos States, e que ficara meio perdido no começo, mas estava se acostumando. Como ele disse, lá eles podiam escolher quais matérias cursar, pra já ir planejando a faculdade desde o primeiro ano do ensino médio, o que seria maravilhoso. Imagina se eu só pudesse ter aula de geografia, educação física e um pouquinho de história? Nada de português ou matemática! Um paraíso!

O Sander, por outro lado, tava tendo que estudar todas as matérias que ele não estudara nos últimos três anos, já que lá o ensino médio equivale a quatro anos e ele estaria no último, assim como entrou no último daqui. Fiquei até com dó quando ele disse que não entendia nada das aulas de português, porque era tudo muito avançado pra ele ainda.

Apesar de estar falando bem, ele não sabia nada de gramática.

– Ah, mas logo, logo você aprende! E pode achar alguém pra te ensinar mais rápido, né? – a Natália vivia dando essas indiretas, mas não sei se ele pescava não.

Como não respondia nada, ela insistia.

– Aliás, o que achou das mulheres brasileiras? Todo mundo lá fora fala super bem da gente, né?

O Rafael tava ficando com uma menina da sala dele, Ana não sei das quantas, e o Gabriel vinha conversando com a Isadora o tempo todo, desde o ano novo. Soube que eles tinham ficado, deixando a Nat lá, sozinha, coitada, já que a Camila vez ou outra debandava com o Diego na hora do almoço...

Ela tinha que chamar atenção de qualquer jeito.

– Legais – foi o que o Sander respondeu e a Natália ficou piscando pra ver se ele não tava zoando, mas não. Ele tinha realmente dito que as mulheres eram legais.

Eu engasguei com o refrigerante e o Joel riu comigo, consolando a Nat em seguida:

– Ô, Natzinha, se precisar de um ombro pra chorar o meu tá aqui, viu? E o resto do corpinho também!

Ela fez uma careta pra ele e bufou.

– Dá pra perceber que seu corpo tá aí, né. Deve ser visível até da lua...

Ele não se abalou e continuou rindo, implicando com ela.

Olhei pro Sander e ele tava meio confuso com a discussão dos dois. Como estávamos separados por duas cadeiras (a do Joel e da Natália), peguei meu celular e digitei uma mensagem pra ele.

Aprendendo a Gostar de Mim {Aprendendo II}Where stories live. Discover now