Agosto VI

229 41 10
                                    

De volta ao hotel, percebi que havia deixado meu celular no quarto, jogado na cama mesmo, quase sem bateria. Quando conectei no carregador, a tela acesa me mostrou que eu havia recebido uma ligação. Do Rogério.

Meu irmão nunca me ligava, aquilo era muito estranho. Tentei retornar, mas o celular dele estava desligado ou fora de área. Deixei umas mensagens no WhatsApp e tudo, mas nem sei quando ele as leria. Ele tinha ficado online mais de sete horas antes, então... E não tinha nada dele por lá, só essa única ligação esquisita.

Será que tinha acontecido algo em casa? Cogitei em ligar pra minha mãe, mas sinceramente não queria falar com ela. Pensando melhor, se fosse algo tão mais grave, a ligação não viria do meu irmão. E não seria só uma, com toda certeza do mundo.

Nasser bateu na porta do quarto cinco minutos depois, interrompendo meus pensamentos e nos apressando a descer com as malas para a recepção. Íamos colocar o pé na estrada de novo, o terceiro jogo aconteceria no dia seguinte, e isso tudo me distraiu tão rápido que quase esqueci o celular de vez no hotel.

O jogo da terça foi mais do mesmo – a diferença é que estávamos numa cidade que já conhecíamos de um campeonato passado. Um dos titulares do outro time ainda era o mesmo e mantinha uma certa rivalidade com o Carlos, então o resultado foi um pouco mais equilibrado: ganhamos de 1 a 0 só.

Depois do jogo, esse cara, o Misael, convocou todo mundo pra ir num boteco lá de um parente dele que ia descolar álcool de graça pra galera. E, depois, mais a noite, íamos pra uma boate na saída da cidade, num carro emprestado de um tal primo dele.

– Tenho que ver quantos vão, porque na pick-up não cabe todo mundo, daí vou ter que fazer duas viagens. – ele comentou e começou a organizar uma lista de presença.

O Nasser tinha saído com o motorista pra não sei onde, então os esquemas estavam rolando solto mesmo. O primeiro nome que colocaram foi o do Sander, óbvio, seguido dos gêmeos. Não sei como as coisas acabaram do jeito que acabaram, mas enfiaram meu nome lá também, e o do Daniel, e o de todo mundo, no fim das contas.

Também não sei como, mas ficamos bebendo a tarde toda no tal boteco com o Misael e os amigos dele. Voltei pro hotel até trocando as pernas, engasgando com minha própria risada. Daniel e Sander tinham bebido menos, só dado uns goles, na verdade, então ambos cuidaram pra que eu chegasse inteiro no quarto. Lá, completamente alterado, eu puxei o gringo para tomar banho comigo, molhamos o banheiro inteiro tentando tirar as roupas no meio do caminho, e acabamos nos enfiando debaixo do chuveiro de tênis e roupa.

Ele também estava bem alegrinho, diga-se de passagem, mas se recompôs quando o Daniel – o mais sóbrio de nós três – entrou no banheiro e deu uma bronca por termos nos enfiado debaixo d'água com roupa e tudo.

– Amanhã vocês vão andar de tênis molhado! – ele brigou, mas acabou caindo na gargalhada com a nossa bobagem, enquanto tentava tirar meu tênis do pé.

Eu não tava interessado no tênis, tava querendo era beijar o Sander até arrancar os lábios dele com os meus – juro que isso estava quase acontecendo, já que as risadas tinham diminuído e o barulho da água caindo sobre nós dois me embalou na investida, sabe?

Só que aí meu corpo começou a reagir, se é que me entende. A reagir muito. Eu não tinha notado que o Daniel ainda estava ali quando ouvi a voz dele se dirigir ao Sander entre um beijo e outro:

– Fechem a torneira. – e ele saiu de dentro do box que até então compartilhava com a gente, carregando os tênis molhados. E depois gritou: – E tranquem essa porta porque eu vou dar um cochilo e não quero ninguém invadindo o quarto e encontrando vocês transando no chão do banheiro!

Senti os lábios do Sander se escorregando num sorriso tímido antes de voltarmos a nos amassar um no outro e nos azulejos molhados. Que sensação maravilhosa era tê-lo daquele jeito comigo, ainda mais agora que estávamos quase totalmente sem roupa e sem constrangimentos por causa das doses de álcool no sangue!

– Renan... – ele sussurrou perto da minha orelha, mordendo meu lóbulo e me arrancando arrepios. Milhões de imagens começaram a pipocar na minha mente enevoada e eu só me foquei na que era mais nítida: o rosto dele perto do meu, o corpo nu na minha cama, no meu quarto, semanas antes...

Então, de repente, meu estômago deu uma cambalhota violenta e me virei para o outro lado, sentindo minhas entranhas saindo pela boca.

Pronto. O clima estava completamente arruinado. Completamente.

Sander não terminou de falar, nós não terminamos de fazer nada. Quando dei por mim, ele estava penteando meu cabelo com os dedos para trás, para me deixar respirar melhor, me entregando uma garrafinha de hidrotônico e um comprimido.

Fazia tempo que eu não bebia, a reação era mais ou menos esperada. Só não achei que estragaria tudo de vez e que sofreria efeitos colaterais tão fortes, do tipo que, quando saímos do banheiro, depois de ter vomitado até meus órgãos vitais, eu caí na cama e apaguei. Isso mesmo, eu praticamente desmaiei.

Não sei o que houve, ou o que não houve. Quando acordei, era quase manhã, a cortina sobre a janela deixava passar uns finos raios de sol. Sander e Daniel estavam cada um em uma cama, dormindo, aparentemente  me dando espaço para sofrer a ressaca sozinho. Fazia eles muito bem, porque até eu tive certo nojo de mim ao ver meu travesseiro babado e o cheiro de coisa estragada que estava meu bafo.

Tomei um banho caprichado pra ver se algo do que eu sentia passava, mas não adiantou muito. Quando voltei, os dois, já acordados, me olhavam preocupados.

– Vocês saíram ontem? – perguntei, sentindo minha língua áspera e seca. Eles se entreolharam e as covinhas nas bochechas do Sander ficaram visíveis.

– Não. Tivemos uma boa desculpa pra ficar.

Naquele momento, entretanto, a satisfação delesnão compensava minha inabilidade em lidar com álcool. Pra completar, meu tênis aindaestava úmido, e é lógico que o Daniel riu da minha cara por isso.

-----------

Gostou? Comenta e vota pra eu saber :)

Respondo todo mundo!

CHEGAMOS ÀS DEZ MIL LEITURAS!

Apesar do meu sumiço, das atualizações escassas, agradeço de coração todo mundo que vem ler a história do Renan! Obrigada!! E aqui vai um rabisco (literalmente) que fiz pensando no Halloween - Renan vampirinho, óbvio, e Sander bruxo-nerd <33

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.

Apesar do meu sumiço, das atualizações escassas, agradeço de coração todo mundo que vem ler a história do Renan! Obrigada!! E aqui vai um rabisco (literalmente) que fiz pensando no Halloween - Renan vampirinho, óbvio, e Sander bruxo-nerd <33

Tem muito o que acontecer ainda na vida desses meninos até chegar dezembro! Prometo que vai valer a pena, então espero que continuem comigo nessa jornada ;)

Aprendendo a Gostar de Mim {Aprendendo II}Where stories live. Discover now