Abril I

381 43 11
                                    

Com Abril no calendário, a maioria de nós só pensava numa coisa: Semana Santa. Tudo bem que teríamos só a sexta-feira de efetivo feriado, mas já era alguma coisa. E teria a Páscoa. Como fã de doce, esse domingo não me passava despercebido!

Porém, contudo, todavia, entretanto... Por incrível que pareça, não era isso que ocupava a maior parte dos meus pensamentos.

Depois de estudar na casa do Sander, passei a ter uma espécie de missão no meu dia a dia. Comecei falando com as meninas mesmo, sem qualquer problema, de boa. Aproveitei que durante a educação física a Nat e a Isa estavam conversando com o Dani e o Caíque sobre namoro e essas coisas, e me enfiei no assunto.

– Mas tá na cara que ele tá apaixonado – a Nat dizia – É até... Sei lá, totalmente esquisito! Quero dizer, vocês imaginavam isso antes?! Eu não!

Um minuto a mais de conversa e reparei que o protagonista do assunto era o namorado do Luiz.

– Ué, mas como você tem certeza assim? – perguntei. – Como você sabe que um cara tá apaixonado? Assim, no geral, não tô falando exatamente do tal William...

A Natália revirou os olhos, impaciente, como se fosse a coisa mais retardada do mundo a se perguntar.

– Oras, porque é óbvio! A gente percebe essas coisas – insisti no "como" e ela continuou, enumerando no dedo. – Ah, se ele te olha com aquele jeito de derreter, se ele te faz um agrado sem motivo algum... Você sabe, quando vocês, homens, querem alguma coisa, não ficam parados. Compram presente, convidam pra sair, telefonam, mandam mensagem, perguntam e fazem questão de prestar atenção em tudo o que a gente faz! Uma hora você ou percebe ou finge que não percebeu!

Ela e a Isadora trocaram um olhar e suspiraram em seguida. O Daniel sorriu, balançando a cabeça.

– É, mas nem todo mundo é assim – o Caíque completou. – Pega o Carlos e sua irmã, por exemplo. Todo mundo sabe que rola alguma coisa, mas nenhum dos dois faz nada disso que você falou...

– Esse é um caso diferente – ela discutiu, fechando a expressão. – Mas, no geral, acho que as pessoas envolvidas são as últimas a perceber. A gente que tá de fora é que consegue enxergar mais facilmente...

– Verdade – foi a única palavra que o Dani soltou sobre o assunto.

Quando saímos da educação física naquela terça-feira, chequei meu celular e constatei que tinha uma mensagem não lida.

Sander: Você conseguiu estudar algo desde sábado?

Renan: Ainda não, vou pegar hoje.

Sander: Estou aqui caso precise, ok?


Na quarta-feira, ao subir as escadas de manhã, dei de cara com o gringo. Ele vinha descendo pra ir na secretaria, algo assim, e a primeira coisa que fez ao me ver foi perguntar se eu estava bem, se tinha estudado, e enfatizou que queria que eu tirasse minhas dúvidas com ele. Ele parecia realmente preocupado comigo.


Na hora do almoço do mesmo dia, o Sander não foi conosco, então eu acabei descendo até em casa mesmo, aproveitar que tinha sorvete de limão no congelador pra refrescar. O calor estava insuportável, apesar de ter caído uma chuvinha no domingo de tarde. Me peguei imaginando como ele se sentia naquela estufa, já que nos EUA não devia fazer tanto calor assim...

Ao voltar pro colégio, como se atraído pelo meu pensamento, nós nos encontramos na escada novamente. Sander vinha do shopping; parece que tinha ido almoçar com os pais também. Nos braços, meio desajeitado e entre a mochila, o intercambista trazia um pacote de pão de mel.

Aprendendo a Gostar de Mim {Aprendendo II}Where stories live. Discover now