cap. 24

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Maratona 2/5

Tô trancada dentro do meu quarto porque infelizmente na hora que os policiais iam sair da casa da vizinha os meninos apareceram dando tiro pra cima deles. Eu me encontro desesperada, tento uma crise de ansiedade ouvindo eles gritando.

De um lado os meninos gritando que policia vai morrer, a polícia desesperada batendo na porta e por um momento eu ouvi a voz do Pedro, me causando mais desespero maior ainda. Peguei meu celular e comecei a ligar pro Hugo, pro Brenno e ninguém me atendia, eu não podia ligar para meus avós que ja são de idade e devem estar desesperados. Ajoelhei perdida, com medo do que podia acontecer. Minha última opção era o Marreta, mas já não tinha mais jeito.

Entrei na conversa dele, e apertei para ligar, chamou até cair.

Lorena: Jesus, pelo amor de Deus, não deixe que nada de ruim aconteça meu Deus.. tire esses homens daqui. - me deu uma crise de choro, catei a garrafinha de água que sempre deixo no quarto, peguei um remédio pra minha crise e tomei, deitei no chão do lado da cama, pegando meu celular ligando de novo pro Marreta, que no 4 toque atende.

Marreta: Lorena eu tô no meio de uma operação, não posso falar no celular..

Lorena: eles tão aqui... eles estão aqui, aqui no quintal eu tô ouvindo -comecei a chorar, abafando meu choro pra ninguém ouvir.

Marreta: eles quem Lorena, quem tá aí?

Lorena: os policiais eles pularam aqui em casa.. me ajuda, ele tá aqui.. eu tô escutando a voz dele.. me ajuda pelo amor de Deus - ouvindo um estrondo lá em baixo, meu Deus, tomara que não tenham conseguido entrar.

Marreta: puta que pariu, caralho, estamos indo para aí, fica no seu quarto e não sai por nada, trança a porta e qualquer coisa entra de baixo da cama.

Lorena: me ajuda pelo amor de Deus, me ajuda... tira eles daqui - chorei baixinho, sussurrando no celular pra ele.

Marreta: eu vou tirar eles daí, escuta o que tô te falando..

Ele desligou o celular, eu preferi me esconder de baixo da cama, será que essa operação é comandada pelo Pedro e meu Pai? Tantas perguntas começaram a aparecer na minha mente, me causando dúvidas... minha casa eles não sabem, se não iam ter certeza que eu estaria aqui já tinham aberto a porta a muito tempo. Senti meu celular vibrar em cima de mim. Abri a mensagem.

Marreta 🦎:
estamos na laje dos vizinhos
eles estão na sua varanda de trás, vou mandar tiro daqui pra eles tentarem sair pela frente..
Fica tranquila que sou eu que tô aqui

Lorena: como que posso ficar tranquila?
eu tô desesperada marreta
Pelo amor de Deus

Ele não me respondeu e pude contar 5 minutos e começou a chover bala pra cá, eu conseguia sentir o desespero deles gritando

XX: Fudeu, vamos sair daqui mano a gente vai morrer..

XX: a gente tá encurralado mano, EU VOU MORRER ME TIRA DAQUI

XX:  a gente não vai pegar nada e nem ninguém porra, estamos aqui de bucha só pra morrer..

XX: corre, aborta a missão, aborta a missão

XX: SD Pedro baleado na perna, abortando missão

Ouvi barulho no meu portão, tudo ficou completamente silêncio, já se passavam das 17h da tarde, daqui a pouco anoitece e eles estão andando por aí, hoje eu pude entender o outro lado da moeda, a realidade de quem tá aqui é diferente, eles tocam o terror mesmo, eles aterrorizam todo mundo mesmo. É muita humilhação.

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