Cap. 71

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Filhote, Gabriel - 17 anos

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Filhote, Gabriel - 17 anos...



Minha vida nunca foi fácil desde menó a rua me adotou, saia todo dia pra ir à escola e depois passava a tarde inteira vendendo bala, jujuba, o que a mulher que me botou no mundo jogava nos meus peitos eu tinha que vender se não a porrada cantava, me tacava castigo e me deixava sem comer. Dificuldade? Só quem passava era eu, ela e o marido comia do bom e do melhor, o fudido ali era só eu mesmo..

Até que um dia o homem enjoou da minha cara e falou pra ela que se eu continuasse morando ali ele ia embora, ela não pensou duas vezes antes de me mandar pra minha vó, ja tá com 12 anos, já nao aceitava mais as paradas que eles faziam comigo, dava meus pulos pra conseguir minhas coisas tá ligado? E isso mexeu com o ego daquele filho da puta que queria que eu ficasse à mercê deles a vida inteira, mas o ódio que carregava dentro de mim já tinha plantado a semente na minha mente, várias vezes pensei em eu mesmo matar eles, dar facada ou até mesmo jogar veneno nos bagulho deles, mas sempre fui medroso po, no fundo ainda tinha esperança deles me aceitarem e principalmente minha mãe me dar um pouco de amor..

Enfim, depois que me mandou pra minha vó tudo mudou tá ligado? Passei a receber um amor que nunca senti na vida, várias vezes chegava a perguntar minha vó se eu iria precisar trabalhar na rua pra poder comer e minha vó negava, até se culpava pelas coisas que eu passei que sempre perguntava por mim e os caralho, a culpa nunca foi da minha coroa, minha mãe saiu do cpx e foi lá pro cu de caxias pra viver de pau. Quando fiz 15 pra 16 minha vó ficou doente, a única renda que a gente tinha vinha dela que ralava demais nas casas da madame, fazia questão de eu estudar e eu estudava pra caralho pra dar orgulho a ela po, fazia ensino médio técnico em administração nesses bagulho de firjan. Só que minha vida era pra ser desgraçada mesmo po, minha vó ficou doente, câncer, meu mundo desabou médico deu esperanças mas ao passar das consultas, das químio o médico falou que já não tinha mais jeito, o câncer já tinha dominado o corpo todo dela.

Um tiro doeria menos, passei noites em claro chorando e fazendo tudo que minha vó pedia, ajudava a tomar banho, a comer, lavava roupa, louça, até ver as novelas chatas com ela eu via tá ligado? Até que um dia ela passou mal e eu levei pro hospital, já tinha perdido as esperanças dela voltar, eu sabia que ali era o fim dela, porque todos os dias quando ela ia dormir eu ouvia ela dizendo que não aguentava mais tanto sofrimento, ali ela descansou mas ali indicou meu inferno, fui até o fundo do poço me vi perdido, sem saída, passei um mês sem sair de casa chorava todos os dias, não tinha ninguém pra me ajudar a sair da merda e aqueles pensamentos de revolta de menó voltaram e foi aonde tomei decisão de entrar pra boca, 16 anos tinha nada a perder mesmo, fui lá pedi pra formar e Rato que me puxou tá ligado? Chefe não tava por aqui sempre, fiquei de aviaozinho e fogueteiro por um bom tempo po, quando comecei a portar uma pistola foi só felicidades me sentia pra caralho e o Laranjinha sempre me dava trava, bandido emocionado roda cedo e te falar, roda mesmo vários menó que entrou comigo, deixou isso subir pra cabeça e agora tá lá deitado no colo do capiroto, po.. quando chefe brotou pra ficar e me viu já chegou me dando um pescoção queria saber porque eu tão novo tava ali, fiquei boladao só tava querendo ganhar o meu, logo ele me botou pra segurança da casa da tia Izabel, é suave ficar ali mas quando tu vê teus parceiro tudo traficando sério, na pista, na guerra tu fica meio cabreiro po, ganho mal não tá ligado, mas a adrenalina da vida errada eu não tinha.. mas Marreta sempre que me via dava papo de futuro, começou me tratar diferente do que os outros, me abraçou legal mesmo é a consideração que eu tinha por ele como chefe foi mudando, um dia eu doidão no baile chorei pra caralho com saudade da minha vó e ele tava ali me ouvindo, me tirou dali cuidou de mim e depois me deu um papo cabeça mesmo, dali em diante eu passei a ver ele como pai tá ligado? As vezes me cobra mais que qualquer um, mas no fundo eu sei que é pro meu bem.

Ai ele me colocou como segurança da Lorena, mal cheguei os cara já veio mandando eu cortar intimidade porque ninguém poderia ficar muito pá com ela, logo eu? do nada ela começou me pedindo favor, dando brecha virou uma amiga mas Lorena é muito mais coração que o Marreta po, jeito dela conquista cada um e me conquistou, ela briga comigo, me arrasa mas quando tô fudido ela me abraça, diz que vai ficar tudo bem e te falar me lembra muito minha vó o jeito que ela ver o mundo, tá ligado? Pra Lorena o que não tem jeito é só a morte mas de resto a gente da um jeitinho, quando eu bolo com o mano porque quero seguir a risca nessa vida, ela me da trava, da vários papo... e te falar: vou abraçar, não tem ninguém no mundo por mim a não ser esses dois.

(...)

Terça-feira 10h da manhã peguei minha moto, apertei um fino e dei um pião pela favela antes de brotar na boca, antigamente ninguém jogava, agora onde eu posso as piranha rende, eu gosto muito não nego... qualquer mole que elas tão me dando é pau e água, nada além disso. Parei a moto na boca, botei no descanso e desci, apertei a mão dos mlk que tava ali e fui entrando no beco pra sair na sala do Marreta, tava dando passo de formiguinha jogando fumaça pro ar.

xx: esse menó tá se achando pra crlh

xx: nada a ver po, filhote é menó bom.. só deu a sorte que vários queria.

xx: baba o meu que tá seco mt porra, cara mó baba ovo do marreta pra ganhar moral, coisa de pela saco po - fechei logo a cara e fui entrando na sala vendo Rato, Marreta e Laranja conversando, pedi licença.

Marreta: tá fazendo o que aqui?

Filhote: queria ficar com vocês hoje, já que Lorena me dispensou disse que não vai sair de casa hoje.

Laranjinha: fica plantado lá na rua po, olhando a rua que nem os outros cara

Filhote: fica você po de manhã maior solzão já, vai lá tu

Marreta: se ela te dispensou fica em casa ué, quer ficar enfurnado em boca de fumo

Filhote: nem fiquei cheguei já entrando - sentei no sofá do lado do Laranjinha, tirei o boné passando a mão pelo rosto, sou bom pra caralho, gasto geral mesmo e nego que anda comigo, aperta minha mão falando mal de mim, tô legal de amizade mesmo.

Eles voltaram a conversar sobre uma suposta invasão que tava pra acontecer, fiquei quieto só prestando atenção sem dar palpite em nada, nem fazia ideia que o morro tava sendo ameaçado acho que só eles sabem mesmo porque tá geral tranquilão mesmo... celular do Marreta tocou, ele ficou falando lá e depois disse que ia me mandar pra lá, arqueei as sobrancelhas cruzando os braços.

Filhote: já saí falando que eu vou, nem me consulta nada.. - falei brincando e ele riu negando com a cabeça, sabe que faço mesmo ainda mais pra Lorena.

Marreta: tu é pago pra isso filho da puta. - joguei cabeça pra trás fingindo indignação, levantei..

Filhote: da o papo

Marreta: minha mãe vai pro Guanabara fazer compra e chamou Lorena, vai junto.

Filhote: empresta carro aí na moral, sabe que o pai é piloto de fuga. - ele ficou me olhando um tempo, Rato encarou ele pensativo.

Marreta: chave tá na casa da Lorena, quero meu carro intacto se não tu tá fodido - Andei até ele, segurei a cabeça dele e dei um beijo na bochecha, saindo em seguida.

Marreta: tu vai ver seu viado, vou te pegar depois - sai de lá rindo alto, passei na frente dos menó, balancei a cabeça só pro mt e encarei o resto, tão fudido na minha mão...

Boa noite meus bebessss, um capítulo pra vocês conhecerem um pouco do Filhote já que vocês tão igual dona Ivone, desconfiada do nosso menino..
meta: 30 comentários
Meta baixa pra vocês baterem hoje e eu postar mais um!!
Beijos bbs 💕🥰

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