Cap. 91

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Lorena narrando...

Sábado de manhã, o dia amanheceu chovendo, céu nublado, vento forte batendo na janela, abro os olhos procurando Brayan mas na cama ele já não estava mais, me espreguicei levantando puxo o celular vendo que vai dar 7h da manhã, não sei porque acordei tão cedo.. senti meu corpo se arrepiando com o vento que entrou, olhei pra varanda e ele tava ali, fui andando até a mesma, ele tava quieto com um baseado na mão olhando pra rua, só se ouvia o barulho de chuva caindo.. cheguei mais perto agachei na frente dele, que jogou sua atenção pra mim. Observei o rosto dele, abatido, as lágrimas rolando, meu coração gelou por dentro, eu não precisei falar nada, sentei em uma perna dele e o abracei..

Não sei por quanto tempo ficamos ali, mas pela primeira vez na vida eu vi o Brayan desabar, chorar mesmo, algo que ele tava guardando a muito tempo, mas não era esses choros desesperado sabe? Não, era o choro silencioso, ele não falava nada, ele não gritava, ele não esboçava nenhum tipo de reação mas algo dentro de mim sente o quanto ele ta sofrendo, o quanto tá doendo. Ele me abraçava com força querendo arrancar a dor dele, mas é impossível, eu sei como é querer gritar, sumir, fazer mil coisas mas não dá, a gente trava, só quem já perdeu alguém que amava de verdade sabe a dor e a ferida que abre dentro da gente. Depois de tanto tempo assim eu precisava reagir, fazer algo pra ele comer, ir no banheiro.

Lorena: amor, tô apertada pra fazer xixi.. deixa eu ir no banheiro? - ele concordou me olhando, limpei as lágrimas dele.

Brayan: tá vida.. -  foram as únicas palavras que ele disse, levantei e fui direto no banheiro, fiz xixi e escovei os dentes, prendi o cabelo em um coque alto e desci indo fazer café, fiz misto quente pra nós dois cortei umas frutas em quanto o café passava, joguei granola na fruta e peguei tudo subindo, quando entrei no quarto ele continuava no mesmo lugar, mas agora estava falando no celular com alguém.. passei pela porta da varanda em silêncio, sentei na frente dele botando a bandeja na mesa de vidro que tinha ali e fiquei esperando ele terminar.

Brayan: po amor, não precisava.. - ele falou puxando minha cadeira pro lado dele. Dei um sorriso.

Lorena: você precisa comer e eu não vejo mal algum nisso, amor. - respondi vendo ele dar um sorriso de lado,

Brayan: você também, tem que alimentar meu filhote que tá aí dentro, acha que eu esqueci? - neguei, não achei que ele esqueceu mas é tanta coisa acontecendo que eu evitei em falar, não é o momento sabe? Então..

Lorena: ele tá aqui, tá quietinho hoje, tá sentindo que o pai não tá bem.. - ele mordeu misto quente, me entregando o meu..

Brayan: papai tá aqui filho, por você e seus irmãos eu fico bem rápido.. - ele botou a mão na minha barriga e o Lorenzo chutou, nunca tinha chutado.

Lorena: amor, você sentiu isso? - arregalei os olhos botando a mão na barriga.

Brayan: senti po, meu mlk chutou mané - ele levantou minha blusa beijando, fazendo carinho, Lorenzo chutou mais uma vez, enxuguei minhas lágrimas, parece que tô nas nuvens, tão bom sentir meu filho.. terminamos de tomar café da manhã e ele foi logo tomar banho, 10h começa o funeral do CL e ele quer ser o primeiro a chegar.

Me arrumei toda, coloquei uma calça jeans preta, uma blusa preta e uma jaqueta impermeável preta, coloquei um óculos na cara e soltei meu cabelo, botei um tênis da adidas, peguei um gloss pra usar, minha boca nessa gravidez tá mais ressecada do que o normal, as vezes chega a sangrar, tenho que toda hora passar hidratante labial pra vê se ameniza.. passei o perfume e saí indo pra sala, esperar o mesmo, aproveitei deixei os remédios dele separado, bebi o meu de enjoo e ferro, ouvi o portão batendo e não demorou muito a voz do Gabriel invadiu a sala.. botei a cara pra fora da cozinha e ele veio até a mim.

Ultrapassando Limites.Where stories live. Discover now