1.Cidade Cinza

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 Existem algumas formas de descrever uma cidade: ela pode ser grande ou pequena, feia ou bonita, suja ou limpa

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Existem algumas formas de descrever uma cidade: ela pode ser grande ou pequena, feia ou bonita, suja ou limpa. Seus moradores podem trabalhar perto de casa ou em outra cidade — envolvidos em uma relação pendular que levam ônibus, metrôs e carros todos os dias de um lado a outro deixando uma cidade semi-vazia, enquanto outra pulsa as relações de trabalho que estabelecem algum sentido à vida.

Do ponto de vista de profissionais podemos dizer que para um arquiteto e urbanista as cidades são, em diversos casos, caóticas. São cheias de ruas tortuosas e tráfegos intensos que priorizam uma forma de transporte cada vez mais ultrapassada. Ora, como essas pessoas que não sabem o que é uma planta baixa podem construir casas, ruas e praças sem nos consultar, questionaria um arquiteto mais rabugento.

Um engenheiro, de alguma empreiteira não muito honesta, diria que a cidade precisa de mais prédios de sessenta andares com três vagas de garagem para cada apartamento e a localização, é claro, deve ser próxima ao centro. Já um engenheiro mais idealista apontaria que falta empregos na construção civil. Um advogado olharia a massa de trabalhadores cansados em coletivos e exclamaria: Lá se vão diversos clientes. E por fim, os políticos ao olharem para as cidades podem concluir que precisam de um carro novo, uma casa nova, uma família nova e acabam aumentando os próprios salários.

Mas talvez a forma mais adequada de descrever uma cidade ainda sejam as cores. Sua cidade pode ser verde com belas árvores, pastos e grandes praças — aquele tipo de lugar que você fecha os olhos em um sábado de manhã, e enquanto respira fundo, pode sentir o ar limpo penetrar os pulmões, e pensa: Hoje eu vou fazer uma caminhada de 8 km.

Ou então, sua cidade pode ser amarela, aquela cidade sem graça e sem vida que as pessoas parecem visitar rapidamente enquanto viajam para uma cidade verde, onde você come alguma coisa em um restaurante de beira de estrada — mesmo com seu estômago alertando que seria uma péssima ideia.

Seguindo a linha das cores o tipo de cidade que, com certeza, as pessoas se identificam imediatamente são as cidades cinzas. Fácil de identificar elas possuem todos os elementos das grandes cidades: praças desconfortáveis, praças confortáveis, templos religiosos, monumentos arquitetônicos, talvez uma lagoa — que as pessoas não usam para nadar, mas gostam de olhar e contornar correndo ou andando de bicicleta. Essas cidades possuem um trânsito infernal, ciclistas ingênuos, motoqueiros distraídos, e é claro, os prédios altos com carros estacionados em todas as vagas possíveis.

A cidade dessa história é sem sombra de dúvidas uma Cidade Cinza, o tipo de lugar que coisas extraordinárias acontecem todos os dias, mas que ninguém fica sabendo, afinal é mais importante noticiar os tons vermelhos com cheiro de morte que alguns moradores, ora ou outra, vão experimentar em suas vidas. Mas o extraordinário continua bem ali ainda que escondido.

Nesta cidade controversa, um homem pode usar um altar para ensinar a odiar, e um garoto de rua — do tipo maltrapilho e faminto — pode ensinar sobre amor, Deus e talvez responder alguma daquelas perguntas que assombram a cabeça das pessoas desde um tempo em que não existiam cidades.

O local da nossa história tem um nome. É um planeta, continente, país, estado, cidade, enfim. Mas será chamado apenas de "Cidade Cinza" — para fins de identificação geral o leitor pode imaginar que é sua cidade ou de um conhecido, o importante não é a exata localização mas o que tem assombrado os moradores.

Todos os dias a tristeza, a raiva e a indiferença crescem nesse local. Todos os sonhos desaparecem devagar e a violência desenfreada transforma a criatura mais doce que se pode imaginar num ser amargo. Um rapaz que perdeu tudo e deixou de acreditar na vida mora na Cidade Cinza desde que nasceu. Sua história seria apenas mais uma entre milhões —, exceto pelo fato de que sua vida cruzaria diretamente com a de uma pessoa que não tinha nada de cinza em sua alma.

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Capítulo sobre a cidade do livro, espero que essa pequena ideia sobre a cidade de nossa história tenha ajudado o leitor a interagir com este universo, a Cidade Cinza é tão importante para o desenrolar da trama quanto os personagens centrais.

Em todo o caso o wattpad conta com a função de inserir imagens que é de grande ajuda na hora de dar vida à descrição de cenários, tentarei usar da melhor forma possível. Eu prometo!

Obrigado e excelente leitura!

Ômega - O Guardião Santo (Fantasia/Suspense/Sobrenatural)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora