17.Ômega Parte I

7.5K 185 96
                                    

 A madrugada avançava noite a dentro, a Lua por um momento tomava tons avermelhados e as nuvens eram de um tom cinza, como restos de cigarro em um copo de uísque vazio

Ops! Esta imagem não segue as nossas directrizes de conteúdo. Para continuares a publicar, por favor, remova-a ou carrega uma imagem diferente.

A madrugada avançava noite a dentro, a Lua por um momento tomava tons avermelhados e as nuvens eram de um tom cinza, como restos de cigarro em um copo de uísque vazio. Quase não se notava estrelas no céu e as poucas que se podiam ver eram tristes e sem brilho. O mundo naquela noite parecia estranho, as regras pareciam mudar e a partir daquele momento o velho jogo entre criaturas noturnas e pessoas da Cidade Cinza se tornaria voraz.

Aghi sabia disso, as regras eram outras. Agora essas malditas criaturas matavam pessoas no meio da rua, no caso uma pessoa morreu pelo simples fato de tentar protegê-lo. Mesmo que escapasse agora teria de conviver com isso para sempre. Sentiu o medo de que aquela criatura matasse a família de Miguel. Lá estava o corpo, daquele que ele mal pôde conhecer, um rapaz as vezes confuso mas com um enorme senso de justiça, aparentemente.

— Isso é tudo culpa minha, Miguel! Eu não sabia que essa coisa estava lá.

— Eu... Fome....Sangue. —Brandia a criatura.

A criatura salivava espreitando o corpo de Miguel, porém ela sabia que o banquete não poderia ser desfrutado agora. Se tentasse devorar o corpo dele agora, o garoto correria para longe. Precisava preparar o prato principal antes de devorar a sobremesa. Aghi estava com tanto medo e conflito que exalava um cheiro de vítima, era o que a criatura desejava, uma morte simples para o garoto e um banquete rápido antes que a noite sucumbisse ao raiar do dia. Varou a mente do garoto com outra de suas mensagens:

Você sabe que foi culpa sua, certo? Você matou esse rapaz! — Lá estava a voz estridente rasgando a consciência de Aghi.

— Eu odeio você! Eu te odeio! — Aghi gritava, com um olhar de ódio, o medo simplesmente deu lugar a um sentimento que não era de sua natureza, o ódio.

Raiva é melhor que medo. Me odeie, mas odeie com todas as suas forças minha criança. Seu ódio vai fazer você ter o mesmo destino dele. — Zombava a criatura.

Aghi sabia que os Carniçais, esses ladrões comedores de carne e alma, brincavam sempre com a mente de pessoas confusas. Foi assim com o Sr. Todorov, homem gentil e bondoso, que um dia se transformara em alguém violento, uma marionete nas mãos de duas criaturas similares a este Carniçal. A forma delas era humana, mas o cheiro de morte e esse gosto de sangue preso na garganta quando elas se aproximavam era o mesmo. O poder da espécie que corrompera a alma do pobre senhor não estava nas presas, estava na língua. Atiçaram os piores desejos, os mais proibidos, que assolam o coração de homens e mulheres. Esses desejos ainda não podiam ser compreendidos pelo jovem coração de Aghi, mas a mudança no comportamento do Sr. Todorov foi o suficiente para aterrorizá-lo. Aos poucos sua alma foi envenenada e ele perseguira o garoto que sempre o amou, eram ameaças físicas e psicológicas diárias.

Era só uma daquelas criaturas conversar com seu tutor e pronto, a alma estava envenenada. Eram cochichos, mentiras, choro, ou qualquer outra coisa que colocasse o homem contra o garoto. Aos poucos o vínculo entre eles se desfizera e Aghi entendeu que se permanecesse ali poderia acabar morto. Sim, era mais fácil ser assassinado por ele que expulsar aquelas criaturas amaldiçoadas em pele de gente, pensava o garoto.

Ômega - O Guardião Santo (Fantasia/Suspense/Sobrenatural)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora