40. Carmesim Parte IV

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Era incrível como Aghi a partir de alguns traços, captados em um sonho, conseguiu fazer uma descrição perfeita de Emiliano Espada, tal fato permitiu que através de uma simples procura, Miguel obtivesse o nome e a agenda de compromissos de um dos homens mais ricos da nação.

Com os dados obtidos, bastou traçar o dia e a hora em que ele estaria vulnerável, e obter a melhor distância para um possível tiro de uma arma de longo alcance. Tudo correu melhor do que o esperado e estavam no momento certo para impedir o assassinato.

A mulher parada bem na frente deles, com aquele uniforme militar bem equipado com colete e coturno, parecia focada em terminar sua vingança. Miguel não podia perceber, mas Aghi escutou perfeitamente aquela voz de Carniçal dizendo que ela deveria matá-los. Apesar da voz alta e clara o garoto não avistou nenhum monstro nas proximidades, era como se estivesse na mente dela.

— Saiam daqui agora! Eu não quero matar vocês. — Ela disse, enquanto apontava sua arma na direção de Miguel.

Foi quando Aghi escutou novamente a voz dizendo: "não adianta, você precisa matá-los, agora. Essa é nossa única chance, Majora." A mulher parecia exitar, mas aquela voz continuava a persuadi-la.

— Olha só, acho melhor você abaixar essa arma, agora. Eu não quero te machucar.— Disse Miguel.

A mulher destravou a arma e mirou novamente na direção de Miguel, contou até três devagar, mas o jovem não se moveu. Ela deu um tiro com a arma apontada para o peito de Miguel, mas de alguma forma ele desviou. A mulher, que agora Aghi sabia que se chamava Majora, ficou abismada.

— Você não vai me acertar facilmente.

"Descarregue com tudo, esse garoto não é normal. Não tenha piedade!" Insistia a voz. A garota então efetuou quatro disparos que estranhamente não o acertaram, ele desviava rapidamente. Pelo espanto de Majora, ficava claro que errar disparos à queima-roupa não era algo natural para ela.

— Você deve estar se perguntando "uau, como ele consegue desviar dos meus tiros?"— Dizia. Miguel.

A mulher disparou novamente e errou novamente.

— Eu não sou mais rápido que uma bala.A verdade é que sou mais rápido que sua mira, não é difícil acertar onde você vai atirar e assim eu só preciso desviar antes que você dispare.

"Acerte a criança, Majora! Pegue o menor." Quando a criatura disse essas palavras, a mulher encarou Aghi nos olhos por um momento.

— Droga! — Disse, Majora guardando a arma no coldre.

Ela correu na direção de Miguel e tentou acertá-lo com um soco, contudo a velocidade dele era suficiente para desviar do golpe. A mulher tentava golpeá-lo de diversas formas sem sucesso, todos os movimentos dela podiam ser esquivados facilmente por ele.

Miguel optou por tentar reagir tentando agarrá-la, mas isso fez com que ela obtivesse vantagem no combate, Miguel não possuía a mesma experiência de luta e não conseguia prender sua adversária, que aproveitou a guarda aberta para acertar dois golpes: um soco em sua costela e um chute em seu ombro. Apesar de certeiros os golpes não conseguiram machucar o corpo transformado em Ômega de Miguel.

— O que você tá fazendo, Miguel? — Perguntou, Aghi.

— Merda, tô tentando imobilizá-la. Mas ela é escorregadia demais! Ela sabe lutar artes marciais e eu não.

— Você tem que fazer que nem nos filmes: Desmaia ela com um golpe na nuca! É fácil e não machuca!

— Puta que pariu, Aghi! Para de falar besteira, isso não é um filme! Se usar força demais ela morre, eu não sei desmaiar pessoas.

Majora aproveitou a distração e acertou um golpe com os dois pés bem no peito de Miguel, empurrando-o para trás, se não fosse o poder adquirido por ele possivelmente aquele golpe teria o arremessado a vários metros de distância, contudo ele apenas deu alguns passos para trás.

Era evidente que estavam em um impasse: Se por um lado Miguel tinha força suficiente para vencer, ele não poderia lutar como se enfrentasse um Carniçal, enquanto isso toda a experiência em combate da mulher não poderia vencer a força sobre-humana dele.

Miguel partiu em velocidade e pulou na direção dela para agarrá-la com as mãos, Majora conseguiu bloquear os braços e pular para trás, mas Miguel tocou brevemente em sua nuca. Sua reação de espanto indicava que ele encostou em algo estranho por baixo do longo cabelo cacheado da mulher.

"Ele foi embora, Majora. Perdemos nossa chance." Ressaltou a voz.

— Droga! Vocês estragaram tudo! — Majora estava furiosa, sacou novamente a arma e apontou na direção de Miguel.

"Não se preocupe, eu sei onde ele vai se hospedar antes de partir. Essa noite ele vai para o Central Palace, deve ficar lá mais duas noites. Teremos mais uma chance se você conseguir fugir daqui, agora." A voz fez com que o semblante dela mudasse, ela retomou a frieza e encarou Miguel bem nos olhos.

— Já tentamos isso, moça. Você sabe que não vai me acertar.— Disse, Miguel.

Majora sorriu de uma forma debochada e com os olhos parados em Miguel, ela voltou sua arma na direção de Aghi que estava a uma distância razoável do amigo.

— Cretina! Cuidado, Aghi!

Miguel correu desesperadamente na direção da criança, saltando com força para tomar seu lugar na mira, e quando a mulher atirou o projétil atravessou seu ombro esquerdo em cheio fazendo com que ele caísse no chão.

Aghi correu para socorrer o amigo, que segurava com força o local onde o projétil acertou.

— Merda, Aghi! Você disse que ela não era má pessoa.

— Ela não é!— Insistiu o garoto, enquanto levantava o amigo caído.

— Como não? Ela atirou em mim! Estou sangrando, estou...

Miguel parou por um momento e retirou a mão que repousava sobre o ombro. Um buraco de bala em sua camisa era notável, mas não tinha sangue, apenas uma estranha fumaça preta que saia de seu ombro ferido. Após alguns segundos a fumaça desapareceu e a pele de Miguel estava intacta.

— Que porra é essa, cara?— Questionou, Miguel atônito.

— Eu acho que seu corpo rejeitou a bala.— Analisava, Aghi, com a feição desconfiada.

Olharam para frente e nenhum sinal da mulher, em instantes de distração ela pegou o rifle e fugiu.

— Ela conseguiu escapar! Perdemos nossa única chance!

— Tinha uma voz falando com a Majora, eu sei onde eles vão atacar.

Miguel encarou Aghi nos olhos, parecia surpreso:

— Você disse que o nome daquela mulher é Majora? — Miguel, perplexo, perguntou segurando os ombros de Aghi que balançava a cabeça concordando.— Eu acho que sei quem é ela, Aghi! Eu sei quem é essa mulher!

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Obrigado pela leitura!!^^

Aquele abraço!!

Ômega - O Guardião Santo (Fantasia/Suspense/Sobrenatural)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora