Ômega - O Guardião Santo (Fantasia/Suspense/Sobrenatural)

43. Carmesim Parte VII

Aghi sabia o que esperar daquele Carniçal escondido atrás dos cabelos cacheados de Majora, mentiras e mais mentiras. Aquela coisa repetiria qualquer coisa para persuadir Majora a dar o último tiro de sua vida e matar Emiliano Espada.

"Vamos lá, Majora! Atire! Acabe com isso! Mate esse homem de uma vez. O garoto maior não pode te impedir à essa distância." Martelava a criatura na mente da mulher.

— Não faça isso, Majora! Eu sei da criatura na sua nuca, eu também posso escutá-la, ela tá mentindo pra você. Essa coisa não liga pra sua vingança, ela só quer te devorar.— Gritou, Aghi.

Majora levou a mão esquerda à nuca, sem contudo abaixar a arma mirada na direção de Emiliano, que pálido e sem entender apenas observava.

"É tudo mentira desse garoto, pense bem, até agora fui seu único amigo. Eu te dei o poder que você precisava para vingar seus pais."

Miguel deu um passo à frente e Majora destravou a arma.

— Garoto mais alto, se você der mais um passo eu explodo a cabeça do velho.

Miguel ergueu as mãos em sinal de cooperação.

— Olha só, moça. Eu não ligo a mínima para sua vingança, mas você deveria escutar esse garoto, o nome dele é Aghi e de alguma forma ele e você tem alguma conexão. É sério.

— Vocês não sabem de nada. Esse homem merece morrer, por causa dele minha mãe foi presa e torturada.

— Eu sei, Majora. O nome da sua mãe é Amanda e seu pai Sebastião, será que é isso que eles gostariam que você fizesse? Seja lá o que aconteceu naquela noite, não foi culpa sua.Não entregue sua vida para esse monstro!— Aghi dizia isso, enquanto esboçava se aproximar dela, mas relutou.

"Ouviu isso? Esses garotos nem sabem o que aconteceu na noite em que seu pai morreu. Devem estar pensando que sua mãe era uma assassina, eles são como todos os outros."

— Sim, é verdade. Eu não sei o que aconteceu, mas eu quero saber. Por favor, Majora me conta como seu pai morreu. Me conta o que aconteceu naquela noite.

A mulher olhou bem nos olhos de Emiliano Espada, fez um sinal com a arma apontando para baixo, que ficou claro para o homem que se ajoelhou. Ela então virou seu rosto para Aghi e disse:

— Você quer saber? Ótimo, vou contar. Esse homem usou seu poder e influência para torturar minha mãe, ela sobreviveu, contudo, a humilhação e o medo ficaram guardados em sua mente. Ela seguiu, casou com um homem maravilhoso, teve uma filha que a adorava e tudo parecia melhor, até mesmo os remédios e terapias tinham diminuído. Só que um dia, em uma festa, ela encontrou esse desgraçado, e claro que ele tinha que ir até lá e provocar. Eu era muito nova, contudo me lembro dele se aproximando e dizendo algo no ouvido dela, só podia ser algo terrível já que minha mãe ficou transtornada. Saímos as pressas do lugar, aquela era minha última noite com os dois.

Emiliano mudou o semblante, estava sério e focado ao encarar Majora. Possivelmente estava recordando aquele dia, em seus detalhes, enquanto Majora narrava.

— Minha mãe se entupiu de remédios e foi dormir, estava confusa. No meio da noite ela teve um ataque de pânico e correu para a cozinha, se agachou ao lado da geladeira segurando uma faca. Meu pai, quando acordou e não a viu na cama foi procurá-la. Ele não acendeu as luzes para não me acordar, mal sabia ele que eu estava acordada e o seguia. Quando ele chegou na cozinha e viu minha mãe tentou se aproximar, contudo, a confusão e medo eram tão grandes que ela o atacou. Ah, Deus, eu me lembro do grito dele e da cara de terror e susto dela. No dia seguinte, já lúcida, não aguentou a dor da culpa e se matou. Dediquei minha vida a me vingar de qualquer desgraçado que tenha feito mal a ela e esse aqui é o último.