11.Fome

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A neblina circundou os pés de Aghi, o asfalto não podia ser visto tampouco os muros que a pouco tempo atrás estavam a sua direita

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A neblina circundou os pés de Aghi, o asfalto não podia ser visto tampouco os muros que a pouco tempo atrás estavam a sua direita. Seu pequeno corpo parecia um filhote recém-nascido diante de uma besta voraz sedenta por comida fácil. Mas a cabeça mantinha-se firme, seu olhar determinado mirava a criatura com seriedade. A besta retribuía com sua saliva venenosa caindo e marcando o asfalto.

— Comida....Alma...Comida.— Balbuciava o monstro.

— Eu não estou com medo. — As palavras saíram com determinação da boca do garoto.

Apesar da pouca idade, as experiências anteriores com Carniçais o ensinaram o básico sobre esse tipo de criatura, que ronda o mundo inteiro a procura de almas confusas: Não sinta medo! Era simples assim, se conseguisse manter a calma o carniçal não encontraria brecha para devorá-lo. E o mais importante é que seu mais novo amigo tinha escapado. Ele só precisava sobreviver.

Os olhos negros como um buraco sem fundo permaneciam direcionados ao garoto. Aghi não sabia se a criatura podia enxergar, mas ao notar aqueles buracos no lugar das pupilas era impossível não olhar fixamente para eles. As garras do Carniçal sacudiam levemente esperando o sinal de fraqueza, seria um ataque único. Despedaçaria o pequeno corpo com um único golpe, talvez rasgá-lo ou perfurá-lo.

Depois de alguns minutos, naquele impasse interminável em que um minuto parecia um ano e um ano uma década, o monstro começou a se mover com seus passos de tremer o solo. O rosto de crânio e mandíbula que se movia ao som de palavras curtas aproximou-se do rosto do garoto. Naquela distância não apenas sentiu o ar quente da respiração profana, ele também sentiu o hálito da criatura esquecida por Deus perfurar suas narinas. E foi então que uma voz penetrou sua mente acompanhada de um ruído mais irritante que uma unha deslizando por um quadro-negro.

Você é bom. Meus parabéns. Nenhum adulto em nenhuma era já conseguiu se manter firme na minha frente. Você deve ser a pessoa mais corajosa a vagar junto aos vivos.— Lá estava ele, a besta, dentro de sua mente.

— Tolo... coragem... comida. — Palavras saiam do exterior da criatura enquanto a voz interior o provocava.

Aghi surpreendeu-se com o truque da besta, estava na sua cabeça. O exterior mal conseguia manifestar uma frase que fizesse sentido, já o interior era eloquente. Era uma situação anormal, sentiu sua mente ser vasculhada por aquele intruso e era a primeira vez que algo assim acontecera.

Ora, você permanece inabalável! Não é incrível? Sua alma deve ter um gosto delicioso. — A mente de Aghi foi preenchida pelas palavras do Monstro.— Mas o corpo deve ter gosto ruim.

— Gosto bom....Gosto ruim.

— O Guardião Santo vai destruir você e seu líder.— Retrucou o garoto.— Eles me disseram: Tenha coragem, tenha fé. Eu não tenho medo de você!

Ômega - O Guardião Santo (Fantasia/Suspense/Sobrenatural)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora