18.Ômega parte II

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Miguel, agora detentor de uma postura impecável e um olhar sinistro, caminhou em direção a criatura com passos lentos. Aghi perguntava-se, seria realmente seu amigo o dono de tal olhar furioso? De certa forma sabia que o corpo poderia pertencer a ele mas aquela presença não. Viu Miguel ficar cara a cara com o Carniçal e dizer em um tom de desprezo:

— Matou sim, não é mesmo?— um leve sorriso sarcástico tomou sua face — E também queria matar o garoto, certo?

Como você pode ... Tentava raciocinar o Carniçal quando Miguel o interrompera.

— Como eu posso escutar seus pensamentos? Não sei. Mas a sua voz interior é mais irritante que a exterior.

A criatura grunhiu, levantou-se e atacou Miguel com suas garras tentando atravessá-lo uma segunda vez. A mão direita de Miguel agarrou o antebraço do Carniçal em um movimento tão rápido que Aghi não conseguiu acompanhar com os olhos. Lá estava a temível criatura, paralisada, forçando o braço desesperadamente para desprender-se das mãos do jovem a sua frente. Miguel ignorou o debater de braços da criatura, e sem fazer esforço simplesmente voltou sua face para o lado e encarou Aghi.

— Você está bem, Aghi? — Disse com um tom sério, porém acolhedor— Essa coisa machucou você?

— N-não, eu estou bem! — Dizia Aghi ainda com a voz rouca.

— Me solte... me solte... — Sussurrava o Carniçal em agonia.

Miguel voltou novamente sua atenção para o monstro. Seu olhar sério analisava-o com total desdém a montanha de músculos a sua frente, o tamanho do Carniçal era quase duas vezes o de Miguel e seu antebraço quatro vezes mais grosso que a mão direita que o segurava.

— Não se preocupe, vou soltá-lo. — Disse Miguel fincando os dedos na dura pele do braço monstruoso.

O sangue escorreu em direção ao chão, era preto como piche. Em um brusco movimento, um puxão rápido, ele arrancou o braço da criatura de uma só vez. Aghi viu aquele pesado braço que o levantou com uma pena, detentor de músculos tão fortes que o lembravam um pilar de concreto, ser rasgado como uma folha de papel. O sangue esguichou em um mar de escuridão e a criatura se debatia desesperadamente entre a cortina de fumaça que os envolvia.

— Maldito....Maldito...Vou matá-lo!

Aghi se assustou com a cena, mas Miguel permanecia inabalável. Soltou o braço do carniçal que ao cair fez um leve estrondo.

— Por que tanta raiva? Eu fiz o que você pediu. — Disse sorrindo.

Você se acha especial, mas eu ainda vou matar você! Você não é nada. Nada! — Grunhia desesperado na mente dele.

O monstro levantou-se outra vez, abriu a boca monstruosa e partiu cambaleante em direção a Miguel. Aghi sabia o que o monstro pretendia, sua saliva era extremamente ácida e poderia corroer a pele dele até os ossos, não importando sua força.

— Cuidado Miguel! — Gritou Aghi.

O Carniçal pulou com a boca aberta na tentativa de mordê-lo. Com um movimento rápido, porém sútil, Miguel esquivou-se para a esquerda e a boca monstruosa foi de encontro ao chão, abrindo um pequeno buraco no asfalto. O monstro caído ergueu-se apoiando o braço restante e correu desesperado na tentativa de agarrar o jovem de olhos amarelos. Foi em vão, a velocidade de Miguel era demais para o desajeitado corpo da criatura.

O que é você? O que é você? Você não é humano... A criatura fez um breve pausa em seus pensamentos— você! Você é... maldição, maldição! Você é ele, você é....

Ômega - O Guardião Santo (Fantasia/Suspense/Sobrenatural)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora