58. Estrada Parte I

119 132 54
                                    

Um Opala, bem velho, de cor preta e com alguns arranhões laterais, deslizou pela terra do local, daquilo que seria a base de um prédio em construção

Ops! Esta imagem não segue as nossas directrizes de conteúdo. Para continuares a publicar, por favor, remova-a ou carrega uma imagem diferente.

Um Opala, bem velho, de cor preta e com alguns arranhões laterais, deslizou pela terra do local, daquilo que seria a base de um prédio em construção. O veículo levantou poeira e tomou toda a atenção dos três em sua direção.

Era perceptível que o carro arrebentara a entrada do loteamento que estava trancada. A porta do motorista abriu, a figura despontou para fora do veículo, dando passos lentos na direção de Miguel e do Guardião, então, o homem se revelou: um estranho sujeito de cabelo prateado, era alto e seu rosto chamava a atenção por sua boca de lateral costurada.

— Olá, amigos! Vocês devem ser os garotos que estou procurando! — Disse o homem sacudindo a mão na direção deles.

Apesar do tom tranquilo, as roupas do homem tinham buracos de bala, e em sua cintura estava embainhado um imenso facão escuro.

O estranho sujeito parou próximo a eles e começou a encarar o Guardião Santo com curiosidade.

— Eu tenho a sensação de que te conheço de algum lugar. Minha memória não é das melhores, sabe? Mas tem alguma coisa nesse olhar que me é familiar.

O Guardião, em um momento de tristeza e decepção, balançou negativamente a cabeça na direção de Aghi.

— Sinto muito, Agnathi. Espero que você sobreviva ao que vai acontecer, lembre-se de nunca trair o que você realmente é.

Ele se voltou para Miguel, o jovem pensou que sairia algum sermão profético da boca do Ser Celestial, não seria novidade. Tudo que ele ouvira até agora era que ele era um atraso na grande missão de Aghi, escutar uma maldição, dispondo de tão pouco tempo de vida, seria algo até esperado.

Entretanto, não foi o que aconteceu.

— Miguel, você ainda tem um minuto. Aproveite sua oportunidade. — O Guardião balançou a cabeça na direção do homem de boca costurada.

Subitamente seus olhos brilharam com intensidade, um imenso clarão tomou o local e o corpo usado pelo Guardião tombou inerte no chão.

O corpo do motoqueiro era apenas uma casca sem vida.

— Isso foi inesperado. — Disse o homem da boca costurada, com um sorriso. — Acho que devo me apresentar, certo? Meu nome é... puxa, qual era mesmo o nome do medroso? Alberto... Al.. Alfredo! Isso! Sou o Alfredo, vim aqui a mando desses amáveis comedores de cadáveres para sequestrar o...

Miguel interrompeu o monologo:

— Adeus, Alfredo!

Com intensidade o jovem acertou um soco na face do estranho homem, ele cambaleou tentando pegar seu facão na cintura, mas Miguel estava com uma velocidade surpreendente. Em um instante acertou mais um golpe na costela, e depois desferiu outro soco na face.

O homem foi arremessado contra uma parede de concreto, Miguel novamente se moveu em velocidade, o sujeito tentou revidar com o cotovelo, contudo foi contido pelo jovem que o agarrou facilmente.

Era nítido que aquela pessoa detinha poder, um simples soco de Miguel naquela velocidade teria arrancado a cabeça de um homem comum, talvez em outra circunstância o duelo entre os dois tivesse um equilíbrio, entretanto, naquela situação atípica em que ele estava prestes a perder sua alma, Miguel detinha uma força incomparável.

— Não é pessoal, cara. Eu tenho pouco tempo, então vou matar você para que o garoto não sofra nas suas mãos.

— Não se sinta mal, também quero matar você, Ômega!

O jovem foi surpreendido pela forma segura com que seu inimigo dissera o título dado pelos Carniçais.

O sujeito sorriu, encurralado contra a massa de cimento que os segurava, ele desferiu um golpe com sua cabeça em Miguel, que não sentiu nenhuma dor. Isso o surpreendeu, possivelmente ele não esperava enfrentar alguém tão poderoso.

Ele segurou o pescoço do homem com a mão esquerda e começou a golpear repetidamente com a mão direita, cada vez que o punho furioso encontrava a face do sujeito podia-se escutar um estalo dos ossos sendo castigados.

A base de cimento enrijecido, que naquele momento servia de escoro para o corpo castigado pelos golpes, começou a rachar com o impacto da cabeça, balançando a cada golpe com intensidade contra o concreto.

Aghi ainda sem entender o desaparecimento do Guardião Santo, assistia aquele espetáculo de horrores, perplexo, não era um Carniçal. Ainda que não parecesse, aquilo que enfrentava seu amigo era um homem,e toda aquela cena de violência e sangue era injustificável para ele.

Miguel finalmente parou de golpeá-lo, não tinha percebido, mas o rosto desfigurado do homem não era o único resultado de toda aquela fúria, o pescoço dele estava quebrado com o impacto dos socos. Soltou o corpo, que desabou no chão como um dos sacos de cimento que estavam próximos.

Antes que pudesse pensar em qualquer atitude, o corpo com o pescoço virado se levantou. O estranho sujeito colocou às duas mãos em sua cabeça e endireitou seu pescoço, como se não fosse nada. Começou a gargalhar, um estranho riso de felicidade que deixou Miguel perplexo.

— Uau! Isso foi uma delícia, cara! Não sinto algo assim há anos! Penso que agora é minha vez, não? — Ele desembainhou o facão.

Miguel deu dois passos na direção dele para retomar o conflito, contudo sentiu o corpo cambalear e foi com os joelhos ao encontro do chão, tentou balbuciar algumas palavras, mas não conseguiu. Seus olhos esbugalharam em agonia e ele tombou com a face no solo.

Perplexo Aghi constatava o que o Guardião alertara, o corpo não conseguiu segurar o espírito sem a corrente espiritual.

O homem de boca costurada, observou bem o corpo deitado no chão, tentou mover o jovem com o pé esquerdo e constatou que estava inerte.

— Caramba, o cara morreu sozinho! Era pra isso ser mais divertido, que decepção.

— Fica longe dele! — Aghi correu e tentou sacudir o corpo do amigo, não obteve resposta. — Miguel, Miguel, Miguel!

— Tá bom garoto, desiste. Seu amigo está mais morto que um cão atropelado em uma rodovia, pra falar a verdade acho que tá bem mais morto que isso. — O homem riu.

Aghi continuava sacudindo Miguel na esperança de que o amigo retomasse a vida, Alfredo ou o sujeito da boca costurada, agarrou a manga da camisa do menino e contra sua vontade o arrastou para dentro do carro. O menino tentou se sacudir, mas tudo que conseguiu foi ser arremessado para dentro do veículo.

O carro levantou poeira em sua partida e o corpo de Miguel permaneceu deitado, abandonado ao lado daquele outro homem, que a pouco era o Guardião Santo.


****

Muitíssimo obrigado pela leitura, desculpe o atraso e ( se Deus quiser) nos vemos no domingo com mais um capítulo!

Abraço gigantesco!

Ômega - O Guardião Santo (Fantasia/Suspense/Sobrenatural)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora