20.Amargo Parte I

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Miguel estava com os olhos sobressaltados, totalmente perplexo. Perguntava-se como Agui saberia que a campainha tocaria naquele exato momento. Desconfiado rumou em direção a porta da sala sem saber se deveria perguntar a identidade da pessoa que tocou e se apenas deveria abrir a porta. Optou pela segunda opção e apenas abriu a porta.

Do outro lado estava um homem pálido como um cadáver, era elegante com aquele terno de lã bem alinhado e suas listras verticais, uma gravata vermelha completava a elegância de seu traje. Além do terno bem alinhado ele usava sapatos de couro que Miguel deduziu que custariam quatro dígitos. O sorriso na face do homem que deveria estar na casa dos quarenta anos de idade era irritante e falso, porém ameno e levemente acolhedor.

— Pois não... — Disse Miguel esperando que o homem se apresentasse.

— Um bom dia Sr. Miguel, para você e sua família também. — Miguel assustou-se, nunca tinha visto aquele homem antes, mas ele sabia seu nome.— Meu nome é Arae o mestiço, posso entrar em sua casa?

Antes que Miguel dissesse sim por educação, Aghi esticou o pescoço para olhar a porta e gritou:

— Não! Você não pode! Não deixa ele entrar Miguel! Pela sua família, não deixa ele entrar.

Miguel olhou para Aghi e enxergou fúria em seus olhos, não sabia o motivo da raiva mas optou por não questionar o garoto.

— Sinto muito, cara. É melhor você falar da porta mesmo. E que papo é esse de mestiço? Isso é alguma piada racista?

— Não, não, de forma alguma. Todos os humanos são iguais em personalidade, caráter e sabor. — Quando o homem disse essas palavras Miguel entendeu tratar-se de um Carniçal.— Quando digo que sou um mestiço me refiro a ser metade homem, metade Carniçal. Sou uma espécie de elo entre culturas.

— Elo entre culturas? — Disse Miguel levantando a sobrancelha esquerda.

— Sim, meu corpo é humano. Um dia foi humano, pelo menos. E minha mente é de uma criatura que seu jovem amigo chama de Carniçal. Nos unimos e somos um só individuo.

Miguel sem entender absolutamente nada resolveu olhar para Agui a fim de obter algum esclarecimento. Sacudiu a cabeça para o garoto como quem pergunta, oque diabos esse cara tá dizendo?

— Ele era um Carniçal e roubou esse corpo pra parecer com um homem.— Explicou Aghi.

As palavras de Aghi foram compreendidas por Miguel que voltou a encarar o homem.

— Roubar é uma palavra forte, ele não estava utilizando mais e eu optei por pegar. Ele fez uma boa ação, é melhor ceder o corpo a mim que ceder o corpo as minhocas, não é mesmo?

— O que você quer aqui? Me matar, matar o garoto?

— Absolutamente não, Sr. miguel. Eu não sou um matador, tampouco me alimento de pessoas como o Carniçal que os atacou ontem a noite. Aquele era Glutão, eu o adverti várias vezes para que não os pertubasse.

Pertubação era uma palavra que amenizava a o conceito de assassinato, pensou Miguel.

— Então o que você quer? — Disse Miguel quase sem paciência.

— Um empréstimo. Agora que o senhor tornou-se o Ômega...

— Mas que diabos é essa coisa de Ômega? — Interrompeu Miguel.

— Bem, achei que o pequeno mestre Aghi tivesse-o instruído. Sinto muito. Ômega é o oposto direto de meu mestre o generoso Alfa. Ontem você despertou um poder raro entre os de sua espécie e agora você vive entre mundos distintos. Quando uma pessoa adquire essa habilidade torna-se o Ômega.

Ômega - O Guardião Santo (Fantasia/Suspense/Sobrenatural)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora