Capítulo 11: "Boatos"

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− ... Não precisa se preocupar comigo, pode ir fazer seu trabalho.

− Eu que te fiz os derrubar. − Ele já se levantava com quase todos os livros nos braços, mas na minha visão, parecia que ele estava fazendo uma propaganda de shampoo ao balançar seus cabelos daquela forma. − Eu os carregos para você. − Ditou, e esperou pacientemente eu me levantar com os meros quatro livros nas mãos, e me acompanhou silenciosamente, corredor afora.

(...)

Era a hora do intervalo, Jimin e Yongsun já me puxavam sala afora, para que não perdêssemos nosso lugar no refeitório lotado daquela escola.

− Vamos, garota! − Yongsun berrava em meu ouvido, me apressando, ao notar que eu não estava com a mínima vontade de apressar meu passo, mesmo com ela e Jimin agarrados em meus braços, como se já não fosse trabalho suficiente carregar a bandeja de lanche nas mãos.

− Ah! Tem uma mesa vazia bem ali! − Jimin falou estridente, quase colado ao meu ouvido, como se me punisse por não ajudá-los, e em segundos todos nós já estávamos postos na mesa que ele indicara.

Estamos quase terminando nosso lanche – e enrolando naquela mesa com uma localização privilegiada, como Jimin mesmo tinha dito – e estava somente bebericando meu suco enquanto vez ou outra ria das piadas absurdas que Yongsun insistia em contar para Jimin – acho que só para ter prazer de vê-lo se engasgar com a própria comida – quando senti que a cantina ficara repentinamente silenciosa.

Meus amigos pararam de rir assim que desviaram sua atenção para a ala de entrada da cantina, e assim que acompanhei seus olhos, pode entender, em parte, toda aquela apreensão. Taehyung acabara de chegar ao local.

Segurei o impulso de sorri em sua direção e chamá-lo para se juntar conosco, mas ao invés disso, somente abaixei os olhos e senti os braços de meus amigos rodearem minhas costas em um afago.

− Não fique assim, amada... − Yongsun, a mais melosa dos dois, tentou me consolar ao apoiar sua cabeça em meus ombros já caídos, enquanto ainda acariciava minhas costas.

− Você sabe que isso vai ser melhor para você quanto para ele não é...? − Jimin continuou, ao passar a brincar com meus cabelos. E para Jimin, realmente pensar em defendê-lo, não pude negar que isso era sério o suficiente para eu obedecer.

− Sim, eu sei... − Concordei, com minha voz abafada entre meus braços sobre a mesa. − Isso é melhor para nós dois. − Tentei reafirmar, para que eu mesma passasse a acreditar nisso.

Mas na realidade, eu realmente não entendia o porquê de todos terem aquela reação. Havia se passado meses, desde que pude falar com Taehyung pela primeira vez, e que logo após isso, ele mesmo tentou se dar uma chance, e, passou a cumprir suas responsabilidades como um estudante normal.

Obviamente, ele não se tornou um aluno exemplar, não era para tanto, mas aquele garoto que mal aparecia na escola, passou a realmente trazer uma mochila com livros para estudar, do que somente um soco inglês sobre seu punho.

E por incrível que pareça, não vimos mais boatos sobre ele se meter em brigas desde então – bom, ao menos, não na escola – Ele não era um estudante perfeito, mas era um bom começo.

E até mesmo nossa relação, depois de poucos meses, se tornou bastante próxima – conversávamos sempre que tínhamos a oportunidade nos intervalos entre as aulas e algumas vezes encontrava com ele na biblioteca para ajudá-lo com algumas matérias escolares – pois, assim que ele perdeu a suposta vergonha, Taehyung passou a se mostrar um garoto um tanto que falador, e sempre que via algo de novo em que estudava, fazia questão me explicar tudo que conseguiu aprender.

Depois disso virei praticamente sua tutora particular, e não posso negar que meu orgulhoso inicial, ao vê-lo evoluir daquela forma, passou a se transformar em um humilde carinho fraterno, onde, após esse tempo, não pude negar o considerar como amigo.

Todos da escola, pareciam se conformar com isso, uma garota esquisita que resolveu controlar o pequeno delinquente que trazia problemas por toda escola – ou, melhor dizendo, o garoto pobre e sem escolta, que acabava sendo o único a ser culpado por toda a bagunça que os mauricinhos do bairro arranjavam – isso pareciam ótimo para todo mundo, sem bagunça, sem trabalho e de sobra, a reputação de escola acolhedora e pacificadora que a diretora tanto desejava.

Porém, eles não estavam satisfeitos com isso, não quando viram que após o bom comportamento do garoto, não haveria mais um bode expiatório para quem levar a culpa, e o que eles fizeram? Continuaram a importuná-lo mesmo assim.

Só que agora, ele não estava sozinho, eu estava próxima dele, mas isso não os impediu de o denegrirem mesmo assim, e logo aquela proximidade que antes era tão bem-vista na escola, se tornou alvo de boatos tão absurdos que nem mesmo meus amigos conseguiam me defender.

Surgiram fofocas desde eu ter me tornado uma delinquente, como espalharem que a causa de alguns poucos incidentes fora de minha responsabilidade; apareceram até mesmo boatos d'onde Taehyung provavelmente me ameaçava e estava sendo usada por ele – e eu literalmente não queria imaginar em que sentido as pessoas estavam insinuando isso.

Meus pais, obviamente, não gostaram desses boatos e logo quando chegou aos ouvidos deles – o que numa cidade pequena como esta, fofocas eram espalhadas bem rapidamente – me fizeram prometer que não me encontrasse com tanta frequência com um garoto que tinha tão má reputação.

Todavia, me afastar de Taehyung, não evitou que aquilo acontecesse.

Todavia, me afastar de Taehyung, não evitou que aquilo acontecesse

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N/A: Nada a declarar, amores, mas estou aberta a teorias

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N/A: Nada a declarar, amores, mas estou aberta a teorias...

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