Capítulo 61: "Espontâneo"

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"E era naquele momento que eu conheceria o grande carrasco que me atormentaria durante todos esses anos

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"E era naquele momento que eu conheceria o grande carrasco que me atormentaria durante todos esses anos."

(...)

E ao contrário do que eu pensava encontrar ao abrir aquela porta, e me dar de cara com um senhor ranzinza, enfurnado em uma poltrona de couro velho, pronto para me depenar e me contestar das piores maneiras possíveis. Vejo um rapaz – que parecia ser somente alguns anos mais velho que eu – sentado em uma cadeira giratória logo à frente de uma parede de vidro transparente com uma vista panorâmica para toda a cidade.

Nos primeiros minutos, juro que mal consegui respirar em sua presença, me sentindo tão intimidada por sua voz grave enquanto fazia as primeiras perguntas de praxe, que estava prestes a passar mal.

Após cinco minutos, vi como tudo estava prestes a se perder. A expressão de decepção – e um pouco de repulsa – já estava explícito em seu rosto, já que eu mal conseguia responder suas perguntas sem gaguejar, e eu praguejava mentalmente por me permitir ter medo de alguém que se quer conhecia.

Ele me deu as costas, sentia que estava para me pôr para fora, mas, eu me forcei novamente. Fechei meus olhos e inspirei fundo.

Eu tinha chegado até aqui. E não podia deixar a auto sabotagem me destruir mais uma vez.

Antes que ele abrisse a boca, voltei a falar. Senti minha confiança reaparecer, eu iria impressioná-lo, e mostrar o que consigo fazer.

(...)

− Então, a srta. quer dizer que... − a voz que parecia tão amedrontadora a somente a alguns minutos atrás, parecia mais um atrativo tom grave e amigável para os meus ouvidos agora. − ... com todo o seu histórico, com sua formação, duas pós, e um mestrado a caminho, e suas recomendações, − Aquele homem excepcionalmente bonito sorriu em minha direção, e eu senti minhas pernas arrepiarem em resposta. − ... a srta. deseja se candidatar a ser somente, minha secretária? − Terminou a pergunta retórica com um tom estupefato.

− A vaga dizia que era somente uma vaga para auxiliar. − O corrigir timidamente.

− Mas é claro que isso será apenas provisório. − Ditou, como se falasse de algo irrelevante. − Mas me diga, você não está envolvida em nada ilegal, está? − Voltou a indagar, aproximando seu dorso da mesa, em um tom desconfiado.

− Ilegal?! − Quase gritei em espanto. − é claro que não, senhor! − Não nego ficar um pouco ofendida com a acusação repentina.

− Me desculpe, − Voltou a jogar suas costas em sua cadeira giratória, parecendo aliviado. − Não quis ofender, mas... creio que seja comum desconfiar que, mesmo tendo um curriculum tão exemplar, a srta. esteja se candidatando a um cargo tão baixo.

− Creio que todo trabalho feito honestamente é digno, senhor. − Foi a única coisa que pude responder envergonhada pelo elogio.

− Nossa! − Pude ouví-lo gargalhar gostosamente. − Você falou igualzinho ao meu pai! − Mas assim que notou a casualidade com que falou comigo, logo voltou com um semblante um pouco mais sério, ou até mesmo, levemente envergonhado, e me encarou com interesse. − Você é legal, gostei de você. − E admito que foi extremamente difícil me manter séria ao ver novamente o seu sorriso. − Na verdade, qualquer um que não tenha sido mandado pelo meu pai, parece algo melhor para mim agora... − Começou a falar mais para si mesmo, do que para mim. − ... E você parece bem mais espontânea do que todos eles.

− Então o senhor quer dizer que... − Não pude conter minha curiosidade. − ...Todas as outras pessoas...

− Eram da agência controlada pelo grande CEO dessa empresa, mais conhecido como o velho rabugento do meu pai, que faz de tudo para controlar todos os meus passos? − Ditou desgostoso em minha frente, mudando completamente sua postura, porém, ao notar meu espanto, voltou a sorrir. − ..., mas isso fica entre a gente, viu? Não espalha. − Piscou e eu quase tremi com o gesto.

− Mas eu ouvi que... − Voltei a argumentar, não acreditando que todas aquelas pessoas fossem espiões.

− Bom, eu não sei o que você ouviu, mas, − Me interrompeu, parecendo levemente chateado, pela primeira vez. − ... Tenho que admitir que, tive de os assustar um pouquinho, para que eles desistissem de vez. − Respondeu minha pergunta, antes mesmo de eu fazê-la. − Afinal, não posso correr o risco de pegar um inútil qualquer ou um grande puxa-saco do meu pai. − Voltou a resmungar para si mesmo, mas, repentinamente se voltou para mim novamente e sorriu de forma travessa. − Mas ainda bem que encontrei você!

− E-Eu? − Olhei para os lados confusa, não acreditando que toda essa animação fosse por minha causa.

− Sim! − Sorriu ao se levantar da cadeira e se aproximar de mim. − Você é a candidata perfeita! É inteligente, simpática, tem uma ficha impecável e é uma grande gata! − Quanto mais ele se aproximava de minha cadeira, ao discursar, mais sentia o meu rosto esquentar.

− I-Imagina senhor... − Segurei minhas mãos geladas contra meu próprio rosto que ardia em vergonha, ao vê-lo sorrir complacente.

− E nossa... − Rodopiou para a outra direção da sala, como se entendesse que sua aproximação fosse demais para mim agora. − ... Como é modesta! − Não mais parecia que aquilo era uma entrevista, ou se quer uma conversa casual, mas somente ele pensando em voz alta comigo como seu plano de fundo. − E mesmo que o velho queira discordar de tudo que faço, não haverá motivos para ele reclamar da minha escolha desta vez, então... − Parou de andar pela sala e parou bem a minha frente. − ... Está contratada!

E eu sorri maravilhada, não acreditando na minha sorte.

N/A: como esse carinha simpático e aquele traste se tornaram a mesma pessoa?!

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N/A: como esse carinha simpático e aquele traste se tornaram a mesma pessoa?!

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