"Eu não estava agradecendo." Naquela hora, fora o meu momento de me virar confusa em sua direção, dando de cara com sua posa altiva e rígida, que enfatizava o porquê de estar tão receosa em sua presença.
(...)
− Bem... Eu... − A culpa e a repentina vergonha bateram fortemente em meu rosto, e meu primeiro instinto foi recolher meus braços em proteção ao tamanho embaraço daquela situação, não conseguindo encará-lo uma vez se quer. − Desculpe, eu só queria ajudar... − Como um modo de reconciliação me desculpei.
− Bom, na verdade, eu não pedi a sua ajuda. − Respondeu seco, ao colocar suas mãos no bolso da calça, não parecendo ter o mínimo de sensibilidade ao ver como já me sentia culpada por (mesmo com a melhor das intenções) incomodá-lo daquela forma.
− ... − Suspirei audivelmente exasperada, e sabia que estava tremendo levemente, ao segurar meu próprio ombro, em um modo de auto suporte, pois não era o meu forte lidar com esse tipo de pessoa.
Eu detestava ver pessoas que julgavam outras sem as conhecê-las, e eu realmente não queria me permitir ter esse tipo de comportamento na frente de um cara que eu mal conhecia, mas eu simplesmente não estava conseguindo manter minha dose de simpatia – que acabara por evaporar nesses últimos instantes – com um cara, que se quer fazia o mínimo esforço para ser infimamente gentil com seus vizinhos, e que, muito pior, parecia fazer questão em deixá-los extremamente desconfortáveis em sua presença.
− Beleza, então. − Soltei meus braços de uma vez, como se com isso eu desfasasse meus pontos de empatia e gentileza com aquela pessoa, para que a partir dali, eu pudesse lidar com aquele babaca da forma que ele realmente merecia ser tratado.
Passei a recolher minhas roupas de forma mais apressada – quase as amassando totalmente no processo, enquanto as tirava da secadora – e colocava no cesto novamente. Encarava aquele idiota com fogo nos olhos, e ele por outro lado, depois de sua resposta nada educada, simplesmente voltou a mexer nas suas roupas – já devidamente separadas por minha pessoa – como se nada tivesse acontecido, ou como se eu nem se quer estivesse lá!
− Babaca. − Murmurei desgostosa ao me levantar, pois se não externalizasse, ao menos um pouco, minha chateação, provavelmente não conteria o impulso de dar uma na cara dele. Mas, como aprendi a partir daquele dia, Yoongi não fizera menção de que ouvira uma só palavra.
− Meu alvejante. − Arregalei os olhos assim ouvi aquela voz, que se tornara instantaneamente irritante para os meus ouvidos, novamente.
− O quê? − Contendo, mais uma vez, minha indignação ao ver o descaramento daquele imbecil ao me dirigir a palavra, questionei.
− Me devolva. − Ele estendia a mão em minha direção. − Meu alvejante. − Concluiu com a expressão ainda mais apática, que a última vez.
Olhei em direção ao chão, e vi que realmente não havia devolvido o produto que tirara de suas mãos, e o mesmo ainda estava repousado ao lado da lavadora que usara.
Levantei a sobrancelha em descaso, enquanto observava a rosto pálido e displicente de Yoongi.
− Você não tem mãos, por acaso? − Questionei ao copiar cinicamente sua expressão desafetada, e dei as costas, contendo o impulso de esbarar propositalmente contra ele, e, dando-me o desconto em sair logo daquela sala que cheirava a água sanitária.
(...)
Tenho que admitir, mesmo que eu me sentisse a pessoa mais ousada e indisciplinar do mundo depois daquela resposta que dei ao meu vizinho de baixo, eu estaria mentindo se dissesse que – depois que meus ânimos se acalmaram – eu não me senti extremamente mal pela forma rude de como agira.
E digo mais, por mais vergonhoso que isso fosse, eu até mesmo pensei em ir ao apartamento daquele cara e pedir desculpas por meu comportamento – com direito a levar biscoitos caseiros como lembrança e tudo mais – afinal, meus pais haviam me ensinados modos! E mesmo que a dita pessoa não merecesse toda minha gentileza, sentia estar traindo a confiança deles se não o fizesse.
E sim, eu realmente pensei em fazer isso, e com toda sinceridade do mundo eu iria fazê-lo. Mas não o fiz.
Afinal, como iria fazê-lo sendo que em toda oportunidade que eu o encontrava, seu comportamento rude e má educação esfregavam na minha cara quão insuportavelmente arrogante aquele babaca era com todos, inclusive comigo!?
Eu poderia ignorar algumas garfes aqui e ali, caso ele fosse somente um cara antipático e resmungão – assim como era o sr. Park do quinto andar, com a sua ladainha sobre seu encanamento estar sempre entupido, sendo que todos sabiam que era justamente ele, que enchia sua pia de todo o tipo de lixo e porcaria e abarrotava seus canos – ou um mão de vaca avarento – como o sr. Lee, que em toda a reunião do condomínio, dizia estar com o salário atrasado quando o pediam para contribuir com alguma reforma no prédio e ainda reclamava quando não faziam as coisas como ele sugeria – ou até mesmo aérea e inconveniente – como a sra. Heo, que me abordava quase todos os dias, quando chegava do trabalho, para me contar de suas dores nas ancas por no mínimo meia hora, e não me permitia ir para o meu apartamento até que outra pessoa lhe chamasse atenção – mas, não.
Min Yoongi era simplesmente demais. Sua indiferença latente e sua falta de tato social era simplesmente insuportável! E mesmo que eu o ignorasse, ou até mesmo fingisse que ele não estava no mesmo ambiente que eu – nas poucas vezes que isso acontecia – era simplesmente horrível ter de depreciar todas as outras pessoas tentando interagir com aquele robô sem coração.
Porém, depois de um tempo, consegui a aprender a ignorar, e por fim, Min Yoongi se tornou simplesmente o cara mal-educado que eu fazia questão de evitar.
N/A: vocês acharam mesmo que o Taehyung seria o personagem que vocês teriam mais raiva?! Ele é literalmente o mais suave comparado a esse cabeça dura.
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Meus Sete Clichês | BTS
Fanfictionbts | comédia romântica | hétero "Eu sempre achei que o amor, era algo raro de se acontecer. Que estava muito longe da minha realidade. Nunca pensei que me apaixonaria, ou que, muito menos, mais de uma pessoa se apaixonaria por mim. " imagine bts...