Capítulo 51: "Chefe"

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"E meu sútil sorriso, que mal havia começado a aparecer, morreu instantaneamente assim que a expressão séria – e bastante intimidadora – voltou ao rosto daquele homem

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"E meu sútil sorriso, que mal havia começado a aparecer, morreu instantaneamente assim que a expressão séria – e bastante intimidadora – voltou ao rosto daquele homem.

Eu estava muito encrencada."

(...)

Na verdade, eu mesma não conseguia acreditar que tinha cometido uma falha tão estúpida depois de uma rotina exemplar ao longo desses quatro anos trabalhando naquela empresa, e logo quando estava justamente há uma semana de receber a possível resposta sobre uma promoção, isto acontece. Eu não poderia estar mais decepcionada comigo mesma e não esperaria menos de meu chefe.

Fitei o chão, na tentativa de desviar do olhar acusador do sr. Kim, imaginando como poderia me justificar decentemente sem parecer uma completa amadora. Porém, quanto mais eu pensava, mais eu me dava conta que nenhuma desculpa, por mais arquitetada que fosse, seria convincente o suficiente, e se eu falasse algo que minimamente se afastasse da verdade, em qualquer hipótese, ele poderia descobrir, e, só de imaginar que isso implicaria em perder sua confiança – que eu lutei mais do que tudo para obter – eu preferia lhe contar a verdade, por mais idiota que ela fosse.

− O despertador... − comecei a falar receosamente, o fitando com cuidado, tentando perceber algum tipo de sinal de repreensão em seu rosto. − ... do meu celular, não funcionou esta manhã. − Conclui em um risco de voz, pelo tamanho constrangimento, faria menção de me inclinar em um pedido de desculpas formal, já imaginando o quanto de meu salário seria descontado por esta falha quase inadmissível, por aquele empresário meticuloso, quando acabo vendo o mesmo voltar a falar indiferente, ainda de olho centrado em nos seus documentos, como se, o que eu tivesse dito, não fosse nada demais.

− Compre outro celular. − Ditou simplista enquanto rabiscava de qualquer maneira em um de seus papéis. − Vá em alguma de nossas filiais e compre algo melhor.

E quando me encarou naquele instante, pude ver a frieza, e, um resquício de descaso, em seu olhar, e quase me arrepiei ao observá-lo.

− Caso queira garantir, recomendo que compre um despertador manual também. − Por minha falta de resposta em sua curta pausa, continuou. − Não se preocupe com o preço. − Enfatizou ao lubrificar os lábios com sua saliva, desviei minha atenção momentaneamente, não tendo muita compostura para aquele seu tipo de hábito lascivo. − Lhe dou permissão para comprar com o cartão da empresa, e, caso tenha algum problema, só peça para me contatem.

Meus olhos se arregalaram minimamente, o CEO Kim Namjoon era muito bem conhecido por ser um profissional extremamente diligente – tanto com seu próprio trabalho quanto em relação aos seus funcionários – então, me surpreendi ao não raciocinar que, para ele, não era mais do que comum receber este tipo de tratamento afinal das contas.

− O senhor não precisa... − comecei a me justificar, porém ele foi ainda mais rápido ao me cortar.

− Acredito que, é melhor um gasto necessário do que um valioso tempo perdido que não possa ser recuperado. − Pausou. − E você, senhorita, é muito valiosa para ser desperdiçada.

Seu sorriso enigmático fora o suficiente para me deixar sem fala, sendo que o máximo que pude fazer no momento foi acenar para ele positivamente.

− Principalmente seu tempo gasto comigo, não é mesmo? − E neguei a acreditar que realmente enxerguei um sorriso ladino escapando de seus lábios.

− Mas..., mas é claro, senhor. − Não tive opção a não ser concordar, levemente encabulada.

− Ótimo! − Ouvi o click de sua caneta batendo contra a mesa. − Pode voltar ao trabalho agora, e esteja pronta para me acompanhar na visita ao workshop da empresa ainda está manhã. − E assim ele concluiu nossa conversa, me deixando finalmente sair daquela sala ainda mais estabanada de como tinha entrado.

(...)

Com o relógio marcando um pouco mais que 10hs da manhã, e eu já entrava novamente no escritório principal. Logo me deparei com meu chefe disciplinadamente vestido em seu paletó, mostrando que estava pronto para a rotina de compromissos marcados para o dia.

Troquei um breve aceno quando ele olhou para mim, porém, voltei rapidamente minha atenção para a agenda em minhas mãos.

− Seus pais ligaram novamente, sr. Kim. − Pude ouvir um baixo suspiro enfadado ao meu lado, enquanto eu continuava indo em direção a sua mesa. − Eles querem que o senhor confirme sua presença no encontro as cegas que marcaram para o senhor este mês. − Anunciei ao recolher algumas pastas de sua mesa, já voltando em direção ao homem que não conseguia mais disfarçar a irritação que sentia de seu rosto. − E pediram para enfatizar... − Parei bem a sua frente, checando se tudo estava devidamente apresentável. − Que, nas palavras deles: não invente desculpas, e, realmente apareça desta vez. − Conclui no mesmo momento que terminava de alinhar a gravata em seu pescoço, e sorrir polidamente esperando sua resposta.

− Se não me falhe a memória... − Começou. − .... Creio que lhe conferi a tarefa de me livrar deste tipo de compromisso. − Sibilou meu nome de forma aborrecida, enquanto tentava folgar o aperto exagerado do nó que dei em seu pescoço.

− Sim... E o senhor está certo... − Voltei a argumentar, sorrindo um pouco embaraçada. − Mas há limites a serem seguidos, senhor... − Estabilizei mais minha voz, contudo, ainda mantinha meus olhos longe dos seus. − E este limite acaba quando a própria matriarca Kim ameaça meu emprego, caso, eu não encaixe esse compromisso à sua agenda.

− Eu vou pensar no caso. − Disse depois de um longo suspiro afadigado após sua pequena pausa, e quase não pude acreditar que, depois de tanto tempo, ele finalmente resolveu dar uma confirmação, ou algo semelhante a isso, aos seus velhos pais, que estavam a anos orando aos céus por um sucessor.

− Sua mãe ficará tão feliz ao saber disso, senhor! − Não pude evitar em sorrir satisfeita, como aliviada, com a resposta.

− Eu não disse que iria. − Esclareceu firmemente, assim que viu meu estado animado por sua resposta. E para que não o contrariasse, logo tratei de tirar o sorriso de meu rosto enquanto o seguia em silêncio sala afora em direção ao elevador.

 E para que não o contrariasse, logo tratei de tirar o sorriso de meu rosto enquanto o seguia em silêncio sala afora em direção ao elevador

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N/A: então, o que acham que vai acontecer... 

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