Capítulo XI - Acidente

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Numa agradável tarde de quinta-feira, Vitória tomava chá na casa de Marieta acompanhada de sua prima Helena, que voltaria para Petrópolis no dia seguinte.

– Então, quer dizer que, amanhã, Vitto irá jantar com Benício no Copacabana Palace!? – Disse Helena, animada.

– Isso mesmo. – Vitória revirou os olhos – Tanto fizeram que eu finalmente estou saindo com ele.

– Bem, até onde eu sei, fizeste mais que sair com ele no sábado... – Comentou Helena. Vitória riu de (falta de) vergonha. Marieta riu de nervoso.

– A foto que saiu no jornal de domingo dos dois se beijando causou tanto rebuliço! – Lembrou Marieta. – Nem imagina quanta gente veio me perguntar sobre isso!

– Ah, eu imagino. Também recebi muitas perguntas de gente curiosa.

– Quem detestou isso foi papai! - Exclamou Helena. – Veio até falar comigo, pedindo para eu colocar juízo na tua cabeça.

– Também recebi uma ligação e uma bronca de Tio Afonso! – riu – Mas expliquei para ele que fora tudo parte de minha estratégia.

– Estratégia? – Perguntou Marieta.

– Estratégia de propaganda, querida. Muito conveniente a dona de uma importadora de automóveis ser vista com um grande piloto, não?

– É sério isso? – Marieta parecia preocupada.

– Não! – riu – Mas é o que meu tio acredita no momento.

– Ah, não te preocupes, Marieta. Vitto está caidinha pelo teu irmão!

– Não exagere, Helena! – riu – Mas, sim, admito que ele é muito interessante.

– Vai adorá-lo cada vez mais, querida! – Disse Marieta. – Ele é um ótimo rapaz.

– Só espero, de coração, que não fiquem desapontadas caso isso não dê em nada, pois, muito provavelmente não dará!

– Estás precipitando-se! – Rebateu Helena.

– O futuro a Deus pertence, meu bem.

– Por favor, não criem expectativas em cima de meus relacionamentos. Tive muitos deles para saber que sou péssima nisso.

Vitória levantou-se para ir até à mesa buscar mais uma bandeja de biscoitos quando, sem querer, derrubou a xícara de chá de Marieta em cima dela mesma.

– Marieta, querida, perdoe-me! Queimou?

– Acho que sim. Sim! – Exclamou a amiga, com uma expressão de dor.

As três subiram para o quarto e Marieta tirou o vestido ensopado, conservando apenas a roupa de baixo. A empregada trouxe uma bacia com água fria e alguns panos de algodão, que Vitória usou para pressionar na região avermelhada do colo de Marieta.

– Mil perdões, querida! – Desculpou-se Vitória, mais uma vez.

– Tudo bem, Vitto, foi um acidente! – Perdoou Marieta, sempre muito doce. Vitória sorriu ao escutá-la usar seu apelido pela primeira vez.

A Doutora examinou a pele do busto da amiga e viu que a marca descia de seu pescoço até os seios. Mas foi um tom esverdeado em suas clavículas que lhe chamou atenção.

– Helena, querida, pode ver se Graça me arranja um pouco de erva-cidreira?

– Claro. – Helena estranhou o pedido, mas acatou.

Quando a prima saiu para ter com a empregada, Vitória fechou a porta e voltou-se para Marieta.

– Marieta, o que são essas marcas em teu busto, hein?

Castro e SouzaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora