Capítulo XXXIX - Enxoval

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Benício e Marieta estavam na casa de Laura e Afonso no jantar que os mesmos promoveram para celebrar o noivado da sobrinha. A oposição ferrenha dos noivos fez com que o jantar substituísse uma recepção formal, afinal, pela primeira vez na vida, Vitória e Benício estavam saturados de festas.

– Bem, eu fico feliz por terem optado em não fazer uma festa muito chique. Afinal, isso é sobre família. Estamos muitos felizes em tê-los na nossa. – Disse Laura, enquanto todos comiam em um silêncio aterrador. – Não é mesmo, Afonso?

– Claro. – Respondeu ele, com um sorriso breve.

– Estamos muito felizes também, Dona Laura. – Disse Marieta, sorrindo.

– Como estão seus pequenos, querida? – Perguntou Laura.

– Estão ótimos. João está aprendendo a ler e Maví está cada vez maior! – sorriu.

– Tu e teu irmão não possuem parentes próximos? – Questionou Laura.

– Apenas alguns primos com quem não possuímos mais contato e a família do meu falecido marido. Temos tios e primos em Portugal, mas não sabemos se virão para o casamento. – Respondeu Marieta.

– Entendo. Também não sabemos se a tia e os padrinhos de Vitória também virão da Europa.

– Minha tia virá, ela não perderia a oportunidade. – Resmungou Vitória. – Meus padrinhos certamente não virão.

– Ah, querida, não há como ter certeza... – Disse Laura.

– Mas eu tenho.

– Benício, meu caro, estás tão quieto. – Comentou Laura, para mudar de assunto.

– Ah, sim. – sorriu – Este jantar maravilhoso certamente me deixou sem palavras, Dona Laura. – Respondeu Benício.

– Ah, obrigada! – Agradeceu Laura, sorrindo lisonjeada. Vitória revirou os olhos com intensidade; ele era realmente muito bom em conversa fiada.

– Quando marcarão a data? – Perguntou Afonso, sério.

– Iremos na igreja semana que vem, Seu Afonso. – Respondeu Benício.

– Eu ainda preferiria casar no cartório. – Comentou Vitória.

– Não sejas boba, querida. – Disse Laura. – Casamento é na igreja, diante dos olhos De Deus!

Era inútil discutir, então Benício e Vitória simplesmente ficaram quietos e mergulharam em suas taças de vinho para fazer descer aquela comida que, por mais que deliciosa, estava quase impossível de engolir junto ao clima de enterro daquele jantar.

– Usarás o vestido de tua mãe, Vitto? – Perguntou Laura, sorrindo, para amenizar o clima.

– Tia, minha mãe casou-se em mil oitocentos e oitenta e sete.

– E daí?

– Creio que anáguas sejam ilegais hoje em dia. – Ironizou Vitória.

– Poderíamos modificá-lo. Soltar o corpete, retirar os enchimentos... Tua mãe foi uma das noivas mais lindas de sua época!

– Mamãe não era uma pessoa muito nostálgica. Tenho certeza que iria gostar muito que eu usasse um vestido feito neste século.

– Não te preocupes, Dona Laura, cuidarei para que Vitto escolha o vestido mais belo o possível. – Disse Marieta.

– Sim, sim. É claro. – sorriu – Vitto, como está teu enxoval? – Perguntou Laura. Vitória arregalou os olhos. Benício prendeu uma risada.

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