Capítulo XXIII - A meia amaldiçoada

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Em um dos cartórios mais bonitos da cidade, José Miranda e Cláudia dos Santos contraíram matrimônio em uma tarde ensolarada de sábado. Um grupo de amigos, familiares e outros conhecidos aguardavam a saída dos mesmos do lado de fora do prédio e, quando os recém-casados saíram, uma chuva de arroz e "vivas" tomou conta da calçada.

Benício e Vitória saíram do cartório logo atrás dos noivos, já que Benício foi um dos padrinhos e ambos serviram de testemunhas. Ainda no tumulto da calçada, Benício correu para parabenizar o amigo apropriadamente. Após abraçá-lo, foi em direção à noiva.

– Cláudia. – Disse Benício, encarando-a sério.

– Benício... – Disse Cláudia, séria.

Os dois se encararam, sérios, por alguns segundos, até que soltaram o riso e se abraçaram.

– Parabéns, Senhora Miranda! – Exclamou Benício, por fim, ainda abraçando a amiga.

Miranda foi até Vitória:

– Não sei se é uma boa hora para lhe contar que os dois costumavam namorar antigamente. - Disse Miranda, divertido.

– O quê!? – Reagiu Vitória, rindo. – Está brincando!

– Como acha que eu a conheci? – riu.

– Quando eu acho que a cara de pau daquele homem não poderia ser maior, ele me traz para o casamento da ex! – riu.

– Não acredito que ele não contou. Não está brava, está? - riu. 

– Claro que não, querido. – sorriu – E, meus parabéns pelo casamento. Desejo a vós toda sorte de bênçãos!

– Obrigada, doutora.

Os dois se abraçaram e Vitória tentou ir cumprimentar a noiva, mas a mesma já estava no carro para que se dirigissem à recepção do casamento. Benício localizou sua acompanhante e lhe estendeu o braço para que fossem até seu carro.

– Realmente pensaste que era uma boa ideia trazer sua atual namorada para o casamento de tua ex-namorada sem dizer nada? – Perguntou Vitória, caçoando.

Benício arregalou os olhos.

– Ah, Miranda lhe contou, certo? – Disse ele, suspirando. Vitória assentiu, rindo. – Olhe, não foi nada demais, eu, nós, foi apenas...

– Está tudo bem, bobo. – riu – Estou brincando, apenas.

– Ah, sim. – sorriu aliviado.

– Mas tenha cuidado, futuramente, a próxima pode fazer um escândalo...

Todos os convidados dirigiram-se a Lapa onde estava para ocorrer a recepção. O Grande Hotel Bragança não era tão grande assim, mas tinha estilo – coisa que, para aqueles noivos em particular, era essencial. Cerca de setenta convidados, muito diversos, compunham a bela recepção que adornou o salão do hotel com flores, música e a celebração do amor de duas pessoas que muito se queriam.

A noiva trocou de roupa. O simples vestido azul-marinho que usou para oficializar sua união foi substituído por um longo vestido branco em seda de alças e busto reto. Seu cloche deu lugar a um arranjo de flores e um par de compridas luvas de renda substituíram suas pequenas luvas diurnas.

Castro e SouzaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora