Capítulo XXXIII - Mulheres eternamente insatisfeitas

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Laurentino Cavalcante, um homem importante, embora falido, invadiu uma mansão em Laranjeiras no meio da madrugada, rendeu o proprietário – um famoso piloto automobilístico 

– sob a mira de uma arma para assaltá-lo, bem como sua amante – uma famosa herdeira de reputação duvidosa –, que, por sinal, era filha do homem que o próprio Laurentino considerava responsável pela falência de sua empresa e ruína de sua vida. Ele agride fisicamente os dois amantes com a intensão de matá-los, mas tudo acaba quando o piloto atira nele com sua própria arma, levando-o a óbito. Um verdadeiro escândalo.

"Sexta-feira: Um homem invade uma casa no bairro de Laranjeiras para cometer um assalto e é morto pelo proprietário. O Sr. Benício de Souza atirou no Sr. Laurentino Cavalcante após o mesmo rendê-lo em sua casa durante a madrugada, com o intuito de assaltá-lo. Os dois envolveram-se em um confronto físico. O ladrão, aparentemente, necessitava de dinheiro para pagar uma dívida."

– Não estão falando de mim nos jornais. – Comentou Vitória, sentada em sua cama, com Helena, cercada por uma porção de jornais.

– Não sei o que houve com estes jornais, porque teu nome está na boca de todos recentemente. – Respondeu Helena.

– Imagino que Garrel deve ter intimidado alguns jornalistas...

– Vitória, sabes que ainda tens um problema, certo? Os jornais podem não estar falando, mas as pessoas estão! Muitos viram tu e Benício saindo de uma boate na madrugada em que isso tudo ocorrera.

– Sim, exatamente! – Exclamou Vitória. – Estão falando. Especulando. Nada podem provar. São apenas rumores, uma hora eles cessam e tudo volta ao normal.

– Falando em normal... – Disse Helena, sentando-se na cama. – Papai está mal por ter gritado contigo anteontem.

– Está, é? – revirou os olhos.

– É sério! Ele quase me colocara louca durante o fim de semana para descobrir onde estavas.

– Não disseste nada sobre a casa de Itaipava, certo? – Perguntou Vitória, preocupada.

– Claro que não. Mas papai está preocupado. Muito.

– Comigo ou com a reputação dele?

– Meu pai estima-lhe muito, Vitto. Sei que estás chateada, mas não podes ignorá-lo para sempre.

– Observe-me.

– Vitto...

– Está bem! – revirou os olhos – Deixe esta história toda esfriar de uma vez por todas e eu irei jantar com eles. Além do mais, devo um pedido de desculpas à Tia Laura. Mal pude falar com ela...

– Falarei com meus pais e avisarei que já está na cidade novamente.

– Claro. – suspirou – Lena, eu... Por acaso sabes aonde Benício está?

– Marieta disse-me que ele está na casa deles em Teresópolis. Não falaste com ele?

– Não desde que saímos da delegacia sábado de manhã. Quer dizer, ele me ligara mais tarde naquele dia para dizer que Laurentino havia falecido, mas foi só. Sabes quando ele volta?

– Não sei, mas creio que deva ficar um bom tempo por lá, pois o teu nome pode não estar no jornal, mas o dele...

Helena ficou encarando Vitória. As manchas em seu pescoço, bem como a de seu rosto, estavam amareladas e esquisitas. Sentiu um aperto no coração ao imaginar o somatório disso com tudo que a prima havia passado, não somente naquela noite, mas desde perdera sua mãe.

Castro e SouzaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora