Capítulo XXXVI - Safira

401 68 33
                                    

Vitória estava em seu escritório olhando amostras de solo em um microscópio e fazendo anotações em um caderno ao seu lado. Concentrada, ela desviou a atenção da lente do aparelho e tateou a bagunça de sua mesa até pôr as mãos em um livro, que começou a folhear, aparentemente a procura de alguma informação. Ela voltou seu foco para as anotações, quando uma batida na porta lhe tomou a atenção.

– Entre. – Gritou ela.

Benício adentrou seu escritório com o chapéu em mãos e uma expressão tão pouco divertida quanto a da Doutora, concentrada em seu trabalho.

– Bom dia, Doutora. – Disse Benício, observando o lugar. – Então, este é o teu escritório?

– Sim. – Respondeu Vitória, seca.

– Não é bem o que eu esperava.

– O que esperavas? - revirou os olhos.

– Eu não sei, tubos de ensaio com coisas coloridas, uma passagem subterrânea, vidros com cabeças de animais estranhos...

– Sou bióloga, Benício, não uma cientista maluca.

– Os esqueletos e crânios são menos assustadores do que imaginei. – Disse ele, rindo, apontando para uma prateleira com três crânios humanos enfileirados e um esqueleto pendurado por um suporte.

Vitória levantou-se de sua cadeira e foi para a frente de sua mesa, recostando-se levemente ali.

– Tudo bem. O que vieste fazer aqui? – Perguntou Vitória, sorrindo e cruzando os braços.

Benício colocou a mão no bolso e retirou uma caixinha, jogando-a para Vitória, que pegou no ar. Antes que pudesse abrí-la, Vitória precisou agarrar mais quatro caixinhas daquelas que Benício, sem pausas, começou a arremessar nela.

– Mas o que... – Murmurou Vitória, segurando com dificuldade as cinco caixinhas aveludadas.

– Escolha.

Vitória virou-se, pôs as caixinhas em cima da mesa e começou a abrir uma por uma. A primeira continha um anel com uma grande esmeralda redonda em uma armação de platina, circundada por diamantes pequenos. A segunda tinha um diamante pêra amarelo envolto por brilhantes. A terceira era um diamante quadrado cor-de-rosa, também com brilhantes em volta. A quarta era uma enorme safira oval azul-marinho. A quinta era outro diamante amarelo, dessa vez retangular e sem brilhantes.

– Nenhum diamante branco? – Perguntou Vitória.

– Não. – Respondeu Benício, naturalmente.

– Eu quero um diamante branco.

– Então compre um.

– Estás sugerindo que eu compre meu próprio anel de noivado!?

– Sim.

– Não!

– Então trate de escolher entre os anéis de minha mãe!

– Espere, tua mãe teve cinco anéis de noivado?

– Ela teve dezessete. Ela trocava de anel todo ano.

– Meu Deus...

– Claro que ela vendia o anterior cada vez que trocava, mas alguns – apontou para a mesa – eram os preferidos. Vamos lá, há três diamantes aí, Vitória, apenas escolha.

– Não gosto de diamantes amarelos. Gosto do rosa, mas não do formato.

– E os outros dois...?

Castro e SouzaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora