Nota da autora

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Castro e Souza começou como um mecanismo para que eu saísse de um bloqueio criativo que me atormenta desde 2015. Era para ser uma história simples, boba até, sobre um casal de classe alta que se envolve em um assassinato. No rascunho original, a história era ambientada no ano de 1873, mas, inacreditavelmente, foi meu amor pelo automobilismo que me fez avançar uns anos e situar a história algumas décadas depois. O que era para ser um simples conto de trinta mil palavras, virou um romance de oitenta capítulos.

Quando comecei a escrever, eu estava plenamente ciente de duas coisas: eu não tenho uma história muito boa e nem tenho um desfecho surpreendente. Castro e Souza surgiu de uma ideia tosca que tive quando estava lendo 1808, do Laurentino Gomes, para o vestibular. Quando me dei conta, já tinha personagens, tramas e dramas na minha cabeça. Mas imaginem a minha surpresa quando descobri que a minha brincadeirinha havia vencido o WattysPT 2018. E mais surpresa ainda eu fiquei quando descobri que haviam pessoas - sim, pessoas - lendo e acompanhando a minha história. Antes, essa ocupação pertencia a uma única pessoa: meu amor, Blake, que me aturou por horas e horas na mesa da lanchonete enquanto eu simplesmente despejava nele o enredo dessa e de todas as minhas outras obras que eu mal tinha começado a por no papel. Sou profundamente grata por cada um desses momentos.

Nunca fui boa com descrições, meus anos no teatro - devidamente honrados no Capítulo XIV - fizeram da minha terceira pessoa uma narradora pobre, mas os diálogos são o meu forte graças ao curso de dramaturgia. Talvez o leitor tenha estranhado a forma como cenas são iniciadas, terminadas e transitam entre diálogos, sem que haja um parágrafo de descrição. Espero de coração ter criado falas ricas o suficiente para suprir a ausência da minha narradora preguiçosa.

Castro e Souza é sobre feminismo, privilégios de classe e hipocrisia social. Mas também é sobre amizade, família, compaixão, superação e, é claro, paixão. Também é sobre meu amado Rio de Janeiro que, apesar da crise político-social que enfrenta, ainda existe no meu coração e nos de milhares outros cariocas como a Cidade Maravilhosa, e assim sempre será. A ambientação histórica garantiu um certo charme ao enredo com as intrigas, o comportamento social e todo o glamour que os anos vinte possuem no sentido artístico e cultural. Espero de coração ter sido bem sucedida em criar uma obra que exaltasse a estética de uma época e uma classe sem romantizar os males das mesmas. Não criei uma história com uma grande moral ou reflexão, a única que lição que podemos tirar dela é que: se, hoje em dia, o mundo é um pedaço de merda classicista, misógino, racista e cruel, naquela época era mil vezes pior - mas não quer dizer que não haja espaço para boas histórias de amor, debates morais e intrigas sociais. É o ditado: Jovens ricos cometem assassinato é SEMPRE uma boa pedida.

Aos meus leitores, antigos e novos, os mais sinceros agradecimentos.

Com amor e gin,

Juliana.

Castro e SouzaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora