Capítulo 01.

147K 7.3K 8.4K
                                    

Chego ao estacionamento do grande prédio composto por blocos que pareciam arranha-céus. O condomínio ficava de frente pra praia de Copacabana, era lindo ali e a vista proporcionada era maravilhosa, não que eu não seja acostumada com tudo isso, eu morava de frente pra praia do Leblon em um condomínio de casas, mas para mim, morar em um apartamento-casa era minha primeira experiência.

No condomínio Saint Louis Green tudo era sofisticado, de acordo com meu primo, aquele apartamento havia custado dois milhões de reais, achei exagero, mas me enganei agora que o vejo pessoalmente.

Após dar uma olhada em tudo eu respiro fundo e encaro essa nova fase da vida: morar longe dos meus pais, ter responsabilidade, e crescer. Não exatamente moraria ali sozinha, mas sim com meu primo, bem, meu primo e seus quatro amigos completamente gatos e gostosos, todos universitários.

Mas óbvio que meus pais não sabiam dessa informação.

Para meus pais, eu moraria com meu primo Arthur, de vinte anos, que cursava administração e era um rapaz muito responsável e adulto, eu terminaria os estudos e iria embora próximo ano para Itália, morar com eles. Mas imagine tudo ao contrário, iria morar com meu primo Arthur, vinte anos, criança, irresponsável, pegador, cachaceiro e que quase não frequentava a faculdade de administração porque amanhecia completamente de ressaca.

Gostava do Rio de Janeiro apesar de tudo, apesar das coisas que aqui me aconteceram, das minhas amizades falsas, do meu namorado na qual tenho nojo, de tudo isso. Eu havia nascido aqui e queria morrer aqui. Reconstruir tudo, renascer, era algo muito difícil para mim, mesmo com essa oportunidade e sendo fluente no Italiano, eu não queria ir.

Minha melhor opção era morar com meu primo por um ano, e vocês acham que achei ruim?! Só que nunca!

Para meus pais estava sendo bem difícil deixar sua única filha nas mãos do primo. Pela janela do carro enxergava os olhos de minha mãe transbordando lágrimas, os mesmos estavam avermelhados, seu nariz já não era mais embranquecido e sim vermelho, como um tomate.

- Mamãe, não chora - digo, quase chorando. - É só um ano.

- A mamãe fica preocupada, meu amor - ela chora acariciando as costas da minha mão. - Não aguento ficar longe da minha princesinha.

Ver mamãe daquela maneira me partia o coração, mas não seria um obstáculo na vida deles, pra papai essa oportunidade de ser CEO na Itália era incrível.

Apesar de ser rica desde nascença, eu não era uma garota mimada. Minha mãe nunca me ensinou à ser alguém ruim e julgadora, ela me ensinou à ser uma boa menina, acima de tudo. Tinha orgulho de meus pais e de ser quem era.

- Ligaremos todos os dias, mandaremos dinheiro certinho e o cartão sempre estará pronto pro uso, não quero saber de namoradinhos e não esqueça de usar camisinha, estou muito novo para ser avó! - meu pai diz rígido.

- Pai! - o repreendo.

- Pai o quê? - ele retruca. - Você já tem dezesseis anos, quase dezessete, não é mais uma criancinha. E se lembre, se alguém te tacar uma pedra se mostre superior, taque um tijolo.

Minha mãe lhe dá um tapa no ombro.

- Richard! - ela grita. - Pare de ensinar essas coisas para sua filha!

Solto um sorrisinho, meu pai era um pai muito presente e divertido, apesar da empresa, ele sempre procura ter tempo para me dedicar.

- Eu amo vocês! - confesso me debruçando pela janela do compartimento traseiro do carro e os abraçando forte. - Também amo vocês, Marcos e Thiago!

Marcos, o motorista, e Thiago, o segurança pessoal dos meus pais me olham lá da frente e me lançam um sorriso meigo, eu havia crescido com eles.

Paraísos PerdidosWhere stories live. Discover now