Capítulo 18.

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Eu acordo sem ser acordada, o que é raro, geralmente se não for acordado eu não acordo. Mas quando olho pra janela e vejo que as cortinas estão ainda escuras eu entendo o porquê.

Volto a deitar na cama e me enrolar em busca do sono mas nada. Pego meu celular e são duas e meia da manhã, fico um pouco nas redes sociais e olhando uns vídeos até ficar com sede.

Vou no banheiro, lavo meu rosto e vou pra cozinha, estava tudo escuro e quase morri de susto quando olhei pra varanda e vi alguém lá.

Acabo tropeçando na bolsa de alguém e isso faz com que a pessoa vire, ligo a luz e vejo ninguém mesmo que Bruno me assustando em plenas três da manhã.

Bufo e vou pegar um copo pra beber água, quando me viro, o demônio já está no balcão sentado.

Será que ainda estava com dor de barriga? Não queria fazer isso, era pro efeito ser rápido, aliás, ele trabalha e tem faculdade.

─ Insônia? ─ indago bebendo minha água e o mesmo assente.

─ Insônia também? ─ ele pergunta e também concordo com a cabeça.

─ Sempre tive isso, mas antes, quando acordava no meio da noite, meu pai sempre estava atacando a geladeira e nós fazíamos isso juntos, isso eu meio que puxei dele, uma vez fizemos churrasco umas duas da manhã, mamãe acordou furiosa ─ contei e ele sorriu de lado.

Ele se levantou e foi pra geladeira, trouxe de lá refrigerante, pizza congelada, batata pra fritar, bolinho, cheetos e doritos, jogou tudo em cima da mesa e pegou somente a pizza congelada pra colocar no forno.

─ O que está fazendo? ─ perguntei o observando.

─ Atacando a geladeira contigo, não está tão visível assim?

─ Nem tô com fome ─ digo mas ele me olha por cima do ombro e me fuzila.

─ Não ouser se mover, priminha.

Ele coloca a pizza no forno e as batatas pra fritar numa panela especial pra batata. Sei bem que ele não queria era que o óleo espirrasse nele.

─ Quando eu era criança, também tinha muita insônia, e minha babá, a Cláudia, fazia um chá de camomila muito gostoso, nossa, nunca vou esquecer daquele chá ─ ele conta rindo atoa e também dou um sorriso bobo.

─ E sua mãe? ─ pergunto, mas depois penso que devia ter ficado com a boca fechada, ele faz uma cara péssima.

─ Morreu, quando eu nasci, ela morreu no meu parto.

─ Sinto muito ─ digo olhando pros meus dedos.

Ficamos em silêncio por alguns instantes até ele me chamar.

─ Vem ver uma coisa ─ vai andando em direção à varanda e me chama, o sigo. Chego na varanda e ele me pede pra olhar pela janelinha, assim faço.

Vejo um céu incrível, bem estrelado, acompanhado de uma gigantesca lua cheia que iluminava a água do mar a deixando brilhante, confesso que era lindo, principalmente com as luzes do condomínio apagadas.

─ Lindo, não é? ─ assinto observando as ondas calmas que se quebravam.

Era tão bom sentir aquela brisa, olhar aquele céu maravilhoso.

Me virei e dei de cara com Bruno que também observava o céu, mas desta vez, bati contra ele. Ele segurou meus braços e me olhou durante alguns minutos, seus olhos estavam nos meus me encarando profundamente, senti meu coração batendo forte. Suas mãos quentes seguravam meu braço com delicadeza.

─ A pizza está queimando ─ ele disse.

─ Hã? ─ ele olhou pra trás e saiu correndo pra cozinha.

Paraísos PerdidosWhere stories live. Discover now