Capítulo 06.

69.7K 5.3K 3.2K
                                    

Acordo às seis horas em ponto, claro que estou morrendo de preguiça e sono, mas tinha que voltar aos estudos.

Ir pra escola era algo mais que difícil para mim, mas tinha que superar tudo e encarar o que era preciso. Nunca havia reprovado e não seria dessa vez que daria esse desgosto aos meus pais.

Vesti a calça da escola que era de malha e batia abaixo do joelho, o blusão, calcei meu adidas branco, ajeitei minha bolsa e peguei algumas coisas precisas.

Saí do quarto penteando meus cabelos com os dedos e encontrei Léo no sofá só de camisa e cueca box. Eita pedaço de mal caminho.

Léo estava correndo o risco de ser o genro que apresentaria para mamãe e se tudo desse certo, o pai de meus filhos.

Fui na cozinha e vi um banquete sobre a mesa: pães, bolos, café, suco, salada de frutas e tudo que era possível ter direito.

─ Bom dia ─ ele chegou na cozinha também se sentando comigo.

─ Bom dia, o cheiro está delicioso ─ digo colocando suco para mim.

─ Acordo bem cedinho pra fazer, quando eu morava com meus pais, tínhamos uma padaria e meu pai me chamava quatro da manhã para ajudar mamãe na cozinha.

─ Quis seguir gastronomia por conta disso?

─ Não, mas é porque eu gosto, a maioria das pessoas perguntam se curto uma banana, mas acho isso preconceito, gosto de cozinhar e nem por isso sou gay ─ ele diz e abro um sorrisinho.

─ No restaurante você também fica de cueca? ─ pergunto curiosa.

─ Sim, não gosto de usar calças, me sinto desconfortável, no começo, meus ajudantes e outros cozinheiros estranhavam, mas já se acostumaram, literalmente.

─ Você é louco! ─ dou uma risada.

─ Vou te deixar na escola, tudo bem pra você?

Assinto e continuo a comer pensando em como seria a reação das pessoas ao me verem e como eu reagiria com elas. Ano passado meu nome era a boca do povo naquela maldita escola. Mas eu havia prometido que não pensaria mais duas vezes e falaria mesmo pra quem visse falar A ou B.

Quando terminei fui escovar os dentes rápido, depois peguei minhas coisas e chamei Léo. Ele estava de cueca ainda e uma camiseta preta, e pense em um homem cheiroso, meu Deus do céu! Entramos no elevador e fomos pra garagem, quando chegamos lá entramos em seu carro.

Coloquei o cinto e ele colocou rap pra gente ir escutando, dei as coordenadas e dentro de minutos chegamos lá, ele dirigia meio rápido mas nada muito louco como Arthur.

Pela manhã, era incrível apreciar a vista pro mar, aquele sol que adentrava pela janela do carro e esquentava meu rosto e por um momento esqueci que estava indo pro inferninho.

Quando chegamos lá respirei fundo e me preparei psicologicamente pra enfrentar aquilo tudo. Olhei pra Léo e forcei um sorriso.

─ Tenha uma boa aula ─ se debruçou e beijou o canto da minha boca. Quase surtei.

Fiquei vermelha de vergonha e saí dali em passos lentos, acenei e fui caminhando pro portão, já haviam entrado, estava atrasada.

Apressei os passos e entrei com uma cara ótima pra não dizer o contrário. Fui em direção à minha sala que ficava no segundo piso e respirei fundo antes de entrar ali. Abri a porta e vi a turma cheia, meu Deus que vergonha, pedi licença ao professor e fui me sentar em minha cadeira que ficava no meio. Ou seja, fui o centro das atenções e pra piorar vi rostos que não queria ver, sabia que eles iriam cair na mesma sala que eu.

Paraísos PerdidosWhere stories live. Discover now