Paraísos Perdidos

Capítulo 50.

Ricardo narrando:

Merda, meu nariz sangra muito, mas não quebrou. Limpo o sangue com papel toalha.

Nunca me dei muito bem com Bruno desde quando a gente se conheceu, a gente se falava e tudo mais. Mas ele sempre foi meio fechado, não sei bem se esse era o jeito dele, mas que se foda. Isso não iria ficar assim.

Pego meu celular enquanto ando pelo banheiro da minha sala e disco o número de Vivian.

Ela atende no quinto toque.

─ Já sei quem é sua rival ─ toco meu nariz que escorre o líquido avermelhado e pegajoso.

─ Minha rival? ─ ela indaga com voz de sono.

─ Sim, a menina da vida do seu maridinho de merda... é Lara, prima do Arthur ─ conto e ouço um som de surpresa vindo de Vivian. ─ Ele veio no meu serviço me bater por causa dela. Meu ódio aumentou pelos desgraçados.

Aperto o punho com força até meus dedos ficarem brancos, só então lembro do pó no bolso e tiro o saquinho enfileirando na pia, tiro uma nota de cem e enrolo enquanto apoio o celular entre o ombro e o ouvido.

Vivian continua em silêncio.

─ Lara? ─ sua voz sai falha. ─ Aquela pirralha?! ─ grita.

─ Oh, caceta ─ puxo uma fileira e coço o nariz. ─ Não grita.

─ Não acredito, Ricardo ─ ela está chorando. ─ O que ela tem que eu não tenho?!

Vivian está indignada, isso é visível.

─ Uma bucetinha apertada ─ digo gargalhando e a mesma bufa.

─ O que vamos fazer? ─ pergunta após um tempo.

─ Relaxa, Vivi. Eu vou me vingar, vou descontar na pobre Lara... e você vai me ajudar, estamos nessa juntos, não é?

─ Claro, amigo.

Desligo o celular e meto no bolso, volto a cheirar o resto das fileiras de pó  e por último lavo meu nariz e o seco.

Bruno iria me pagar, ah se ia. Ele mexeu com a pessoa errada.