Capítulo 05.

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Minha cabeça roda, sinto muita tontura e uma dor aguda por conta da queda. Abro meus olhos com dificuldade e o sol adentra os mesmos, uma sombra impede a entrada do sol em meus olhos, minha vista está embaçada e aos poucos vai se normalizando.

Os olhos cor de mel dele se fixam nos meus.

─ Você não olha por onde anda, garota?! ─ ele diz arrogante puxando meu braço para que levantasse. Esperava tudo; um "você está bem?", "se machucou?" mas não, o ignorante e brutamontes resolveu gritar comigo sendo que ele havia me atropelado.

Só então o reconheço, o idiota da festa de ontem à noite.

Ele me larga lá mancando e vai ver sua railux prata.

─ Tudo bem com você, querida? ─ ele passa a mão na railux e me olha com desdém. ─ Olha aqui, sua pirralha, aprenda a olhar por onde anda, eu podia ter passado por cima de você.

Estava tão tonta pra retrucar que acabei caindo no chão de novo, ele me levantou e me sentou na calçada.

─ Você tá se sentindo bem? ─ ele pergunta sério.

Magina, sou atropelada todos os dias.

Coloco a mão na cabeça e fico de olhos fechados, minha perna ardia, estava apenas ralado.

─ Olha, tenho mais o que fazer do que ficar vendo esse seu show digno de projac, então já vou indo.

E ele me dá mais uma olhada e entra no carro. Idiota! Viado! Cretino! Ele baixa os vidros e fala:

─ Na próxima vez, olha por onde anda, bebezinho ─ ele diz e ri. Eu bufo com ódio.

Ele vai embora e fico ali um pouco sentada vendo se a tontura passava, algumas pessoas olhavam com curiosidade pra cena.

Me levanto após um tempo e vou comprar o açaí, depois desço pra praia ainda praguejando contra aquele ordinário e cego.

Estico minha tanga pela areia e sento em cima tomando meu açaí, a praia tava até cheia. Passei óleo bronzeador e tirei meu short ficando de bunda pro sol.

Peguei um bronze e lá pelas duas e meia da tarde resolvi ir embora. Fui tomando água de cocô durante todo o trajeto até no condomínio. E claro, prestando bastante atenção nas ruas que atravessava.

Pedi o elevador e tirei uma foto mostrando minhas marquinhas, postei no facebook até. E vi lá comentários de Ruan, me chamando de dele, como eu odiava ele.

Quando cheguei no andar a porta estava aberta, o cheiro de lavanda impregnou meu olfato. Fui entrando e deixando minha bolsa no sofá, bebi água e fui direto pro quarto morrendo de dor de cabeça.

Ouço vozes conversando e rindo, e quando chego no quarto onde estava hospedada vejo cinco meninos jogados nas duas camas e no chão também, todos os quatro eu conhecia, menos um, o que estava deitado em minha cama e agarrado ao meu travesseiro sorrindo, ele usava uma samba canção do hora de aventura e uma camisa de Harvard. Assim que entrei no quarto ele me olhou, nossos olhares se cruzaram e por um momento meu coração bateu muito forte.

Era ele, o idiota da festa, o cara que havia me atropelado, aquele imbecil e viado que havia praticamente me humilhado.

E ele então esboçou um sorriso irônico em minha direção. E eu fiquei de olhos arregalados e coração batendo forte.

─ Lara? ─ Arthur se levantou e veio até mim. ─ Esse é Bruno, o que faltava você conhecer.

O "Bruno" se levanta e vem até mim, estende sua mão e ri.

─ Olá, priminha ─ diz com ironia. ─ Sou Bruno Rocco, se precisar de um advogado eu estou em sua disposição.

Ele tirou o cartão dele em um passe de mágica e me estendeu.

Naquele momento morri de raiva, pensei que ia explodir só de raiva. Fuzilei a cara dele com ódio e dei tchau pra todos saindo dali.

Não acredito que iria conviver com aquele inconveniente, porém, ainda bem que ele não ficaria o tempo todo por aqui.

Vou pro banheiro social, todo um banho, me visto e me deito no sofá assistindo televisão. Acabei pegando no sono.

Quando acordei ouvi vozes, os meninos estavam jogando xbox e bebendo bem do meu lado, fiquei com muita vergonha.

─ Filho da puta, o gol ia ser agora seu miserável filho de uma mãe obesa e prostituta ─ Arthur gritou e tacou o controle em Diego.

─ Ei, chingamentos, tu desobedeceu a regra número 134 de chingar no jogo.

O Bruno disse rindo e bebendo. Como eu odiava ele.

─ O Bruno tem uma coisa séria com regras, existe regra pra tudo, caso você quebre alguma dessas, é obrigado fazer um desafio ─ Peter me conta baixo e assinto entendendo.

─ O que vai ser agora? ─ ele pergunta bufando.

─ Nada demais, só ficar bêbado e sair pelado até na piscina, dar um mergulho sentindo a água fria tocando seus pentelhos do saco, nada demais.

Esse Bruno é um ridículo e mimadinho.

─ Nada que eu nunca tenha feito ─ Arthur dá ombros e começa a beber.

Arthur bebeu umas quinze cervejas sozinho, e quando ele tomou um gole da décima sexta, ele vomitou em cima de Diego que rolou os olhos.

Meu primo se levantou muito bêbado, foi cambaleando até a porta e se despiu, fomos atrás rindo, quer dizer, eu estava achando aquilo patético. Coisa de criança.

Arthur cumpriu seu desafio, estava morto de bêbado e nem conseguia andar direito, muita gente ficou olhando pra cena e os meninos se mataram de rir gravando tudo.

Quando regressamos, Arthur só vomitou bastante e caiu morto em cima da cama.

Jantamos pizza e cada qual foi pro seu canto, enquanto eu estava no balcão mexendo no celular.

Ouvi a campainha tocando e passos rápidos em direção à porta. Era Bruno. Mas antes, ele parou e me fitou com uma sobrancelha erguida.

─ Tá na hora de neném ir nanar ─ ele disse com voz de criança e sorriu de sua própria piada indo atender a porta.

Revirei os olhos.

Dentro de segundos ouço estalos, e sons de beijos, vejo então a cabeleira loira e Bruno aos beijos selvagens.

─ Não fique olhando isso, é feio ─ a menina falou me olhando com deboche.

─ Estamos dando um mal exemplo pra criança, vamos pro céu, amor? ─ Bruno pergunta e ela nega.

E os dois saem caindo e se beijando. Morro de raiva ainda mais.

Bebo um pouco de água e vou pro quarto, vejo Arthur dormindo e Peter sentado na escrivaninha de Arthur no notebook. Ele me olha assim que entro no quarto e me deito.

─ Tem fones? ─ Peter perguntou e assenti. ─ É bom usar.

─ Por que? ─ questiono.

E então, ouço gemidos altos.

Está explicado!

Paraísos PerdidosWhere stories live. Discover now