Capítulo 88.

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Peguei algumas roupas e alguns objetos e arrumei em minhas duas malas, era manhã, mesmo Bruno insistindo pra ficar comigo eu implorei que ele fosse pro serviço, queria ficar sozinha, ou melhor, arrumar minhas malas sem ele ver. Não sabia ainda como dizer isso tudo à ele, e percebi que ele estava tenso até demais.

Me olhei no espelho, meus olhos estavam avermelhados e inchados, o cordão que Vivian me deu brilhava em meu pescoço e toquei o anel de noivado de Bruno sentindo as lágrimas se acumulando em meus olhos. Não queria ir, não queria o deixar, meu coração estava em pedaços em ter que me separar dele. 

Eu respirei, precisava ser forte nesse momento como sempre fui. Toquei aquele pingente e tentei colocar um sorriso convincente nos lábios, tudo ficaria bem, meu bebê estava comigo nesse momento, ele era meu anjinho da guarda. Essa era a decisão certa, era meu pai e minha mãe.

Mamãe não disse nada ainda sobre papai, ela apenas pediu que eu fosse pra Itália, e assim já estava obedecendo. 

Me sentei naquela cama e inalei o cheiro de Bruno, peguei em sua camisa que ele tanto gostava e a levei até minhas narinas, seu cheiro era tão delicioso e me trazia tão boas lembranças. Ele me causava coisas boas. E de repente comecei a lembrar de tudo, desde o ódio até o amor. Quando eu cheguei no apartamento da loucura e ele me olhou com certo desprezo, nem imaginando que hoje me olharia com a paixão estampada em seus olhos. E eu posso dizer o mesmo, no começo eu era louca por Léo e Bruno era como um idiota pra mim. Às coisas mudam de forma rápida, não é?

Peguei minhas malas já arrumadas e as coloquei no closet escondidas e tranquei a porta da minha parte, me agachei naquele chão sem forças e deixei que as lágrimas escapassem por meus olhos. Por que era tão difícil?!

Eu amava tanto estar ali, gostava dos meninos que durante esse ano se tornaram uma família única pra mim, gostava do nosso clima sempre divertido e de como eles me ajudavam em tudo que precisava.

Deixar ali estava sendo mais difícil do que imaginava, o adeus estava apertando em meu peito. Não queria dizer aquela palavra, mas era impossível eu continuar ali. 

Após tudo isso era o mais certo eu ir pra onde minha família. Eu menti pros meus pais, e por minha culpa meu pai havia sofrido um acidente e estava no hospital. E eu queria uma nova vida, podia ser egoísmo meu jogar tudo pro alto, mas tanta coisa ruim aconteceu nesse ano em minha vida naquela cidade que eu precisava me mudar, ir pra longe, renascer. Queria apagar tudo de ruim, queria colocar apenas lembranças boas.

O sorriso de Bruno, nossas brincadeiras, o jeito que fazíamos amor, quando eu lhe contei que estava grávida e visei o homem mais feliz do mundo, nossos beijos... nossos momentos.

Não iria me despedir, não conseguiria me despedir, não digo só dele como de todos os meninos, eu era fraca demais para dizer adeus. Eu não sabia se iria voltar.

Eu almocei e recusei a conversa com Léo e Diego, queria ficar sozinha, não queria chorar na frente deles ao pensar que nunca mais iria os ver. 

Bruno chegou pelas doze da tarde, ele veio direto me ver. Adentrou o quarto sem convites, eu assistia televisão com Sara na cama. Seus passos eram rápidos, ele se agachou no chão e alisou meu rosto.

─ Você está bem? ─ não quis encarar seus olhos, não quis encarar que aquele era o último dia que iria o ver. Mas ele me obriga a olhar em seus olhos, eu seguro as lágrimas de todas as formas possíveis, mas elas acabam deslizando por meu rosto. Bruno se senta na cama e me pega no colo como uma criança, encosto minha cabeça em seu peito e deixo que as lágrimas se derramem. ─ Vai ficar tudo bem, amor.  

O abraço com força, com toda minha força possível, e deixo que minhas lágrimas molhem sua camisa social.

Bruno limpa minhas lágrimas e olha dentro dos meus olhos.

Paraísos PerdidosWhere stories live. Discover now