Capítulo 86.

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Ela se levanta e vem até mim, eu largo Bruno para pegar a sacolinha branca em sua mão. Era delicada e cheirava bem, um cheirinho adocicado. A sacola era bem pequena, de papel.

─ É pra você ─ me induz a abrir a sacolinha e assim faço com bastante curiosidade.

Me deparo com uma caixinha, uma caixinha azul também de veludo, mas era retangular.

Abro ela com cuidado e o que vejo dentro faz meus olhos se encherem de lágrimas.

Era um cordão, de ouro branco, o pingente era um bebê, um bebê deitado com asas de anjo e uma auréola sob a cabeça. Um ajinho. O pingente era de ouro e era lindo.

Meus olhos se encheram de lágrimas que logo desceram pelo meu rosto, lembrei do meu filho.

─ Era da minha mãe verdadeira, ela também perdeu meu irmãozinho, quem deu de presente foi meu pai, ela ficou muito mal naquele tempo e isso levou ela à... você sabe, morrer ─ engole o seco e abre um sorriso. ─ Eu quero que seja seu, como uma lembrança, não uma lembrança triste mas uma lembrança que seu filho agora é um anjinho. Como no pingente, e ele pode não ter nascido, mas sabemos o quanto ele foi amado.

Não a deixo dizer mais nada, levanto rápido e a abraço forte chorando em seu ombro. Ela também me aperta em seus braços e enterra seu rosto em meu ombro, ela também chorava.

─ Obrigada ─ soluço. ─ Muito obrigada, de verdade.

─ De nada, Lara ─ passou sua mão por minhas costas.

Em pensar que um dia já odiei Vivian com todas minhas forças e agora eu sentia um sentimento estranho por ela era uma verdadeira volta de 360° graus em minha vida.

Aquele cordão significou muito pra mim. Era como se simbolizasse meu filho que nem veio ao mundo. Ele era um anjinho, e sempre estaria em mim e no pai dele. As palavras dela me tocaram de um jeito único, e só eu sabia o que sentia.

Se nada disso tivesse acontecido eu teria meu filho ainda comigo hoje, eu ainda teria minha barriga grandinha aqui pra acariciar.

E mais uma vez uma lágrima solitária escorreu por minha bochecha.

Ela me soltou e limpou suas lágrimas.

─ Malditos hormônios ─ sorriu e retribui o riso.

─ Sei bem disso ─ me lembro quando estava grávida.

E então me lembro que também tenho um presente pra Vivian, um presente especial, de última hora, mas significava muito pra mim.

─ Tenho uma coisa pra você também ─ digo a sentando no sofá e correndo pro quarto de hóspedes.

Procuro naquela bagunça feita por Bruno a sacolinha, só então me lembro que guardei ela bem guardada no closet. A segurei e era se segurasse um pedaço de mim.

Levei até a sala e parei na frente dela, Bruno encarou a sacola e meio que me olhou confuso e se endireitou no sofá. Ele sabia o quanto aquilo era importante para mim.

Me sentei ao lado dela e olhei pra sacolinha como se enxergasse meu bebê.

Tirei o embrulho de dentro e dei pra ela. Era as roupinhas do meu bebê, ainda tinham aquele cheiro gostoso de novo, eram minúsculas.

Ela segurou sorrindo e analisando-as.

─ Quando eu vi essa roupinha ─ peguei na menorzinha, de cor branca já que não sabia o sexo. ─ Estava passando em frente a loja, meus olhos foram certinhos na roupinha, e só consegui imaginar meu bebê vestido nela, seu cheiro, sua pele macia, seus cabelos. Foi a primeira roupinha que comprei pra ele, ficava horas olhando pra ela, e hoje ela é coisa mais importante pra mim em relação ao meu filho. E eu quero que seja sua, e do seu bebê é claro.

Paraísos PerdidosOnde as histórias ganham vida. Descobre agora