Capítulo 69.

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Já se passou três dias após aquilo tudo, três dias na qual eu sofri diversas ameaças e pressão psicológica por parte de Ricardo. Ele me controlava nesses três dias, da escola pra casa, de casa pra escola. E era sufocante, eu queria poder sair daqui ou chamar a polícia mas sentia um medo enorme em fazer qualquer tipo de coisa, a única agressão que sofri foi um tapa de recebi quando Bruno me mandou uma mensagem perguntando como eu estava e Ricardo viu, mas tirando isso ele não me tocou e eu fazia de tudo pra isso não acontecer.

Meu único companheiro era meu filho, que inclusive mexeu pra mim. Eu chorava certo dia, chorava enquanto falava sozinha com minha barriga e ele mexeu, era só se dissesse: "Mamãe você não está sozinha, eu estou aqui e vamos ficar bem". E o pior de tudo era que todos estavam alheios à tal situação. Eu chorava quase todas as noites, mas sabia que não estava sozinha, mas sentia tanto medo de algo ruim acontecer porque eu estava com esse pressentimento fundo no meu peito, algo de ruim iria acontecer, eu sei que iria.

Arthur me respondeu a mensagem sobre o bebê, ele me desejou tudo de bom e se mostrou muito animado, aliás todos estavam animados com o bebê. Exceto meus pais que eu ainda não havia falado com eles.

Nesse momento eu estava sentada no refeitório da escola, Ricardo ficava com meu celular de agora em diante me impedindo de falar qualquer coisa pra Bruno ou qualquer pessoa. E na escola eu procurava me manter afastada, mas era impossível tirar as meninas que queriam ficar alisando minha barriga e mimando de cima de mim. Eu não queria ninguém machucado no final, me culparia eternamente.

Júlia trouxe consigo quatro coxinhas e um suco enorme como lanche.

─ Somos só dois, não uma tribo inteira ─ faço graça pegando as enormes coxinhas.

─ Dona Raquel me deu duas que fez especialmente pro neném da tia.

─ As notícias correm rápido, não é mesmo?

─ Demais ─ ela ri se sentando no meu lado, e já vai pegando na minha barriga e falando com o bebê. Não me incomodo, ao contrário, era bom saber que tantas pessoas gostavam dele. Ele seria amado, certamente.

Como tudo aquilo e ainda como duas cocadas de doce de leite, e depois me mando pra sala assistindo os três últimos horários.

Me despeço de Júlia e Maysa com abraços e beijos, ela beijam minha barriga e isso me causa uma crise de risos enorme. Mas quando Ricardo chega eu me despeço e corro pro carro desfazendo o sorriso.

Ele apenas me olha com desprezo e dá partida. Não digo nada, mas vejo que meu celular está no porta-água do carro e tento bolar um plano pra o pegar de volta.

E assim que chegamos em casa ele sai disparado na frente e eu finjo ter deixado um caderno cair e pego meu celular o jogando dentro da mochila. E assim subo direto pro quarto tomando um banho, vestindo uma blusa, um short e amarrando meus cabelos.

Eu desço, almoço e presencio Ricardo cheirando pó na mesa mesmo. Cada dia era pior, e sempre depois disso eu me trancava no quarto. E assim fiz.

Desbloqueio meu celular e minha primeira iniciativa é mandar mensagem pra Bruno.

Lara ─ Oi...

Não sei exatamente o que falar, não sei se posso falar sobre tudo que está acontecendo, sei como Bruno é, sei que sua primeira ação seria matar Ricardo.

Brutamontes ─ Oi, vc passou três dias sem dizer alguma coisa. Tá tudo bem? O bebê tá bem? Vocês estão bem?

Solto um sorrisinho com sua preocupação e o respondo rápido.

Lara ─ Estamos bem!

Decido falar pra alguém daquela palhaçada toda e salvar meu bebê, ele não tinha culpa de nada e nem da vingança de Ricardo contra Arthur.

E já que Júlia é menos exasperada que Bruno eu resolvo mandar um áudio explicando tudo pra ela.

Ela me responde minutos depois: Lara, tá doida é? Vc precisa sair daí agora, precisa ir embora, vem aqui pra casa, papai resolve isso tudo e ninguém vai sair ferido, vc não pode ficar aí com esse psicopata, pensa no bebê!

Ela está certa, eu preciso sair daqui, preciso fazer isso agora!

Olho pela janela e vejo que o carro dele não está mais na garagem, ele já deve ter ido pro inferno de onde saiu. Resolvo não levar nada, apenas meu celular e o dinheiro do táxi.

E logo em seguida desço morrendo de medo, mas pensando que tudo irá dar certo. Eu tinha fé que daria!

Paraísos PerdidosOnde as histórias ganham vida. Descobre agora