Capítulo 66.

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Meu estômago revira, o gosto azedo toma conta da minha boca e sinto vontade de vomitar de novo. Acontece, que eu estava sem fome e só havia tomado um nescau de caixinha, e bom, esse nescau de caixinha havia ido parar no vaso. Me levanto e dou descarga, ajeito meu uniforme da escola e quando saio da cabine dou de cara com Júlia.

─ Eu já falei mais de mil vezes que você tá grávida ─ é a primeira coisa que ela dispara, e eu como sempre, rolo os olhos.

─ Meio impossível ─ vou pra pia e coloco um pouco de água na boca bochechando, afim de tirar o gosto amargo dali. ─ Eu tomei a pílula, Júlia.

─ Tomou quantos dias depois?

─ Três, me esqueci de tomar depois da hora, mas li que a pílula do dia seguinte pode ser tomada até três dias depois.

─ E já viu a probabilidade de proteção três dias depois? ─ pigarreia.

─ Eu não estou grávida ─ digo certa, me olho no espelho. Olheiras de noites mal dormidas são visíveis, me sinto meio acabada, a insônia de noite é grande.

─ E sua menstruação, pode me explicar? Do nada ela atrasou sendo que nunca havia atrasado?

─ Tudo tem sua primeira vez ─ jogo água em meu rosto.

─ Vamos lá fazer esse teste de gravidez, vamos hoje de tarde... eu tô contigo nessa, tu sabe bem.

─ Não vou fazer nada ─ falo entediada.

─ Vai sim, vamos em uma clínica lá perto de casa, já peguei um médico de lá e quando se conhece um médico tudo fica mais fácil... vamos fazer o exame de urina e de sangue.

Dou um sorrisinho achando aquela conspiração de Júlia muito louca. Uma palhaçada.

─ Ok, se eu fizer você me deixa em paz? ─ ela assente. ─ Hoje às duas eu estou na sua casa.

─ Pode ser, você tem dinheiro sem ser cartão?

─ Não se preocupa que não vou passar na carteira do plano e muito menos no cartão... conheço bem o sr e sra. Miller.

Júlia se dá por satisfeita em me fazer concordar com essa ideia louca e vai comprar nosso lanche. Não sei porque de repente ela colocou na cabeça que eu estou grávida, eu só estou sei lá, com uma virose.

Mas hoje mesmo nós iríamos tirar essa dúvida cruel.

***

Eu sentia falta dele, não posso mentir. O cheiro dele adentrando por minhas narinas, seu sorriso alvo, suas covinhas fundas, seu beijo de tirar fôlego, e também posso confessar que pensava muito nele. Mas acontece que eu já havia feito, não podia voltar atrás.

O sinal do último horário bateu e recolhi minhas coisas indo em direção à saída. Ricardo ainda não havia chegado, Júlia se despediu de mim com um beijo no rosto e me lembrou do nosso compromisso e eu fiquei conversando com Denis, um aluno da minha sala que era meio nerd, mas uma pessoa mega legal.

Quando Ricardo chegou, pela janela eu já pude ver uma expressão de raiva enorme, e rolei os olhos me despedindo de Denis e caminhando até seu carro.

Quando adentrei a primeira coisa que ele perguntou foi:

─ Quem era aquele garoto? ─ já fazia um mês que morava com ele, mas a gente não tinha nada e ele me cobrava  as coisas, tinha ciúmes de mim, brigava quando eu saia sem avisar. Coisas de um casal, e bem, não éramos um casal. Certo dia, ia rolando, mas assim que ele me deu três fortes invertidas eu pedi pra ele parar e passei mal, ele era bruto, sem pegada e sem carinho. E claro que uma vez nos beijamos, mas eu não queria, eu me sentia mal.

Paraísos PerdidosWhere stories live. Discover now