Capítulo 39.

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Acordo lá por umas quatro e meia da tarde, estou sozinha no sofá, sempre me sentia exausta depois da escola, o soninho da tarde era coisa de lei.

Me levantei e fui pra cozinha beber água, desbloquei meu celular e não tinha ainda nenhuma mensagem de Bruno. Ele estava em aula, lá por umas cinco e meia ele sai da faculdade. Bruno já terminou a faculdade na verdade, digamos que ele está se especializando na área. Ele quer ser chamado de Doutor Bruno como ele mesmo diz. Ele já fez o OAB, passou em primeiro lugar e por isso já atuava na sua área.

Mando uma mensagem pra ele.

Lara: Olá, doutor Bruno. Dê um ar de vida, preciso falar mal dos outros com você.

Em seguida boto um hambúrguer congelado no microondas, boto coca em um copo e pego ketchup com maionese.

Léo chega na cozinha, ele está de cueca e os cabelos respingam, presumo que acabou de tomar banho. O volume marcado no tecido fino me desperta certa curiosidade, mas evito o olhar pra não ser corrompida por tal curiosidade.

─ Vou no supermercado, quer ir comigo? ─ ele pergunta bebendo um pouco de água e assinto.

─ Cadê Arthur mesmo, hein? ─ já era pro meu primo tá em casa faz tempo.

─ Esse aí só vive na rua, fazendo sabe-se lá o quê.

Termino de comer meu lanche e vou me arrumar, um short jeans e uma blusa normal mesmo, calço as havaianas, penteei os cabelos e passei perfume.

E então me prontifiquei vendo Léo também arrumado, com uma camisa e uma bermuda tactel. Agora sei bem porque ele não gosta de usar bermuda jeans, ou sei lá, qualquer roupa de baixo meio colada. Fica bem marcado.

Dou um sorriso sozinha e só assim vamos pra garagem. Ele está mega cheiroso, seu perfume é um pouco mais doce do que o de Bruno, mas também era bom.

Nós entramos no carro dele e ele ligou o rádio pra irmos cantando qualquer música. Nossa sorte era que o pendrive de Arthur estava aqui e havia uma pasta só de músicas da Anitta, e fomos cantando as músicas dela e rindo.

***

Fomos no supermercado do shopping porque Léo foi pagar o cartão e comprar umas duas peças de roupa. Ele tinha até bom gosto. Depois de comprar as roupas dele fomos tomar um sorvete e fazer as compras.

Ajudei Léo a pegar as coisas, e quase metade das compras era cerveja e cachaça. Coisa de Arthur.

Quando terminamos tudo fomos direto pra casa.

Depois de guardar as compras, Léo resolveu que iria fazer o jantar, e eu pedi pra ser uma macarronada. E assim fomos cozinhar, eu era péssima, então fiquei encarregada só de olhar o macarrão cozinhando.

Léo cortava os legumes do molho tão perfeitamente que dava inveja, ele cantava a música "Infiel de Marília Mendonça" que tocava no celular dele. Eu acabei rindo da cena.

O macarrão quase queimou, sim, não presto nem pra ver um macarrão cozinhando.

Depois de tudo pronto foi a parte de Léo. O cheiro estava ótimo de dar água na boca, e a aparência mais ainda.

Ele me serviu e me sentei no balcão comendo, eita homem pra casar, estava uma delícia.

─ Sabe, Lara... enquanto vocês viajavam eu pensei bastante sobre eu e você ─ ele começa do meu lado, também comendo. ─ Acho que Arthur deixaria a gente ter algo.

─ Você... você... pensou? ─ gaguejo com um nó na garganta.

─ A gente devia sair... sei lá, Bruno encheu muito minha cabeça naquele dia, mas escondido que é errado, se você quiser e não tiver nenhum problema quanto à seu primo... que mal tem?

Ele dá de ombros e tomo um pouco do suco quase me engasgando.

Que mal tem? Vários. Primeiro: eu estou tendo um caso com Bruno, segundo: ninguém sabe de Bruno e eu, terceiro: o que estamos fazendo é errado, eu sei, mas é gostoso. E bote gostoso nisso! quarto: eu gosto de Bruno... e... sei lá, ele me entende.

Eu me levanto e deixo meu prato na pia com a respiração desregular, meu coração batia forte.

Merda! Eu não queria e não podia magoar Léo, mas também não podia magoar Bruno. E pela primeira vez, estava perdida, não sabia o que fazer direito.

Me virei e dei de cara com Léo, seu corpo estava a milímetros de distância do meu, ele se aproximou, passou sua mão com seu prato por mim e deixou seu prato na pia. Nessa altura nossos corpos já estavam colados.

Léo era um pouco mais baixo que Bruno, então não tinha que ficar na pontinha dos pés como ficava com Bruno.

Ele segurou em minha cintura e encostou nossos rostos, seu nariz tocou o meu e pude sentir sua respiração de encontro com minha pele.

Ele beijou meus lábios lentamente.

Mas por um impulso me afastei dele... e vi quem menos queria ver presenciando a cena.

─ O macarrão está uma delícia ─ Bruno falou comendo direto da panela. Ele estava com a mochila por uma alça nas costas, uma camisa polo de gola cor preta e a calça jeans.

Eu e Léo o olhamos meio nervosos.

─ Atrapalhei vocês? Foi mal... vou deixar vocês aí e vou pro quarto.

Ele pisca e sai dali, e eu vou atrás dele.

─ Ele não vai falar nada pra Arthur... ─ Léo diz de forma ofegante.

─ Mas ele me odeia... ─ minto correndo pelo corredor atrás de Bruno.

Eu sabia bem que ele não falaria nada pra Arthur... mas eu não estava indo atrás dele por conta dessa cena, mas sim porque eu sabia que ele havia ficado chateado pelo tom de ironia que usou com a gente.

Paraísos PerdidosOù les histoires vivent. Découvrez maintenant