Capítulo 72.

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Bruno narrando:

Já se havia passado duas semanas em que ela esteva em coma e se recuperando, e graças à Deus ela estava mostrando melhora. O punho já estava melhor, as cordas vocais já haviam se desinchado e a tala retirada do pescoço e quanto as sequelas do aborto... ela não havia ficado infértil, mas demoraria um tempo pra ela poder engravidar de novo.

Arthur e eu concordamos em manter isso só no Brasil e entre a gente, e pros pais dela demos desculpa dela ter quebrado o iPad e o celular estar viciado, e Arthur se passava por ela às vezes. As amigas dela vinham a visitar, traziam flores e choravam, mas ela estava bem e ficaria bem, Lara é forte, muito forte, e sei que seria difícil mas ela aceitaria.

E hoje o doutor Hugo resolveu finalmente tirar ela do coma. Eu o observava aplicar um pouco de morfina, creio eu, e em seguida aplicar doses de soro pra limpar as dosagens de sedativo que ela tomava diariamente na veia.

─ Ela pode demorar um pouco pra acordar, mas acordará bem. Vou deixar vocês sozinhos ─ ele toca meu ombro antes de sair e me deixa com ela ali. Meu coração se acelera porque simplesmente não sei como dar aquela notícia pra ela.

Durante essas duas semanas eu estive aqui, e durante duas semanas pensei sem parar em como explicar pra ela que não seria mãe, não mais. Mas não consegui, não sabia muito bem usar as palavras mas iria tentar por tudo, e além do mais, mostraria à ela que estava ao lado dela nisso.

E depois de uns cinco minutos ela deu seus primeiros sinais de consciência, mexeu os dedos da mão pálida, suas pálpebras se mexeram e logo seus olhos foram se abrindo aos poucos. Uma felicidade imensa me alcançou e eu abri um sorriso imenso enquanto apertava sua mão na minha, ela logo retribuiu meu sorriso, um sorriso fraco mas maravilhoso, como sempre.

E não contive meus dedos de acariciar a pele dela lisa e ainda com algumas marcas que já sumiam, passei meu polegar por sua bochecha que tomava cor agora e continuei sorrindo.

─ Ei... você finalmente acordou ─ falei baixinho e ela abriu a boca pra falar mas sua voz saiu meio falha e baixa. Fui pegar um copo de água como o médico havia me indicado. ─ Suas cordas vocais estavam inchadas, aos poucos vai voltar o normal.

Ela bebeu a água e quis se sentar, ajudei ela ajustando o leito e coloquei dois travesseiros em suas costas, ela reclamou e fez caretas de dor mas no fim estava sentada e acordada.

Sua mão foi diretamente pra barriga e naquele momento meu peito doeu.

─ Como se sente? ─ perguntei preocupado.

─ Mais ou menos ─ sua voz ainda sai meio baixa mas já está de volta ao normal, ela olha pra barriga enquanto a alisa. ─ O importante é que o bebê está bem.

Eu encaro o chão, passo meus dedos pelas mechas de meu cabelo e tento formular frases em imediato em minha cabeça... apenas nada.

Tento desconversar aquele assunto por enquanto porque não estava preparado ainda pra dar a notícia à ela.

─ Sente alguma dor? Se lembra de algo?

─ Um pouco de dor, mas me sinto bem. E só lembro de quando você mandou a mensagem e Ricardo me jogou no chão, mas eu já sei que ele me espancou.

Agradeço aos céus por ela não lembrar da agressão, seria doloroso reviver aquilo na mente, a dor, e ela perdendo nosso filho.

Fico em silêncio, encaro Lara que passa sua mão pela barriga, e depois de um tempo ela me encara com os olhos marejados.

─ Bruno? ─ ela chama meu nome como uma criancinha, eu encaro seus olhos notando um tipo de desespero. ─ Está tudo bem com o bebê, não está?

Paraísos PerdidosWhere stories live. Discover now