Capítulo 35.

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Vamos cantando e dançando estranhamente durante a viagem, Bruno me fez ouvir rock antigo, e eu até gostei de Scorpions. Eu usava sua caixinha de óculos como microfone pra cantar "Always Somewhere de Scorpions" nós dois cantávamos juntos.

─ Always somewhere miss you where I've been I'll be back to love you again... ─ Bruno canta com seu inglês perfeito e piro no solo da guitarra.

─ Bem... pausa pra comer algo ─ ele diz abaixando o som e tirando o boné que ele tinha da minha cabeça. Estraga prazeres.

Ele estaciona em uma lanchonete que estava até cheia e saímos, ajeito meu cabelo que estava bagunçado por conta dos movimentos que fazia com a cabeça quando escutava o solo.

O tempo estava meio nublado, coisa difícil. Fui andando do lado de Bruno mas quando foi pra atravessar ele estendeu a mão.

Olhei pro mesmo incrédula.

─ Não vou segurar sua mão ─ digo olhando a avenida meio movimentada.

─ Claro que vai... criança tem que andar de mão dada ─ me zoa.

Cruzo os braços e me emburro. Ele me abraça de lado e beija meu rosto, meu coração se acelera cada vez que ele faz isso. Demonstra carinho.

─ Vamos lá, tô com fome pra merda.

Ele estende a mão e rolo os olhos segurando em sua mão quente e áspera, vamos de mãos dada até a lanchonete, muitas pessoas olham pra nós dois mas nem ligamos. Na verdade, não é pra nós dois e sim pra Bruno. As mulheres então...

Abracei ele de lado e encarei elas, dei um sorriso forçado e fomos procurar uma mesa pra gente. Sentei do lado dele e uma mulher veio trazer o cardápio.

─ Uma porção de batata, dois hambúrgueres, uma salada e dois sucos... ─ ele fala e ela anota tudo prestando atenção nele. ─ Quer suco de que, amor?

─ Cupuaçu com leite, amor ─ digo e a garçonete meio que revira os olhos.

─ Quero o mesmo ─ ele diz retirando o óculos escuro e se espreguiçando.

A garçonete sai dali sorrindo pra Bruno. Abusada!

─ Odeio esse tipo de mulher que dá em cima ─ ele comenta baixo.

─ Ela estava se insunuando, mal sabe ela que tinha feijão no dente dela.

Ele ri.

─ Boba ─ puxa meu nariz.

─ Idiota ─ dou língua.

─ Esse idiota te deixa louca ─ coloca a mão na minha perna e vai subindo mas retiro dali.

─ Para, estamos em uma lanchonete!

─ Tô nem aí ─ ele pega um guardanapo fazendo um aviãozinho de papel.

─ Bruno... vejo que você não é muito de beber, nem de participar muito das resenhas dos meninos, por quê? ─ pergunto após um tempo curiosa.

─ Porque eu era alcoólatra, pior que Arthur, eu bebia dia e noite, bebia muito, trocava água por vodca ─ ele suspira. ─ Vivian me ajudou a parar, foi bem no início do nosso namoro, pensei que nunca conseguiria, mas hoje, coloco álcool na minha boca sem sentir o prazer imenso que sentia antes.

─ Vivian foi uma pessoa importante pra você, não é?

─ Foi, não vou mentir. Amei ela como nunca amei ninguém... mas infelizmente parece que isso foi pouco pra ela.

─ E ainda sente algo por ela? ─ pergunto olhando pros meus dedos.

─ Não. Eu esqueci... sou bom em esquecer pessoas ─ pisca.

Paraísos PerdidosWhere stories live. Discover now