Capítulo 04.

66.5K 5.4K 2.8K
                                    

Ele continua me olhando com raiva. E eu retribuo o olhar sério mas com um ar de ironia.

─ Olha aqui, sua pirralha ─ ele aponta o dedo na minha cara. ─ Tu não sabe com quem tá falando, então cala a boca e procura seu lugar!

Bato na mão dele e dessa vez eu aponto o dedo na cara dele.

─ Olha como fala comigo, não sou nenhuma puta não ─ ele ri com deboche e tenho vontade de socar a cara dele.

─ Pode até não ser puta mas é uma pirralha intromedita e desastrada, não te disseram que já está na hora de criança ir pra cama não?

Tudo que ele diz é num tom debochada, eu fervo de raiva.

─ Amor? ─ uma mulher loira e de olhos esverdeados surge, ela agarra no braço do tal carinha irônico e me olha com nojo. ─ Não perca seu tempo se trocando com crianças, vamos logo pra piscina.

Ele ri com deboche e ela também e ambos saem do meu campo de visão. O que falar de um casal que mal conheço e já odeio?!

Resolvo não deixar aquilo me afetar, eles não iriam estragar minha noite.

Pego outra bebida e volto pra perto do meu primo onde ele bebia alegremente, já estava bêbado. Os meninos faziam o jogo da verdade ou consequência valendo tudo.

─ Quer brincar, priminha? ─ Léo pergunta e nego, estava de boa.

Ele dá de ombros e continua a brincadeira; vi os meninos beijando as meninas loucamente, uns amassos serem trocados, um menino que não conhecia levar a menina pro spa pra uma rapidinha, outra menina beijar Clara que estava pouco sóbria, meu primo apalpar os peitos de uma gringa, enfim, muita loucura só em uma noite. Depois eles brincaram de "beba quem fez" que se resulta em beber um copo de vodca se você já fez algo que cada um disser.

─ Eu nunca fiz sexo ─ disse Clara sorrindo e todos nós sorrimos. Todos beberam, inclusive eu. Todos ali já tinham feito sexo.

Nós enchemos o copo novamente.

─ Sua vez, Lara ─ Peter aponta pra mim rindo.

Foi nessa hora que o tal debochadinho e sua namorada ridícula chegaram na rodinha pra brincar. Rolei os olhos.

─ Eu já sofri uma decepção amorosa que nunca vou esquecer ─ digo e bebo, a maioria não bebe: só quem nunca havia sofrido uma decepção.

Mas aí o DJ começou a tocar "Sorry" do JB e as gringas me chamaram pra dançar, fomos lá pro meio onde tinha um lugarzinho e começamos a dançar, depois tocou funk e ensinei elas a rebolar; óbvio que eu não era essas coisas, tipo, uma professora profissional mas eu assistia ao Daniel Saboya e FitDance.

Já estava cansada e minhas pernas muito doloridas, olhei no relógio do celular e já era quatro da manhã, já estava morta de sono. Fui comer e bebi água, avisei pra Diego que estava subindo já que não sei bem onde Arthur se meteu, e então subi, no caminho vi várias pessoas se pegando por onde passava.

Cheguei no décimo quarto andar e fui comer um chocolate e sorvete, encontrei Peter lá no sofá comendo sorvete também e me sentei do lado dele.

─ Por que não tá lá em baixo? Diego e Léo estão fazendo a brincadeira de quem bebe mais cerveja de cabeça pra baixo ─ digo e ele ri.

─ Tenho que acordar cedo pra ir pro laboratório estudar, sei que domingo mereço uma folga mas eu e uns amigos estamos fazendo uma campanha e amanhã vamos planejar.

─ Entendo ─ digo dando uma colherada no sorvete.

─ E você? Já vai dormir? ─ ele pergunta e assinto. ─ Se fosse você não entrava naquele quarto, Arthur está com seis garotas lá dentro.

Rolo os olhos.

─ Tomara que ele não deixe elas em cima da minha cama, nem pegar nas minhas coisas ─ digo e ele ri.

─ Se esqueceu do mais importante... Não sujar sua cama com gozo, Arthur tem uma piroca nervosa, suja tudo no meu laboratório quando leva as estudantes pra lá.

Gargalho com Peter.

─ Dorme lá no quarto, Bruno não dorme lá faz meses e até me sinto solitário.

─ Preciso de roupas, um idiota esbarrou comigo e sujou um pouco de vodca aqui ─ digo apontando pra minha roupa e ele assente se levantando.

Vamos até o quarto dele após guardar o sorvetes e ele pega no guarda-roupa dele uma camisa azul da Nasa e uma samba canção de corações, ele também me entrega uma toalha, vou pro banheiro social e tomo um banho quente. Me visto, penteio os cabelos, passo hidratante e vou beber água antes de ir pro quarto.

Quando chego no quarto vejo Peter só de cueca deitado, tinha duas camas mas a cama dele era bicama e a parte de baixo já estava arrumada pra mim. Só então vejo bem Peter, ele era uma delícia, eita fogo, tentação!

Me deito e Peter apaga as luminárias.

─ Bom dia, Lara ─ ele diz se curvando e beijando meu rosto, abro um sorriso e me deito.

Minha maior vontade era pular naquela cama junto com ele e dar uns beijos naquela boca gostosa dele. Mas não fiz isso.

Fechei os olhos e dormi incrivelmente rápido.

***

Despertei com uma dor de cabeça aguda, mas mesmo assim me levantei, Peter não estava mais na cama. Será que eu estava babando ou roncando quando ele acordou?! Meu pai vivia me falando que tinha esse costume.

Fui no banheiro fazendo minhas necessidades e saí desligando o ar e indo pro quarto onde minhas coisas estavam. Arthur dormia no chão e graças à Deus minhas coisas não estavam bagunçada e nem sujas.

Peguei um biquíni, um short e um cropped e fui pro banheiro tomar banho. Passei hidratante, vesti minha roupa e penteei os cabelos. Fiz um maquiagem simples e arrumei minha bolsinha de colo com dinheiro e outras coisas precisas, só passei perfume e calcei minha melissa.

Na cozinha Léo fazia o café da manhã, Diego e ele conversavam mas dava pra perceber que eles estavam de ressaca.

─ Bom dia ─ falei me sentando do lado de Diego e beijando seu rosto.

─ Acho que a única que acordou de bem com a vida aqui foi você, minha cabeça parece que vai explodir ─ Diego conta massageando as têmporas e abro um sorriso.

─ Vai pra praia ─ Léo indaga servindo meu café da manhã e concordo com a cabeça.

Tomo meu café da manhã em uma conversa divertida com eles que contam as loucuras de ontem, e quando acabo vou escovar os dentes e me despeço deles pedindo o elevador.

Já era de se esperar lá em baixo estar uma zona, naquele horário alguns funcionários limpavam a bagunça.

Fui até a recepção e desço as escadas, vou direto pra rua, e quando sinto aquele sol delicioso em minha pele logo fico animada.

Sinto a brisa do mar que estava diante de mim e ouço as ondas, era só atravessar e chegaria à praia.

Decido ir primeiro comprar um açaí na "Toca do Açaí" que ficava na esquina, mas era preciso atravessar uma rua.

Mas quando ia atravessando a rua ouvi uma buzina e fui parar no chão, não havia prestado atenção, meu coração naquele momento acelerou completamente.

Eu havia sido atropelada.

Paraísos PerdidosWhere stories live. Discover now