Capítulo 36.

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Adentramos o apartamento da loucura com as coisas em nossas mãos, devia ser umas cinco da tarde, por aí assim.

Quem nos recebe é Léo, ele ri e vou correndo abraçar o mesmo. Estava com tanta saudade do meu amigo/conselheiro/ouvinte. Ele me aperta nos braços e me gira no ar. Quando me coloca no chão abre seu melhor sorriso.

─ Uau! Parece que você cresceu um centímetro ─ ele diz e bato em seu braço meio ofendida.

─ Cadê todo mundo? ─ pergunto notando a ausência do pessoal por lá.

─ Ainda não chegaram, vocês foram os primeiros ─ ele diz e acompanho o cheiro maravilhoso que vinha da cozinha.

Cachorro quente! Vou logo montando o meu e colocando ketchup e maionese, coloco coca e vou comer.

Léo chega por trás e fica rindo de mim. Bruno se senta no balcão e também ri da cena da minha boca toda suja de maionese.

Léo estende a mão e limpa, em seguida coloca o dedo na boca. Eu fico o olhando e só depois olho pra Bruno e vejo seu olhar sério sobre nós dois.

Eu saio dali e vou comer meu cachorro quente olhando pra vista da cozinha pela janela, quando termino lavo a mão e o copo e vou colocar minhas roupas sujas no cesto.

Léo e Bruno conversam e fofocam sobre o feriado, eu desarrumo as coisas e deixo tudo organizado.

Depois pego meu celular e vou pro sofá, me sento do lado de Léo e o mesmo me puxa pro colo dele. Amava todo aquele carinho dele, ele fica fazendo cafuné no meu cabelo.

Quando Bruno chega na sala eu me levanto do colo de Léo e finjo me levantar pra pegar alguma coisa.

─ Vamos jogar fifa? ─ Bruno vai ligando o xbox e pegando os controles.

Eu já vou pro lado dele e Léo também. O primeiro tempo iria eles dois já que eu não sabia jogar direito, aí eu aprenderia.

Quando eles começaram a jogar foi o momento que meus pais ligaram, no iPad, e eu atendi sorrindo.

─ Oi mãe, oi pai ─ digo animada olhando eles pela webcam.

─ Peixinho magrelo! ─ meu pai mete a cara na câmera mandando beijo.

─ Meu amor... como você está? E esse bronze?

─ Tá competindo em um festival de tomate, filha? ─ meu pai fala de longe e abro um sorriso maior ainda.

─ Tô bem e vocês?

─ Bem... só com saudades, estávamos vendo umas fotos suas antigas.

─ E a camisinha, filha? ─ lá começa meu pai, como sempre.

Nesse momento os meninos me olham meio confusos e dou de ombros.

─ Pai... por favor ─ sussurro envergonhada.

─ Richard! ─ mamãe o repreende. ─ Deixe ela em paz.

─ Osh, só perguntei ─ rola os olhos.

─ Mãe? Pai? Esse aqui é o Léo e Bruno, amigos do Arthur ─ digo mostrando os meninos que acenam tímidos.

─ Olá, Bruno e Léo ─ mamãe fala meiga.

─ Cadê seu primo? Está sozinha aí com eles? ─ papai pergunta arrancando gargalhadas dos meninos.

─ Pai, não se preocupe, olha os cabelos brancos... ─ digo. Ao contrário de mamãe, papai se preocupava bastante com a beleza dele, ele era vaidoso, e cabelos brancos pra ele... era o fim!

─ Olha, meninos! Eu tenho um espingarda ─ papai avisa e os meninos largam os controles pra levantarem as mãos em sinal de rendição.

─ Ele está certo em se preocupar, você é uma criança, Lara ─ Bruno diz voltando ao jogo. ─ Merece de cuidados e se prevenir.

─ Gostei desse menino! ─ papai fala. ─ E cadê seu namoradinho, filha?

Rolo os olhos.

─ Não sei, já disse que eu e ele não namoramos ─ bufo e papai ri.

─ E como está na escola? ─ dessa vez é mamãe quem indaga.

─ Bem ─ digo sem muito ânimo.

─ Estamos morrendo de saudades, peixinho magrelo ─ papai fala de forma chorosa.

─ Eu também! Sinto falta de atacar a geladeira com o senhor.

─ Agora faço churrasco sozinho em plenas três da manhã.

─ Picanha?

─ Óbvio né ─ ele ri. ─ Filha, vamos desligar e te deixar em paz... vamos fazer um irmão pra você agora.

─ Richard! ─ mamãe o repreende.

─ Quer que minta? Quer que eu diga que vamos brincar de médico? Como se ela não soubesse!

─ Boa noite, filha! ─ mamãe rouba a câmera.

─ Amo vocês, doidos ─ digo e ele mandam beijo.

─ Amamos você também.

Desligo a chamada do skype e jogo o iPad de lado.

─ Seus pais são loucos! ─ Léo diz vidrado na televisão.

─ Isso é porque você ainda não viu os de Arthur... são bem piores.

─ Imagino, por isso o filho é assim.

Bruno ganhou Léo de 3x2, depois disso eu joguei com Bruno e admito que era péssima, e mesmo ele deixando eu ganhar eu perdi o jogo.

Léo foi fazer pipoca e eu fiquei jogando tartarugas ninjas com Bruno, eu era o Rafael e ele o Donatello e juntos nós lutávamos contra monstros.

Mas eu acabei deixando que os monstros ganhassem e Bruno gargalhou se divertindo.

─ Você é péssima! ─ falou jogando o controle de lado.

─ Não sou boa nisso.

─ Em quê você é boa? ─ pergunta me olhando.

─ Você sabe ─ digo baixo e ele volta a atenção pra televisão.

─ Você gosta... não é mesmo?

─ De te provocar? Sim, eu gosto.

Léo chega na sala com a bacia de pipoca e vem pro meu lado.

─ Você é desprezível, garota idiota ─ Bruno bufa.

─ E você... se acha o garanhão não é mesmo?

─ Vocês dois parecem duas crianças ─ Léo rola os olhos.

─ Eu te odeio, Bruno Rocco ─ disparo jogando uma almofada nele.

Ele ri, eu também, mas disfarçadamente, é claro.

Um tempo depois os meninos chegaram, foram tomar um banho gelado e depois Léo fez duas pizzas e trouxe refri.

Fizemos sessão cinema, rimos, eu discuti com Bruno como sempre, gritamos na parte do terror. E lá pra umas três da manhã fomos todos dormir.

E enquanto mantinha minhas pálpebras fechadas, sentindo o cheiro de amaciante das roupas de cama que a doméstica lavou e meus pés gelados, eu pensava no feriado, no que aconteceu entre mim e Bruno.

Fiquei me indagando se era certo ou errado, afinal, não era só eu Bruno na história, havia um envolvimento de meu primo também.

Sei que Arthur jamais aprovaria eu tendo algo com Bruno ou qualquer outro amigo dele. Quando eu namorava com Ruan e ele soube ficou um mês sem falar comigo. Ele era mais que ciumento, mas entendia ele.

Ele só tinha medo de me ver magoada.

Paraísos PerdidosWhere stories live. Discover now