Bônus.

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''Eu e ele era como antônimos, se é que me entende. Frio é antônimo de calor, ódio é antônimo de amor. Eu e ele éramos opostos, em tudo, era difícil achar algo na qual éramos iguais, e mesmo assim encaixamos um no outro. Vocês já viram um quebra-cabeça? Com certeza já devem ter visto, precisamos encaixar uma peça na outra e assim teremos uma imagem, só que eu e Bruno éramos peças diferentes e não encaixávamos de modo algum, mas após um sacrifício, cortamos nossas partes que impedíamos de não encaixar e olhe só, ele entrou em mim, eu entrei nele. Pode ser que o amor da sua vida esteja bem ao seu lado, vestido dentro de um terno, com um humor pior que de uma mulher grávida, azedo, carrancudo, antipático, que te atenta todos os dias e te tira do sério, ele pode ser a sua peça do quebra-cabeça, então encaixe-se nele. Onde tem ódio, tem amor, isso é fato.''

─ Lara Miller, depoimento de casamento de Lara Miller e Bruno Rocco.

─ Certamente a cor do quarto será branco ─ ele diz com a mão pousada no queixo, pensativo.

─ Claro que não, Bruno ─ reviro os olhos. ─ Será rosa.

─ Será branco ─ ele me repreende.

─ Rosa!

─ Por que será rosa?

─ Porque estamos esperando uma menina? ─ arqueio a sobrancelha.

─ E se ela quiser um quarto branco? ─ ele me encara de olhos cerrados.

─ Ela ainda não pode decidir, ainda está em minha barriga.

─ Então vamos esperar ela nascer e perguntar se ela quer um quarto branco ou rosa ─ ele me repreende me puxando pela loja de material de construções, meu Deus, dei-me paciência pra aguentar Bruno Rocco.

─ Larga de ser infantil, Bruno!

─ A única pirralha aqui é você, priminha ─ debocha, oh homem debochado, parece puta.

─ Você e seus apelidos escrotos de sempre... vai ser vermelho então... ─ digo suspirando.

─ Vermelho? Pelo amor de Deus, é uma cor forte, Lara.

─ Bruno minha paciência tá se esgotando! ─ digo com raiva querendo tacar aquele balde de tinta vermelha na cabeça dele.

─ Então se renda e escolha a cor branca, priminha ─ diz debochado. Ele nunca havia deixado de me chamar assim, gostava de me provocar.

─ Tá bom, vamos levar o branco ─ me rendo, estava cansada de discutir com ele, Bruno é muito petulante, quando quer algo, quer pra já!

Ele pega o balde de tinta e coloca no carrinho, só assim deixamos aquela área e seguimos pro caixa. Apesar de ainda estar com sete meses, minha barriga estava imensa. Pelo visto, nossa garotinha seria enorme e bem saudável, ainda estávamos em dúvida do nome, enquanto Bruno gostava de Helena eu queria colocar Alice. Sabe como é né? Opostos.

Posso dizer que estou extremamente feliz, como nunca estive. Administro a Miller Jeans, sou casada com o amor da minha vida, tenho minha casa, e agora estou grávida, aos vinte e cinco anos. Nós compramos um apartamento no Saint Louis Green recentemente, achamos uma boa ideia ficar perto de Arthur e além do mais ali era ótimo para nossa filha crescer. Arthur estava morando sozinho, ele casaria no final do ano, quer dizer, ele não morava tecnicamente sozinho, mas sua namorada vinha poucas vezes aqui por conta da família que era direita. Com isso posso dizer que Arthur está irreconhecível, ele escolheu namorar uma garota cujo não pode dormir todas as noites com ele, um desafio pro mesmo, e o melhor, ele ama ela loucamente.

Diego ainda morava em outro estado com sua namorada, e ela também estava grávida, sentia saudade de todos estarem reunidos, mas ele prometeu que iria vim quando nossa filha nascesse nos visita, e, faríamos uma resenha no apartamento da loucura como nos velhos tempos. Peter continuava firme com Júlia e parece que os dois estavam morando juntos... o único que ficou para trás foi Leonardo, que até hoje não namora sério com ninguém. Ele mora aqui perto também, sempre está na casa de Arthur tomando umas com ele.

Paraísos PerdidosWhere stories live. Discover now