Capítulo 90.

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Capítulo Final.

Cheguei em Vezena por volta de nove doze da tarde no Brasil e quatro horas na Itália. Sim, passei quase treze horas dentro de um avião porque teve duas escalas e demorou bastante. Mas pela tarde eu estava desembarcando em Veneza, onde meus pais estavam.

O motorista dos meus pais estava lá para me recepcionar assim que cheguei ao meu destino. O clima era bem frio, completamente diferente do Rio de Janeiro, sem falar do horário que também queria que me acostumar.

Mas apesar de tudo a Itália era linda naquela época do ano, ou melhor, Veneza, que era a cidade onde estávamos. Pelos meses de janeiro até fevereiro o clima era esse, extremamente frio, e por conta disso o motorista me ofereceu um casaco brm confortável e quentinho que minha mãe havia deixado para mim.

O carro arrancou do aeroporto passeando pela neve branquinha e alva que cobria o chão em finas camadas. As lojas que decoravam as ruas estavam enfeitadas e cobertas pela neve, não se via muita movimentação por ali, aliás, era primeiro de janeiro ainda.

Fiquei analisando a cidade totalmente encantada durante todo o percurso. Era lindo de se ver as árvores enfeitadas por luzes brilhantes, as fachadas de cafeterias também com luzes natalinas e pessoas andando tranquilas em seus casacos e toucas de lá pra cá.

Eu amava o frio, mas também amava aquele clima tropical, aquele calor de quarenta graus e sentir a areia quente em contato com meu corpo.

Fomos direto pro hospital, mas antes de adentrar até onde minha mãe estava aproveitei pra pedir pro motorista me comprar um café e bolo italiano, já que não havia comido nada ainda.

Entrei no hospital após comer, o segurança pessoal tomou meu casaco em suas mãos e me guiou até a sala de espera.

Minha mãe estava sentada com os olhos avermelhados assim como seu rosto, ele olhava vagamente pro nada. Seus cabelos cortados no ombro e de cor castanha com algumas mechas claras estavam perfeitamente ondulados, ela usava um vestido casual e até simples.

Levantei as mangas de minha blusa e abracei meus próprios braços sentindo o calor do aquecedor me confortar.

Corri até mamãe e a envolvi num abraço forte e repleto de saudade. Ela me apertou em seus braços enquanto chorou copiosamente.

─ Está tudo bem ─ a tranquilizei. ─ Eu estou aqui.

─ Senti tantas saudades ─ ela me solta pra me analisar, encaro seus olhos claros e sinto seu polegar alisando minha bochecha. O toque materno era tão confortante, me causava uma paz descomunal. ─ Minha garota.

─ Onde está o papai? Como ele está?

Mamãe funga e me puxa me sentando na cadeira ao seu lado, ela segura minhas mãos e põem um sorriso nervoso nos lábios.

─ Seu pai já foi transferido pra um quarto. Está sob observação, o médico nos deu seu quadro, ele está sob anestesia, a dor é grande. Um osso de sua caixa torácica atingiu seu pulmão, e até agora não achamos nenhum doador compatível para podermos substituir o órgão ─ mamãe me explica, é o bastante. As lágrimas se deslizam por meu rosto, sinto meu peito se contorcer e uma culpa imensa me atingir. Tudo isso era culpa minha.

─ O médico deu um tempo?

─ Se órgão não chegar até amanhã ele não irá sobreviver ─ mamãe pronuncia sua última frase se desabando no choro.

É doloroso vê-la chorar, e ainda mais doloroso saber que a culpa dele se encontrar nessa situação é minha.

─ Si svegliò, la signora Miller ─ uma enfermeira se aproxima de nós duas indicando que meu pai acordou. Meu coração pula do meu peito, sinto uma angústia e um nervosismo.

Paraísos PerdidosWhere stories live. Discover now