Cinquenta e Sete - Ligações Não Atendidas e Outros Problemas

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Assim que consegui me livrar de Muñoz e Vidal, saí da sala de estar e corri diretamente para o meu quarto.

Muita informação ainda precisava ser compartilhada...

A encomenda da morte do Capitão Rutherford e a tortura a Lisbeth, mandadas por Muñoz naquela tarde... Então a reunião marcada entre La Recocha e o Legado Vermelho... As coisas estavam finalmente acontecendo, ninguém do FBI parecia estar disponível para me ajudar, e, ainda assim, eu precisava agir o mais rápido possível, para poder evitar, talvez sozinha, que danos acontecessem.

Certifiquei-me de que não tinha ninguém no corredor do meu quarto, tranquei a porta, fui até o closet, tranquei a porta também, só por cautela, e, enfim, busquei o celular do FBI, que estava escondido no bolso interno da minha jaqueta.

Minha primeira tentativa de contato, novamente, foi com Dylan.

Mas a caixa postal foi a única a me dar atenção nas oito ligações que fiz.

Dylan nunca deixava de atender minhas ligações.

Dylan nunca deixava o celular descarregado por tanto tempo, correndo o risco de perder contato comigo, porque sabia o que isso poderia significar...

Mas já tinha feito isso duas vezes seguidas.

O pânico veio e ninguém poderia me culpar por não deixá-lo ir embora tão cedo.

Era inevitável não considerar os piores cenários possíveis, especialmente aquele em que o agente corrupto de Anthony Muñoz descobria quem Dylan era, o que estava fazendo, e não hesitava em jogar seu corpo mutilado aos jacarés ou algo bárbaro muito próximo disso.

A única possibilidade que eu não queria considerar envolvia Dylan traindo nossos planos e me deixando sozinha no meio da máfia e do FBI, sem saber para onde ir, sem ter alguém de fora efetivamente disposto a me proteger. Ele não seria maluco de fazer isso comigo. Simplesmente não seria.

Se o tempo estivesse ao meu lado, tentaria ligar para Dylan até meu dedo cair, porque era o único naquela operação toda em quem eu confiava cegamente. Mas acontece que ele não estava disponível no momento em que eu mais precisava, em que o Capitão Rutherford e Lisbeth estavam em perigo, em que ele mesmo estava muito próximo de ser descoberto, em que os planos do FBI finalmente poderiam se concretizar, em que eu poderia me livrar daquele destino cruel em que tinha me enfiado...

E o tempo, definitivamente, não estava ao meu lado.

Era óbvio que um dos problemas não era se Tommy Garcia encontraria o Capitão Rutherford e Lisbeth, mas quando ele os encontraria. E se, diante disso, eles estariam preparados para lidar com uma ameaça tão perigosa como o assassino de aluguel de La Recocha.

Além do mais, eu tinha menos de 48 horas para tramar uma estratégia que envolvesse eu e minha mãe saindo vivas e os mafiosos saindo presos do encontro de mafiosos.

E já que Dylan não poderia me ajudar, só me restava uma única opção.

Era óbvio que eu não sabia se poderia confiar em Lisbeth, em especial uma informação daquela magnitude, mas, no final das contas, era para aquilo mesmo que eu estava ali, infiltrada na máfia, para vazar informações úteis ao desmantelamento das organizações. Eu não tinha muita escolha naquele momento. E se ela era sincera sobre as ambições dentro do FBI, não seria idiota de boicotar minha ideia. Seria a primeira a aderir, até mesmo porque, não fosse a minha delação, ela não estaria preparada para a chegada de um cara que tinha ordens para desfigurar seu lindo rosto de femme fatale.

Desvio de CondutaWhere stories live. Discover now