Dezenove - Sexo e Outros Problemas

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- Por essa eu não estava esperando, Panda. – a voz rouca dele falou do outro lado da linha.

Parecia que estava dormindo há algum tempo já. Olhei no relógio, era quase meia-noite. Parte de mim achou muito interessante ele estar dormindo num sábado à noite. Sozinho, talvez? Outra parte estava lisonjeada porque ele não hesitara em me atender. Mas a última, mais importante, estava aliviada, porque a salvação talvez estivesse a caminho. Bem rápido, de preferência.

- Nem eu, mas é meio que urgente. Preciso de você.

- Nossa, esperei tanto ouvir isso...

Minha risada saiu nervosa, enquanto eu andava desajeitada sobre os saltos, a pressa me levando até a saída da festa. Mostrou-se uma difícil tarefa, pois parecia surgir gente de todos os lados naquela casa, gente que não estava ali antes.

- Não é bem o que está pensando.

- Ah, que pena... – lamentou – Mas estou disposto a ajuda-la em qualquer coisa, se precisa de mim.

Sorri sem querer.

Dylan fofo era golpe duro, baixíssimo. Praticamente impossível para mim erguer uma boa estratégia de defesa, porque além de bunda mole, também era muito conhecida por ser coração mole. Aqueles olhos azuis da cor do mar do Caribe já amoleciam meu coração. E aquela voz rouca. O tom sempre muito atencioso dele – quando não estava sussurrando indecências no meu ouvido -. A junção de todos esses fatores era a derrota final para meu coração.

- Ótimo. O quanto está disposto a me ajudar? – perguntei quando alcancei o jardim lotado.

Algumas pessoas ainda estavam chegando e os flashes remanesciam pipocando em busca do melhor ângulo.

- Está mesmo disposta a me dever um favor, Panda?

- O que isso significa na cartilha de favores de Dylan Campbell? – desci as escadas e parei ao lado da fonte.

Meus olhos não paravam de varrer o local, muito atentos ao fato de que o cowboy brega talvez pudesse me seguir. E aí eu estaria bem ferrada. A lenga-lenga com Dylan não poderia se estender muito mais.

- Só que um dia eu vou cobrar. Talvez com juros, já que esse favor em específico envolve eu saindo da minha cama quentinha no meio de uma madrugada fria.

- Ainda não é nem meia-noite.

- Bem, parece que vai chover...

- Se o problema é a cama quente, acho que podemos resolvê-lo. – foi o que eu disse.

E dei um tapa em minha própria testa logo em seguida. Às vezes minha língua simplesmente falava, sem permissão, coisas que minha cabeça pensava em seus mais obscuros devaneios. Aquele filtro, ele estava em falta.

A reação de Dylan foi rir. A risada gostosa, divertida, relaxada, que me lembrava uma tarde de domingo ensolarada no parque, tomando sorvete, passeando com o cachorro.

- Estou topando qualquer coisa.

Bufei e respondi:

- Ótimo. Preciso que me busque em um lugar. Uma festa.

- Só isso?

- É em Boston.

- Ah...

- Mas, se ajudar a tomar uma decisão, talvez eu esteja correndo perigo? Você não vai adivinhar quem está por aqui...

-Quem?!

Dylan mudou de tom. Ficou grave, preocupado.

- Nosso cowboy favorito.

Desvio de CondutaWhere stories live. Discover now