Vinte - Conversas de Bar e Outros Problemas

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Eu costumava ler romances eróticos escondida quando era adolescente. Comecei logo depois de passar pela desilusão destrutiva com Hayden, durante meus dois meses sabáticos de recuperação. Ainda tão jovem, estive à beira da morte, de modo que encontrei um inusitado escape nesse novo hábito. De certa forma, projetava minha vida na daquelas mocinhas inocentes que encontravam o príncipe encantado fodedor que as pedia em casamento com duas semanas de relacionamento, depois de leva-las em um jatinho particular para Paris. Com um diamante Tiffany's, claro.

Nessa época, escondia de mim mesma que o que eu queria mesmo era me sentir como elas se sentiam quando transavam com o príncipe encantado fodedor pela primeira vez. Era um tipo de magia surreal, que as levava para um mundo mágico feliz e colorido, onde tudo era possível. Até mesmo um orgasmo na primeira vez. Nada de dor, apenas um prazer interminável, fogo entre as pernas que se tornava praticamente incontrolável. Então os personagens se transformavam em dois coelhos que se acasalavam a cada cinco minutos e viviam felizes para sempre depois de ter, sei lá, três filhos e uma casa de praia.

Uma bela perspectiva de vida.

Trevor, contudo, nunca me deu nada parecido com isso. Sexo com ele não era bater à porta do paraíso. Nem passava perto. Era algo meio monótono, automático. Sempre a mesma coisa, mesma sequência de atos, que culminavam, 99,9% das vezes, nele gozando e eu insatisfeita olhando para o teto enquanto o tinha desabado sobre meu corpo.

Com Hayden era melhor, mas na grande maioria das vezes não era 100% eu mesma, entorpecida que estava, de modo que não poderia dizer, com tamanha certeza, que ele sabia o que estava fazendo e que eu gostava, de verdade, do que ele estava fazendo.

Já Dylan Campbell...

Ah, maldito Dylan Campbell...

O príncipe encantado fodedor do romance erótico existia, tinha nome, sobrenome, músculos bem definidos e os olhos azuis mais lindos do mundo. E, claro, uma habilidade quase profissional, como a descrita pelas autoras nos livros. Bati à porta do paraíso, entrei, sentei no sofá sem ser convidada e ali permaneceria. Não sairia nem se fosse convidada a me retirar.

Ele não se jogou em cima de mim, exausto, como Trevor fazia. Nem levantou da cama e foi fumar um cigarro como Hayden fazia. Quando recuperei a consciência, encontrei Dylan deitado ao meu lado, muito próximo. Sua mão esquerda estava apoiada ao lado da minha mão direita. O braço esquerdo dava suporte para a cabeça. Um sorriso relaxado pintava seus lábios avermelhados. Queria beijá-los de novo, tocar a aspereza de sua barba. Contive minhas mãos ansiosas, entretanto. Virei a cabeça para admirá-lo, sem me preocupar com discrição. Quando notou que tinha minha total atenção, o sorriso deixou de ser relaxado. Era um misto de malícia com satisfação.

- Imaginei esse momento incontáveis vezes... – Dylan falou, ainda de olhos fechados, como se saboreasse por trás dele as lembranças do que acabáramos de fazer naquela cama – Minha imaginação jamais seria capaz de chegar minimamente perto da realidade.

Sorri no mesmo instante em que ele abriu os olhos e me encarou por meio do espelho do teto.

- É um prazer saber que correspondi às expectativas, senhor Campbell.

Ele virou para mim e respondeu:

- Minhas expectativas não faziam jus a você, senhorita Turner.

- Andou subestimando minhas habilidades sexuais?

Ele torceu os lábios.

- Só não achava que sexo poderia ser tão... Assim. – seu indicador apontou o espaço entre nós dois – Acho que tem outro significado para mim a partir de agora.

Desvio de CondutaWhere stories live. Discover now