Quarenta e Três - Saudades e Outros Problemas

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— De quanto tempo acha que precisa para tirar este vestido? — o sussurro grave foi ao pé de meu ouvido.

O arrepio veio e me tomou dos pés à cabeça, a reação já logicamente esperada a ele. O ar mudou, ficou mais denso, preenchido completamente por sua presença que me sufocava. Era a tal da saudade. Sorrateira, quase imperceptível, mas extraordinariamente cruel. Em vias de ser aniquilada, fazia meu coração sofrer mais do que nunca.

Virei o corpo para poder vê-lo, e o sorriso era inconfundível, mesmo escondido por uma máscara. Ele era puro pecado em seu smoking perfeitamente alinhado, sua gravata borboleta brilhante, seu cabelo penteado para trás, de uma forma que eu nunca tinha visto antes, mas sabia desde já que gostava muito. Os olhos eram dois diamantes lapidados reluzindo nos espaços entre a máscara. Sorri também, simplesmente porque ele o estava fazendo. Seria difícil controlar qualquer das reações de meu corpo a partir dali.

— Por que eu deveria tirar meu vestido para você? — perguntei.

— Por mais que eu adore vê-la nele, a visão do seu corpo nu é um paraíso do qual jamais abrirei mão.

Sua mão direita juntou-se à esquerda em minha cintura, agarrando-me sem pudor. Eu queria mais. Não estava preocupada com o fato de que alguém poderia ver Madison Turner ser agarrada em um canto isolado por um cara que ninguém sabia quem era. Eu só queria um pouco mais dele. Toquei seu peito com a ponta dos dedos, o sorriso adentrando ao mundo da malícia, para nunca mais voltar.

— E acha que é tão fácil assim me deixar nua?

— Não acho que seja fácil, pelo contrário. Mas não devemos fingir que não é a primeira coisa que você deseja que eu faça quando me vê.

Engoli em seco, perdi o rumo.

— O quê?

— Tirar sua roupa.

— Para quê?

Ele me puxou para perto, a ponto de nossos corpos estarem colados, nenhum espaço entre eles, e eu queria imergir ainda mais. Eu sabia que alguém poderia estar olhando, mas e daí? A ideia do proibido quase me fez suspirar. A boca dele buscou meu ouvido, e a voz foi a rouca sussurrada quando disse:

— Para te foder bem gostoso. Do jeito que você quer, com a minha língua pelo seu corpo, meu...

Levei a mão à sua boca, impedindo-o de continuar. Não podia suportar.

— Já entendi.

Ele riu.

— Então, quanto tempo?

— Se você me ajudar, não muito.

— E quanto tempo até alguém notar que você sumiu?

— Menos do que eu preciso para matar a saudade de você, provavelmente.

O sorriso que abriu ultrapassava a satisfação.

— Quanto tempo até que eu te faça gozar?

— Menos do que eles precisam para notar que eu sumi, provavelmente. — Meneei a cabeça, buscando o azul do Caribe — Por que tão obcecado com o tempo?

— Porque eu não aguento nem mais um minuto longe de você. — Outra vez ganhei um sussurrar próximo ao ouvido. Então ele inspirou com força em meu pescoço, deixando ali um beijo cálido. Era longe, longe demais e ainda não estava nem aí para isso. — Estou bastante tentado a estragar tudo e beijar você agora mesmo.

— Você não faria isso.

— Não desafie um homem louco por uma mulher. Ele pode ser capaz de fazer qualquer coisa para ficar com ela.

Desvio de CondutaWhere stories live. Discover now