Prólogo

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Posso me sentar aqui?

Tão inocente, tão simpático...

Eu deveria ter dito que não, ele não poderia se sentar ali. Havia outros lugares, ele poderia ter chegado mais cedo, ele poderia não estar naquela turma, ele poderia não estar em Harvard, ele poderia não ter nascido.

Seria mais fácil ter dito que não.

Pouco educado, mas providencial. Porque eu disse sim e sorri meu sorriso de "claro, não é como se tivesse escolha", aquilo estava acontecendo. Era o carma. O destino punindo pela minha... Infidelidade.

A palavra soou estranha na minha língua.

Substantivo feminino com 12 letras, qualidade de infiel.

INFIDELIDADE.

I-n-f-i-d-e-l-i-d-a-d-e.

Ainda estava tentando decidir se olhar e desejar ser fodida centenas de vezes por ele significava ser infiel. De qualquer modo, parecia feio. Quase como um palavrão. Soavam como palavras castas e inocentes quando as sussurrei para mim mesma. Vinham a calhar na situação, era o que eu poderia usar para descrever aquela cena.

Dezessete horas, trinta e dois minutos e alguns segundos de convivência e eu já estava toda errada... Eu não falava palavrão, vinha de uma família correta e orgulhosa demais, esse tipo de conduta era absoluta e terminantemente proibida. Também não desejava outros homens quando já havia um em minha vida. Era óbvio que nada daria certo a partir dali. A partir do momento em que eu notei que ele existia.

Foi naquela incomum manhã quente de agosto que o vi pela primeira vez. Incomum e nervosa. Acho que soube assim que coloquei os pés (talvez o esquerdo primeiro?) para fora da cama que aquele não seria um dia comum. E não foi. Foi um agitado e inesperado... O mais peculiar de toda a minha vida até ali.

Naquele momento, naquele em que bati os olhos nele distraidamente, apenas duas palavras passaram pela minha cabeça: lindo e encrenca.

Infidelidade veio depois. Bem pouco depois. Uns cinco minutos depois. Talvez dez?

Então eu já deveria saber.

Sim, eu deveria saber que aquilo aconteceria mais cedo ou mais tarde. Era típico de pessoas como ele, com a aparência dele, com a voz dele, com o ar de macho alfa dominador como o dele... Só que aconteceu cedo demais, de um jeito inesperado demais, confuso demais...

O que estava acontecendo ali, afinal?  

Perigoso.

Corra.

Meu inconsciente gritou em desespero. Mas eu não consegui. Eu não movi os pés do lugar. Estava hipnotizada por ele. E mal sabia que estava adentrando o caminho errado, o caminho sem volta.

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Desvio de CondutaWhere stories live. Discover now