Trinta e Quatro - Infiltrar, Investigar, Seguir, Reportar (parte III)

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Eu era um completo inútil.

Mackenzie teria vergonha se visse a situação em que me encontrava. O pior agente do FBI de que se poderia ter notícia em toda a sua honrosa história. Embora tivesse salvado minha missão da morte duas vezes, nada mais tinha sido realizado como deveria. Não fui capaz de nem sequer seguir as ordens que me foram dadas. Você está autorizado a seduzi-la, para fins da missão, repetira o Capitão Rutherford, quando me entregara a passagem de ida para Cambridge, no aeroporto de Boston. Não dissera nada sobre se apaixonar.

E era exatamente o que tinha acontecido.

Tentei, de todas as formas possíveis e imagináveis, ignorar aquela coisa monstruosa que crescia em meu coração cada vez que punha meus olhos sobre Madison. Todavia, além de péssimo agente do FBI, também era péssimo na arte de não me apaixonar por Madison Turner. Ela era irresistível. Linda, inteligente, decidida, forte, sagaz, engraçada, intensa, beijava como ninguém e fodia como uma deusa do sexo. O que eu, um pobre desavisado de tantas qualidades e talentos, poderia fazer, a não ser... Bem, me apaixonar. Madison era minha kryptonita, pronta para tornar-me inteiramente vulnerável, fazer-me ajoelhar aos seus pés e entregar tudo o que tinha em mim, em meu coração, porque não havia mais ninguém no mundo que poderia cuidar dele melhor do que ela.

Só aceitei essa realidade, entretanto, quando ela esteve muito próxima de se ferir de morte pela segunda vez. Na primeira, eu sabia que nutria algo poderoso dentro de mim. O susto foi grande, mas consegui respirar fundo, erguer a cabeça e seguir em frente. Porém, naquela maldita festa de noivado, enquanto lutava contra os ciúmes de vê-la ao lado de Trevor e a revolta pela forma como seu avô a expunha no palco na frente de todas as pessoas que conhecia, notei que respirar fundo, erguer a cabeça e seguir em frente, não seria tão fácil assim.

Entre o milésimo de segundo que meu cérebro levou para perceber a intenção daquele estranho que invadira a tenda e agir para evitar que ele atingisse seu objetivo, de fato, peguei-me pensando o que aconteceria se eu não conseguisse desta vez. A perspectiva foi terrível o suficiente para me impulsionar na direção dela, o suficiente para me dar coragem de me jogar na frente de uma mulher prestes a ser atingida por um tiro, para assumir a posição do cara que está pronto para entrar na frente de uma bala para proteger outra pessoa. Para proteger, sem hesitar, uma pessoa. Madison.

Essa realização, depois que o pior já tinha passado, e meu cérebro voltou a funcionar pautado apenas na razão, causou-me pânico. Pânico desenfreado. Aquele Mason era um desconhecido para mim. Ele nunca antes tinha dado as caras. E ele era assustador. Porque ele estava disposto a colocar a vida de uma mulher à frente da sua. Ele acreditava que a segurança, que a integridade física dela, eram muito mais importantes, valiam muito mais do que as suas próprias.

Era tarde demais para voltar atrás, para fingir para mim mesmo que aquela merda que fazia meu coração disparar a velocidades sobre-humanas com sua mera aproximação, que me fazia pensar em Madison 24 horas por dia, não era... Amor. Se não era amor, eu não saberia dizer o que era. Parecia forte demais, poderoso demais, verdadeiro demais, precioso demais, para não ser aquela porcaria de sentimento perigoso.

Eu nunca tinha sido do tipo que se apaixona. Eu era do tipo objeto de paixonite aguda de várias mulheres, porém, sempre incapaz de corresponder à altura. A única por quem meu coração tinha balançado, até então, fora Lisbeth. No entanto, não era minimamente parecido com aquela coisa que nutria por Madison. Meu coração não estava balançado, ele simplesmente não foi capaz de sobreviver ao furacão que Madison representou e caiu completamente nas garras dela, era todo seu, para fazer com ele o que quisesse.

E eu não sabia muito bem como agir a respeito.

A única certeza que tinha, era de que, indubitavelmente, precisava fazer alguma coisa para evitar que o plano do FBI fosse colocado em prática. Não suportaria vê-la correr o risco a que eles estavam disposto a expô-la. Não conseguiria aceitar essa condição. E era o único que achava que era um absurdo, o único que queria fazer alguma coisa a respeito, que não tinha esperanças de que aquela ideia absurda fosse resultar em alguma coisa produtiva.

Desvio de CondutaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora