Trinta e Cinco - Confrontos e Outros Problemas (parte 1)

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Eu te amo.

Eu te amo.

Eu te amo.

Eu tinha milhões de problemas para resolver, mas, por algum estranho motivo, só conseguia pensar na declaração de amor mais linda, intensa e verdadeira que já tinha ouvido na minha vida.

E era para mim.

De Dylan.

Mason Dylan Carter.

O deus grego.

O agente do FBI mentiroso.

O agente do FBI que salvara minha vida duas vezes.

Aquele que fazia minhas pernas tremerem e meu coração disparar cada vez que olhava para mim. Que me tocava. Que me beijava. Dono de meus pensamentos desde o primeiro instante em que o vi. Dono de meu corpo desde a primeira vez em que me tocou.

Ele me pegou de surpresa. Depois de ter jogado na cara dele que transei com o professor Vidal, daquela forma tão rude, seca, cruel, a última coisa que esperava receber em troca era um eu te amo.

EU TE AMO.

Talvez eu tivesse levado Dylan ao limite. Talvez tudo fosse tão intenso, que ele não soubesse mais o que fazer, talvez tivesse perdido o controle de tudo, inclusive dos sentimentos que sabia que não poderia ter por mim. Mas ele tinha. E pareciam verdadeiros. Verdadeiros o suficiente para me fazerem suspirar só de lembrar das três palavrinhas. Do tom sôfrego de sua voz. Do modo como o azul do Caribe estava tempestuoso. Do ritmo acelerado de seu coração sob a minha palma. De como a mão dele estava fervendo sobre a minha. De como sua respiração desesperada misturava-se à minha. Da forma com que seus lábios se moveram para formar o eu, então o te e, por fim, o amo. Simples assim, natural assim, autêntico assim. Separadas, as palavras talvez não provocassem qualquer efeito, mas juntas, ditas com tamanha intensidade, poderiam provocar um desastre.

E foi o que aconteceu.

Meu coração, minha alma, meu corpo, tudo estava devastado. Completamente devastados.

Uma barreira foi ultrapassada, uma barreira enorme, construída com afinco por meu subconsciente com medo de me envolver com o cara ridiculamente lindo que sentou ao meu lado na aula de Direito Constitucional e achou que seria engraçado bisbilhotar minhas anotações e depois me apelidar de panda.

E ele só precisou de três palavrinhas.

Era bem verdade que eu não sabia o que fazer sobre isso. Estava bem óbvio que eu tinha sentimentos muito fortes por ele, sentimentos que eu não tinha mais como ignorar, apesar de meus desejos pelo professor Vidal. O cara era a expressão perfeita de um deus latino (e do sexo também, por que não?), não havia muito o que meus hormônios pudessem fazer a respeito. Eles estavam estragados depois daquela noite na cobertura do trigésimo andar do prédio pretensioso do bairro chique de Cambridge. Uma experiência como aquela jamais se repetiria na minha vida. Nem mesmo o próprio professor Vidal poderia me dar aquele nível de prazer novamente.

No entanto, tudo com Dylan era diferente, tudo nele era diferente de qualquer homem com quem já tinha estado. Não tinha sorriso igual, não tinha voz igual, não tinha aparência igual, não tinha beijo igual, não tinha sexo igual. Ele me fazia sentir a rainha de seu mundo, a pessoa mais importante da face da Terra. Eu queria aquilo para sempre. Ninguém mais poderia me dar, apenas Dylan.

Independentemente dessa constatação, eu estava perdida. E não era por menos. Dylan Mason ainda era o agente do FBI. Ele ainda era o cara que estava em Harvard atrás de mim, pago apenas para me convencer a aceitar fazer parte de um plano mirabolante e irreal do FBI. E, a despeito de sua declaração, a despeito de ter me salvado de dois tiroteios, ainda não era 100% digno de minha confiança. Eu precisava de tempo. Eu precisava parar e raciocinar, ser fria e calculista, analisar a situação que me rodeava com imparcialidade. E inteligência. Porque:

Desvio de CondutaWhere stories live. Discover now