Sessenta e Um - Mason Dylan Carter e Outras Soluções

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— Será que ainda preciso perguntar que porra está acontecendo aqui? — minha voz saiu muito mais contida do que eu teria imaginado, dada a circunstância.

A insinuação ficou no ar por cinco ou dez segundos, até que minha mãe, como já era de se esperar, tomou as rédeas da situação.

— Eu pediria para você se sentar, porque temos muito a conversar, mas acho que não temos tanto tempo.

A fala de minha mãe foi arrematada por uma sinfonia de tiros que, ali no primeiro andar, parecia muito mais próxima de nós do que poderia ser seguro.

Não, não tínhamos tempo. E àquela altura, eu nem sequer queria saber o que ela estava aprontando, só queria ter a chance de dar o fora dali com Dylan. Ambos vivos, de preferência. Porque de uma coisa eu tinha certeza: ela não tinha feito nada do que eu poderia me orgulhar.

— Tem razão, Linda. Não temos tempo — Paco soltou em seu tom sempre muito pedante. — Vamos cair fora, pode dividir tudo com sua filha depois.

— Paco... Você por acaso conhece minha filha melhor do que eu? Madison não vai nos ajudar se não souber exatamente o que está acontecendo aqui.

— Isso é verdade. — Assenti de meu canto, acuada, embora houvesse certa sensação de segurança causada pela enorme presença de Dylan ao meu lado.

Olhei para ele de esguelha, para ter certeza de que estava acompanhando aquela palhaçada junto comigo, de que eu não estava delirando. Mas os olhos dele estavam muito perdidos pelos inúmeros títulos da biblioteca para se importar com minha surpresa a respeito de minha mãe. Provavelmente procurando pela edição de colecionador de O Conde de Monte Cristo.

Paco bufou, inconformado. Martina e Yolanda também não pareciam muito pacientes.

— Tudo está desmoronando, Linda, não podemos nos dar ao luxo de sermos descobertos — disse Martina, mudando o peso do corpo de um pé para o outro.

— Ninguém chegará. As únicas pessoas que sabem da saída pela biblioteca ou estão mortas ou já estão aqui — minha mãe resmungou em resposta.

— Quem não pode descobrir o quê?! — questionei de supetão. — Mãe, o que está acontecendo?!

Ela suspirou, antes de finalmente me responder:

— Bem, Maddie, é uma longa história.

— Resume, você consegue. — Um sorriso cínico escapou de mim.

Outro suspiro precedeu mais uma declaração vaga demais para o meu gosto:

— Você sabe como o Legado e La Recocha causaram muitos problemas...

— Ah, jura? Curioso você fazer essa observação sobre duas organizações criminosas.

Paco riu. Martina balançou a cabeça. Yolanda me lançou um olhar de repreensão. Dylan continuou a vasculhar os livros com os olhos. Minha mãe prosseguiu com muita paciência:

— Além dos problemas ordinários que organizações criminosas podem causar, atrapalharam a minha vida, a sua, a de seu pai, e também dos três irmãos aqui presentes. Não só deles. Há um número considerável de pessoas envolvidas tanto em La Recocha como no Legado Vermelho que estão infelizes com a forma como as coisas estão sendo levadas até agora...

— E daí?

— E daí que eu tive a oportunidade de entrar em contato com essas pessoas quando estava em Nova York e depois que vim para cá.

Finalmente consegui juntar 2+2, mas me recusei, por um instante, a acreditar que minha mãe tinha sido capaz de fazer o que eu estava pensando.

— Mãe, o que foi que você fez? — foi a minha vez de fazer aquela pergunta retórica.

Desvio de CondutaWhere stories live. Discover now