Cinco - Dylan Campbell e Outros Problemas

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Fiz menção de continuar a caminhar, como se não tivesse ouvido o chamado, como se Imogen já não tivesse visto que ele vinha em nossa direção, como se ela não estivesse dando um mini ataque por conta disso... Mas ela me impediu. Segurou minha mão e me obrigou a ficar ali, vivendo aqueles poucos segundos de tortura que ele levava para chegar até nós.

-Fica aí, Panda. – Imogen disse, um riso divertido em sua voz.

Revirei os olhos, impaciente. Não queria ter que lidar com aquilo tão cedo. Preferia bater a cabeça repetidas vezes contra a parede a ter que passar por aquele momento. Especialmente porque agora minha amiga sabia da existência daquele apelido imbecil, e faria da minha vida um inferno por conta disso.

-Olá. – ele cumprimentou, e pelo tom de sua voz eu poderia jurar que sorria daquele jeito que abalava seriamente minhas estruturas.

Eu ainda estava virada de costas, mas não pude mais adiar o momento em que daria atenção a ele, porque eu ainda era uma pessoa muito educada, no final das contas.

-Olá, estranho. – Imogen foi quem falou primeiro, um tom cheio de malícia.

Meus olhos reviraram sozinhos mais uma vez, então finalmente resolvi participar da conversa.

-Você poderia, por favor, não me chamar de Panda no meio da porcaria do campus?

Ele e Imogen riram em uníssono, uma plateia maravilhosa para um stand up de Madison Turner.

-Eu poderia, mas não seria tão divertido... – ele piscou.

Pude jurar que minhas pernas vacilaram por um segundo. O aperto de Imogen em minha mão se intensificou. Queria gritar pra ela "é, eu sei o que esse cara causa nos hormônios femininos, não precisa quebrar minha mão!", mas me contive.

-O que você quer? – perguntei, de mau humor.

-Fazer outro favor. – deu de ombros e tirou a mão que estava atrás das costas aquele tempo todo de lá. Minha edição especial de Garota Exemplar estava em seu poder – Você esqueceu seu livro mágico que dá pra ler de cabeça pra baixo.

Bufei e peguei o livro de sua mão.

-Obrigada. – disse entre dentes.

-Você saiu da sala meio nervosa e o deixou para trás... – ele explicou, numa clara intenção de estender o assunto. As mãos foram se esconder no bolso de sua calça, uma atitude que notei ser característica dele.

-Por que estava nervosa, Maddy? – Imogen entrou na conversa, os olhos de lince esverdeados faiscando em segundas intenções na minha direção.

Ela sabia o motivo, eu sabia que sim. Aquele estranha habilidade que ela tinha de ler minha mente e prever minhas atitudes...

Quis praticar vários tipos de tortura chinesa contra ela naquele momento.

-Eu não estava... – suspirei longamente – Só esqueci o livro, está bem? Meu querido colega o encontrou e fez a gentileza de me entregar, eu agradeci, pronto, já podemos ir embora.

-Você não vai me apresentar ao seu querido e muito gentil colega de classe? – ela continuou.

Uma câmara de gás seria pouco para Imogen.

O deus grego sorriu e eu senti vergonha por nem ao menos saber seu nome. Ele havia invadido meus sonhos, eu o havia beijado neles, ele havia feito comigo coisas tão prazerosas que quase pareceram reais, e eu não sabia seu maldito nome. Tinha a impressão de que não seria de verdade, apenas fruto de minha imaginação mais erótica, enquanto a causa de meus problemas de infidelidade não tivesse nome. A partir do momento em que eu soubesse, parecia que tudo estaria perdido.

Desvio de CondutaWhere stories live. Discover now