Cinquenta e Quatro - Agente do FBI Corrupto e Outros Problemas

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Eu não queria entrar no escritório de Anthony Muñoz.

Na verdade, não queria fazer muitas coisas que vinha fazendo nos últimos dias, como, por exemplo, tentar matar um homem. Mas, especialmente, daria um braço para não ter que estar naquele ambiente, naquele momento, com aquele aparente agente corrupto do FBI, que poderia ou não conhecer Dylan. Que poderia ou não colocar todo o nosso mundo a perder. Uma lembrança, uma mísera e insignificante lembrança, uma conexão entre o rosto de Dylan e o prédio do FBI em Los Angeles, e a confusão estaria armada. Como já deveríamos prever que poderia acontecer a qualquer momento. Só... Bem, tinha acontecido cedo demais.

Depois de tanto hesitar, resolvi que era melhor entrar lá de uma vez. Uma sessão de autoflagelo parada do outro lado da porta, com a mão na maçaneta, era uma péssima ideia, porque corria o sério risco de ser levada à loucura por todas as paranóias que minha cabeça era capaz de orquestrar.

Assim, bati na porta e não esperei que minha entrada fosse autorizada. Aparentando confiança, tranquei-me dentro do escritório do chefe de La Recocha com ele, seu agente do FBI corrupto, e seu braço direito que não tirou os olhos analíticos de cima de mim. O próprio agente do FBI demonstrou particular interesse, muito embora o interesse parecesse muito mais curioso do que desconfiado. Mantive-me impassível, esperando que qualquer deles desse o pontapé daquela conversa, rezando para que tivesse a ver com qualquer assunto, com qualquer pessoa, que não meu agente infiltrado do FBI.

Mi hija, juntou-se a nós a tempo. — Foi Muñoz, obviamente, com um sorriso largo no rosto, quem tomou a iniciativa. Porque ainda era quem mandava por ali, mesmo diante da presença de uma autoridade.

Uma autoridade que provavelmente era paga por ele para facilitar sua vida.

Assenti em resposta, aguardando uma instrução. Não estava em condição de tomar iniciativas, ainda dopada pelo pânico causado pela presença daquele infeliz agente do FBI.

— Gostaria de apresentar a você Colin Hughes, agente especial do FBI no Estado da California e, é claro, nosso grande colaborador. — Ele apontou para o homem, que ainda me observava com curiosidade.

Deixei que meus pés me levassem até ele e, com um sorriso tão fingido que Vidal teria orgulho de mim, cumprimentei o agente mediante um forte aperto de mão. Quando ele me soltou, sentei-me na cadeira disposta ao seu lado, em frente a Muñoz e a Vidal, que guardava sua posição um passo atrás da cadeira de seu chefe. Ele ainda não tinha parado de olhar para mim, o que estava começando a ficar mais desconfortável do que o normal. Diante da minha situação, entretanto, sabia que não tinha forças para confrontá-lo. Nem queria. Precisava guardar minhas energias para o agente do FBI corrupto.

— É um prazer conhecê-la, senhorita Madison, já ouvi muito sobre a senhorita. — Colin finalmente falou.

Assenti.

— O prazer é todo meu.

— Foi Madison quem descobriu que um irmão próximo estava trabalhando em benefício do FBI, Colin. — Muñoz tomou as rédeas da conversa para si novamente.

O agente encostou seu corpanzil na cadeira e cruzou os braços. O cenho estava franzido quando respondeu:

— Curioso, Muñoz. Não previ qualquer movimentação dentro da Califórnia em seu desfavor.

— Aparentemente, ele não estava traindo a família há muito tempo, e só conseguiu atrapalhar um de nossos negócios, o carregamento de que falei para você outro dia. Para nossa sorte, Madison estava atenta e desconfiou no momento certo da implicância do irmão em relação a ela. É claro, La Recocha precisa contar com um pouco de sorte vez ou outra.

Desvio de CondutaWhere stories live. Discover now